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Mostrando postagens de dezembro, 2014

Brasil: Começa o ajuste fiscal

Brasil -  Os dados fiscais de novembro, divulgado ontem, foram tenebrosos, não apenas apresentando déficit primário no mês, mas muito aquém das expectativas do mercado. De qualquer maneira, a notícia pode ser lida de forma positiva, pois pressupõe o começo do fim da contabilidade criativa utilizada pelo governo nos últimos anos. O ano de 2014 já está ficando para trás. As notícias negativas já são um fato, mas o futuro parece reservar contas públicas mais transparentes e um ajuste fiscal crível. No final da segunda-feira, o governo anunciou as tão esperadas (e ventiladas) medidas de contenção de gastos em áreas como Seguro Desemprego, Pensão por Morte e Abono Salarial. As medidas preveem economia de cerca de R$18bi por ano ou em torno de 0.3% do PIB. As medidas estão longe de serem resoluções definitivas para as contas públicas brasileiras, mas certamente são um começo promissor para a nova equipe econômica. Além disso, nas últimas semanas, e ratificado pelo Relatório de Inflação

Feliz Ano Novo!

A despeito de eu ainda estar ausente do dia-a-dia dos mercados até a primeira semana de janeiro de 2015, acho válido fazer um breve resumo dos últimos eventos. De maneira antecipada, desejo a todos um  Feliz Ano Novo! A narrativa do cenário econômico mundial não mostrou grandes alterações na última semana e, exceto por alguma novidade muito relevante no horizonte, dificilmente irá se alterar até a primeira semana de janeiro. Neste ambiente, os mercados financeiros globais seguem com baixa liquidez e sem uma direção clara, exceto pela continuidade de algumas tendências que vigoraram durante todo o ano de 2014, como o USD forte e o bom desempenho das bolsas dos países desenvolvidos, em especial nos EUA. Brasil –  A crise na Petrobras e as dificuldades políticas de Dilma na montagem de seu novo ministério são dos destaques dos últimos dias. Ainda parece cedo para termos uma noção concreta do real impacto da Operação Lava-Jato sobre o cenário econômico local, mas parece certo que

Feliz 2015!

Este será o último “Mercados Globais” deste ano. Desejo a todos um excelente 2015! Espero poder contar com a paciência de vocês, assim como as sempre válidas trocas de visões e ideias, especialmente quando são divergentes e contrárias àquelas apresentadas neste fórum. A troca de informação faz parte de um processo construtivo de elaboração de cenários e, muitas vezes, desses nossos “bate papos” surgem novas percepções, novos ângulos de análises e um melhor entendimento do cenário econômico global. Agradeço a todos por essa interação. Que 2015 nos reserve um ambiente de menor incerteza, maior previsibilidade e com tendências mais claras nos ativos de risco. EUA -  O Fed ontem atuou dentro do  script  que já vinha se desenhando há algum tempo. Apesar do comunicado, e das revisões nos  dots,  terem sido mais  dovish  do que as expectativas, a coletiva de imprensa de Yellen tratou de afastar esta percepção. Especialmente por Yellen sinalizar que “patient” é sinomino de “a couple of me

FOMC

Os ativos de risco operam essa manhã na expectativa da reunião do FOMC a ser divulgada no final da tarde de hoje. A despeito de alguns sinais incipientes de estabilização nas bolsas norte americanas, os sinais de fragilidade ainda são evidentes. O Petróleo continua operando em baix, próximo a $54. O RUB deprecia 2%, mesmo com as evidencias de intervenção do governo no mercado de câmbio ao longo do dia. O USD opera em alta ao redor do mundo, na expectativa de que o FOMC irá promover alterações em seu comunicado a fim de sinalizar o começo de um processo de alta de juros em algum momento do ano que vem. Na Ásia, as bolsas tiveram uma quarta-feira mais positiva, lideradas por mais um dia de alta nos mercados chineses. Na agenda do dia, destaque para o CPI e para a decisão do FOMC nos EUA. No Brasil o dia será de agenda esvaziada. Brasil – Devido aos frágeis fundamentos locais e aos escândalos na Petrobrás, que trazem um caráter de incerteza ao cenário econômico local e a condição

Fed e Rússia

Acho válido fazermos uma breve comparação do cenário atual com aquele verificado em agosto/setembro de 1998, quando eclodiu a primeira crise da Rússia. Naquele momento, os juros nos EUA eram de 5.50%. O Fed decidiu por reduzir as taxas em 25bps, e acabou fazendo um ciclo total de 75bps de queda de juros nos meses subsequentes. Fazendo uma breve leitura das Minutas daquela reunião do FOMC do setembro de 1998 (vide abaixo), observamos um cenário muito parecido com o atual. Uma diferença relevante é que, naquele momento, o Fed tinha “munição” para utilizar, leia-se, baixar os juros. Hoje, a crise na Rússia parece menor, e muito mais contida do que em 1998 (pelo menos por enquanto). Contudo, a “munição” do Fed é muito menor já que os juros já estão a zero e o QE vem perdendo potencia a algum tempo. Em suma, dado os últimos desenvolvimentos ao redor do mundo, o Fed pode se dar ao luxo de manter as condições monetárias expansionistas e, inclusive, manter o “ considerable time ” no comun

Crise EM, Juros e Brasil

Em 2008, passamos por uma situação parecida com a atual. Contudo, guardada as devidas proporções, a Hungria, ao invés da Rússia, acabou sendo o trigger para uma reprecificação da curva local de juros. Naquele momento, o BCB já vinha em um processo gradual de alta de juros. Quando a Hungria elevou os juros inesperadamente, acabou acarretando uma forte reprecificação da curva local de juros. Na época, tivemos dois dias de limite de alta nos juros Brasil. Alguns meses depois, a crise se mostrou deflacionaria, o que acabou proporcionando espaço para os BC’s EM promoverem um processo global de queda de taxas de juros. A diferença que vejo hoje, daquele período, é basicamente o embrião da crise. Hoje na Rússia, um país EM, e naquele momento, nos EUA. Além disso, os fundamentos de muitos EM, o Brasil, inclusive, parecem hoje muito menos robustos do que em 2008. De qualquer maneira, acho que o BCB tem espaço para evitar um processo mais agressivo de alta de juros enquanto o BRL não perde

Estabilização do crescimento na Europa

Alguns números mais positivos de confiança na Europa essa manhã estão ajudando a dar suporte às bolsas dos países desenvolvidos, assim como a um movimento de “ short squeeze ” no EUR. O Markit Composite PMI na  Área do Euro  subiu de 51.1 para 51.7 pontos em dezembro, acima das expectativas do mercado de 51.5 pontos. Na  Alemanha , o ZEW – um dos mais importantes indicadores de confiança de toda a região – subiu de 11.5 para 34.9 pontos em dezembro, acima das expectativas de 20.0, e o maior patamar desde maio deste ano. Os números divulgados hoje reduzem o risco de mais uma rodada de desaceleração na Europa. O crescimento da região continua baixo e preocupante. Contudo, a estabilização apresentada em dezembro pelos últimos números, mostram um crescimento ainda estável, em torno de 1%-1.5%. O receio que existia no mercado era de que a economia global pudesse estar entrando em uma nova espiral de desaceleração, cenário que está sendo refutado pelos números na Europa e nos EUA. Os países

Rússia

Mesmo após uma medida ortodoxa e agressiva por parte do CBR na  Rússia , que elevou os juros em 650bps para 17% na tentativa de conter a escalada de depreciação do RUB, os mercados no país continuam mostrando sinais de fragilidade. Após uma abertura positiva, o RUB já deprecia 3% neste momento, com a bolsa caindo 12% e os juros de 1 anos abrindo 250bps para 18.5%. A queda de 2% no preço do  petróleo  essa manhã, operando próximo aos $54, está ajudando a manter o humor global a risco em estado de alerta. Estamos chegando em um ponto em que a queda no petróleo está induzindo uma pressão mais agressiva nas demais commodities, e levando a um cenário ainda mais negativo para os ativos de risco. Os primeiros sinais de  stress  começaram a surgir no mercado de crédito corporativo. Agora, já vemos sinais de fragilidade no mercado de dívida soberana nos países EM e produtores de commodities (CDS 5yrs de Brasil opera a 250bps!) e já afeta o mercado de equities globais de maneira mais incisi

Sinais de estabilização

Os ativos de risco estão apresentando sinais de estabilização essa manhã, com o petróleo liderando o movimento. Após cair quase 3% na abertura de ontem a noite, o petróleo apresenta alta superior a 1% neste momento, o que está ajudando a dar sustentação as bolsas dos países desenvolvidos, assim como favorecendo um leve movimento de abertura de taxas de juros nos EUA e no núcleo da Europa. O USD ainda opera predominantemente em alta ao redor do mundo, com as commodities metálicas sobre pressão a despeito da alta no petróleo. A agenda do dia será agitada, com IBC-Br no Brasil. Nos EUA, destaque para o Empire Manufacturing, Industrial Production, NAHB Housing Index e TIC Flows.

Petróleo

A semana passada marcou a confirmação da queda no preço do petróleo como canal condutor de um movimento de “risk-off” mais acentuado e correlacionado ao redor do mundo. As posições mais consensuais do mercado, como Long Credit, Long DM Equities, Long USD, Short US Bonds, foram às classes de ativos mais afetadas pelo movimento no preço do petróleo e pelo ajuste de posições verificado ao longo da semana. O período de final de ano, onde a liquidez é naturalmente mais reduzida e a propensão a tomar risco é menor, acabou acentuando o movimento. Como venho comentando neste fórum há algumas semanas, ainda não vejo motivos para alterar o cenário de longo-prazo para a economia global e os mercados financeiros mundiais. Contudo, existia um senso de leniência por parte dos ativos de risco que precisava ser ajustado frente ao acumulo de riscos ao cenário de curto-prazo (petróleo, Rússia, menor crescimento na China, possível alta de juros nos EUA entre outros). Acredito que estamos no meio des

Petróleo

A rápida e acentuada queda no preço do petróleo voltou a ditar a dinâmica dos mercados globais nos últimos dias. Com o petróleo operando em torno de $59 essa manhã, estamos vendo mais uma rodada de queda nas bolsas mundiais e no preço das demais commodities. O USD opera em queda e as taxas de juros nos EUA apresentam fechamento de taxa. O JPM fez uma interessante análise do potencial condutor de contágio das empresas produtoras de petróleo para um movimento de “risk-off”  nos ativos de risco: For crude the story hasn’t changed  – the market is suffering from a severe supply problem that won’t be alleviated anytime soon .  A slew of US oil companies have provided capex/output guidance for ’15 lately and the message has generally been consistent:   output is still heading up (albeit at a smaller rate) even as spending gets cut .  Meanwhile, OPEC doesn’t exert the same type of control it once did (something highlighted in this London Telegraph article   http://goo.gl/n2iuTJ ).    Cle

Alguns eventos relevantes essa manhã.

Brasil – A Ata do Copom reforçou a mensagem do comunicado e das últimas declarações de Tombini e Carlos Hamilton. O viés e de que o ciclo adicional de alta de juros não precise ser muito extenso. Um fiscal mais restritivo, um crescimento mais brando e a expectativa de um período de declínio da inflação em 2015 são alguns dos argumentos apresentados na Ata. Rússia – O CBR elevou os juros em 100bps para 10,5%, muito abaixo do que a curva local de juros precificava. Acho uma estratégia arriscada. Existe um grande risco do mercado testar o CBR no RUB. Europa – A TLTRO apresentou demanda de EUR$130b, levemente abaixo das expectativas de $150-$200b. A probabilidade do ECB precisar expandir os ativos do seu QE privado para levar seu balanço aos níveis de 2012 crescem a cada novo dia. Noruega – o BC local reduziu os juros, inesperadamente, em 25bps. A reação já é um efeito direto da queda no preço do petróleo, do baixo crescimento e da inflação baixa, cenário muito parecido ao qu

Risk-off

A quarta-feira foi de “risk-off” generalizado e mais coordenado, após mais uma rodada de queda no preço do petróleo acabar levando a um movimento mais acentuado nas demais classes de ativos, especialmente nas bolsas norte americanas. O MS resumiu bem o que está acontecendo no atual cenário: Risk-off becomes a topic.   Markets have reached a new stage with falling commodity prices denting risk appetite. Investors have become increasingly worried that declining revenues of commodity producers could increase solvency risks within this industry. The US high yield market has lost further ground as bonds issued by the US oil producers have come under renewed selling pressure. Banks with known oil sector exposures are not faring any better. Venezuela, which is one of the most vulnerable oil producers, saw its 5y CDS widening from the 2104bp low on November 21 to nearly 4000bp yesterday. A provocative statement by Saudi Arabia’s oil minister quoted by Bloomberg: “Why should I cut producti

Petróleo, China e Rússia

O petróleo cai 2% esta manhã, e faz um novo low para este ciclo econômico, a $62.5, puxando as demais commodities para baixo, com destaque para queda de 1% no cobre . A China agora é uma grande exportadora de deflação para o mundo, com desdobramentos não desprezíveis para a economia mundial e os mercados financeiros globais, especialmente aqueles dependentes da demanda chinesa. Na Rússia , a despeito do movimento no petróleo hoje, a quarta-feira está sendo de ajustes de posições, com forte queda nos swaps de 1 anos (caem entre 200bps e 250bps), leve alta da bolsa (+1%) mas com o RUB estável.

Desinflação na China

Os ativos de risco estão passando por um período claro de ajustes de posições. O  price-action  dos mercados ontem demonstrou que as posições consensuais dos últimos meses começaram a mostrar desempenho pífio, causando movimentos mais acentuados e descorrelacionados em todas as classes de ativos ao redor do mundo. Como comentei neste fórum onte,  “os riscos e ruídos de curto-prazo para os mercados financeiros globais estão se acumulando. Em um período de final de ano, onde a liquidez é escassa, e a propensão a tomar risco naturalmente menor do que no resto do ano, o aumento da incerteza está levando a um movimento de perda de correlação dos ativos e claro movimento de redução ou zeragem de posições.” Ratifico minha visão de que  “não há mudança substancial de cenário que justifique uma alteração drástica das tendências que vinham se desenhando já há alguns meses (USD forte, abertura de taxa de juros nos EUA, queda no preço das commodities, entre outras). Contudo, alguns riscos de

Riscos estão se acumulando

Os riscos e ruídos de curto-prazo para os mercados financeiros globais estão se acumulando. Em um período de final de ano, onde a liquidez é escassa, e a propensão a tomar risco naturalmente menor do que no resto do ano, o aumento da incerteza está levando a um movimento de perda de correlação dos ativos e claro movimento de redução ou zeragem de posições. Assim, estamos vendo, desde ontem, um movimento de queda nas bolsas, especialmente nos países desenvolvidos. O USD está mais fraco, com as commodities em leve alta e os bonds norte americanos apresentando fechamento de taxa. Na minha visão, não há mudança substancial de cenário que justifique uma alteração drástica das tendências que vinham se desenhando já há alguns meses (USD forte, abertura de taxa de juros nos EUA, queda no preço das commodities, entre outras). Contudo, alguns riscos de curto-prazo não podem ser ignorados, assim como a posição técnica ruim de algumas classes de ativos. Neste ambiente, recomendo uma cautela

Rússia

Com o petróleo caindo 3.5% neste momento, voltando aos lows de $63.5 atingidos a alguns dias atrás, a Rússia volta ao foco como um risco real e crescente para a economia mundial e os mercados financeiros globais. Os juros de 1 ano abriram 200bps para 17.5% (contra uma taxa básica de 9.5%), O RUB deprecia 1.6% e a bolsa local caiu mais 4.2%, atingindo um novo low desde 2009. O artigo do The Guardin abaixo explica bem os riscos que uma nova rodada de deterioração na Rússia podem incorrer sobre o resto do mundo. Why a Moscow meltdown could spread around the globe Despite the relatively small size of the Russian economy, an economic crisis could still trigger problems worldwid e Russia matters. It mattered in 1998 when the shock waves from its debt default reverberated around the world. And it would matter again should the plunging oil price lead to economic collapse. That’s despite the fact that   Russia   is a massive land mass with a relatively small economy. It accoun