Volatilidade elevada
Os mercados financeiros globais continuam com uma volatilidade elevada e, em grande parte, seguindo noticias específicas de cada classe de ativo e região. Enquanto a bolsa americana vem digerindo uma temporada de resultados corporativos menos robusta do que no passado, as bolsas na Europa apresentam um suporte maior proveniente das recentes medidas de afrouxamento monetário divulgados pelo ECB. As bolsas dos países emergentes operam a mercê de notícias locais. O USD continua sua trajetória de ascensão, com os investidores ainda digerindo a possibilidade de uma alta de juros por parte do Fed ao longo deste ano. O mercado global de juros, por sua vez, apresenta desempenho positivo, com uma quantidade cada vez maior de bancos centrais adotando postura mais branda, com cortes de juros, injeções de liquidez ou apenas a perspectiva de juros mais baixo por um período de tempo mais prolongado do que o anteriormente antecipado. Finalmente, as commodities mostram uma trajetória descendente, com a perspectiva de um menor crescimento ao redor do mundo mas, em especial, por parte da China.
Não vejo mudanças substâncias de cenário para que este ambiente seja alterado significativamente. De qualquer maneira, alguma dessas tendências já perdura por um tempo prolongado, e após apresentar movimentos rápidos e acentuados, como caso do USD e das commodities. Assim, não podemos descartar, em algum momento, uma acomodação destas tendências, mesmo que pontual.
Na agenda do dia o Employment Cost Index (ECI) e o PIB do 4Q nos EUA podem ser determinantes para a dinâmica de curto-prazo dos ativos de risco.
Brasil – A Ata do Copom deixou espaço para que o BCB tenha flexibilidade nas suas próximas decisões de política monetária. A linguagem do texto deixa claro que o ciclo de alta de juros ainda não se encerrou, mas que altas adicionais tendem a serem menos intensas do que os movimentos que já foram efetuados nos últimos meses, ou seja, este ciclo de ajuste já estaria próximo do fim. Alguns novos trechos do documento dão uma sensação, na minha visão, um pouco mais dovish à visão do BCB no tocante a economia. No que diz respeito ao cenário econômico, o IGP-M de janeiro ficou levemente acima das expectativas do mercado, em grande parte ainda puxado pelos reajustes administrados do IPC e pela alta, que tende a ser sazonal, de alguns itens como alimentação. As Coletas do IPCA de curto-prazo mostram uma inflação elevada em janeiro, em torno de 1.20%, mas dentro das expectativas do mercado. Os dados fiscais fechados de dezembro serão divulgados hoje, mas o setor público, cujo o resultados foi anunciado ontem, mostrou forte decepção em dezembro. Acredito que Levy e sua equipe terão um longo caminho a percorrer nesta frente, mas os números de dezembro ficarão para o passado e tendemos a ter dados mais positivos de agora em diante. Finalmente, a Taxa de Desemprego de dezembro recuou de 4.8% para 4.3%, abaixo das expectativas do mercado. A despeito da aparente força do mercado de trabalho, abertura mostra um quadro de piora no emprego e queda da força de trabalho, com evidente deterioração dos rendimentos e da criação de emprego. Esta tendência deve prevalecer e até mesmo de intensificar, nos próximos meses.
Grécia – Os ativos do país operam em tom menos negativo hoje. As negociações entre a Troika e o novo governo tiveram inicio e crescem as esperanças de que uma solução seja encontrada para que a ajuda financeira recebida pelo país continue a ser enviada ao novo governo eleito. Contudo, os riscos ainda existem e devem ser monitorados.
EUA - O Jobless Claims apresentou forte queda na ultima semana. A despeito de uma volatilidade maior nesta época do ano, o numero continua em patamar consistente com um emprego robusto no país. Os dados de confiança do consumidor confirmam está tendência. Caso os números continuem nesta toado, não podemos descartar que o Fed tenha a confiança de começar a promover um processo gradual de alta de juros ainda no meio deste ano. A chave para isto ficará por conta dos próximos indicadores de salários, renda e inflação. Assim, o ECI que será divulgado hoje, ganha importância redobrada.
Europa – A inflação de janeiro divulgada pela Alemanha ontem mostra um quadro preocupante de desinflação. A despeito de um crescimento relativamente na região, a inflação continua se mostrando o fiel da balança, o que deve manter o ECB agressivo no tocante a sua política monetária no horizonte relevante.
China – O país vem mostrando poucos desenvolvimentos macro nas ultimas semanas, mas o governo tem atuado de forma micro com o intuito de evitar novas rodadas especulativas no mercado de renda variável. O crescimento do país continua a preocupar, mas não temos novas evidencias de desaceleração adicional da economia neste momento.
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