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Mostrando postagens de julho, 2018

Relatório Mensal de Asset Allocation:

Cenário Econômico: O mês de julho foi marcado por alguns eventos que merecem ser citados e comentados. No Brasil, não vimos mudanças no cenário econômico. Ainda impera um ambiente de inflação corrente baixa, crescimento pífio, contas externas saudáveis e problemas estruturais nas contas públicas. Ao que tudo indica, o “plano de vôo” do Banco Central é manter a Taxa Selic estável no horizonte relevante de tempo e o cenário de curto prazo está permitindo que este “plano” seja mantido, até este momento. A grande novidade do mês ficou por conta da cena política. Com a aproximação das eleições para Presidente, os ativos locais devem ficar mais sensíveis, ou com maior elasticidade, a notícias nesta frente. Assim, o anúncio de que o dito “Centrão” irá caminhar junto ao candidato do PSDB nas eleições para Presidente trouxe um vetor novo a corrida presidencial. Este apoio garante ao PSDB um tempo de TV e rádio relevante, especialmente em uma campanha eleitoral com recursos mais escassos

Sem mudanças significativas no Japão (BoJ). Fraco PMI na China.

No Japão, o BoJ manteve sua política monetária praticamente estável, promovendo apenas mudanças marginais em sua comunicação. O Banco sinalizou que adotará mais flexibilidade em sua meta para as taxas longas de juros, que eram centradas em torno de 0,10%. A sua postura postura leva a crer que ele estaria disposto a aceitar taxas próximas a 0,20%. A decisão me pareceu em linha com o que vinha sendo ventilado na mídia. Neste momento, estamos observando uma espécie de ajuste de posições, pela ausência de mudanças mais substanciais esperadas por alguns players, com destaque para a depreciação do JPY. Não vejo a decisão de hoje alterando de maneira substancial o cenário econômico global ou o ambiente para os ativos de risco. Na China, o NBS PMI apresentou queda superior as expectativas, saindo de 51,5 para 51,2 pontos. O número confirma um cenário de crescimento ainda saudável, mas em desaceleração, o que justifica a recente postura mais agressiva dos  policy makers  locais na tent

Semana Agitada!

A semana começou com poucas novidades relevantes em relação aos últimos dias. No Brasil, a pesquisa Focus do BCB não mostrou mudanças significativas nas expectativas do mercado. As coletas de inflação continuam mostrando um quadro de inflação baixa e contida, a despeito de alguns riscos altistas à frente. O resultado fiscal do setor público ficou praticamente dentro das expectativas em junho, reforçando um cenário de fragilidade das contas públicas, o que há muito tempo já é consenso, além de se configurar como o grande problema estrutural do país. Os ativos locais continuam seguindo o humor global a risco, com uma sensibilidade que deverá se tornar mais elevada a qualquer mudança no cenário eleitoral, à medida que as eleições se aproximam. Continuo favorecendo uma postura tática e flexível no mercado local de câmbio. Vejo pouco prêmio na curva de juros. Contudo, com a inflação baixa e o crescimento pífio, o BCB poderá ter condições de manter os juros estáveis (ou mais ba

Sinais que demandam atenção.

Na sexta-feira o PIB dos EUA ficou rigorosamente em linha com as expectativas coletadas pela Bloomberg, porém abaixo do que chegou-se a especular ao longo da semana. A ata em torno de 4% trimestral anualizada foi uma das mais altas para um trimestre desde a crise de 2008. A abertura do indicador mostrou um quadro qualitativo de crescimento saudável e sustentável. o destaque ficou por conta do consumo com a inflação surpreendendo para baixo. De maneira geral, o indicador não altera o cenário de curto-prazo para a economia dos EUA e deve manter o Fed em seu "plano e voo" de normalização monetária, porém sem necessidades de acelerar ou frear este processo no curto-prazo. Ainda podemos esperar um total de 4 altas e 25bps nas taxas de juros ao longo de todo o ano de 2018 e a manutenção do processo de redução do balanço do Fed. No Brasil, na sexta-feira, o destaque ficou por conta da divulgação de uma pesquisa semanal de intensões eleitorais para presidente da encomendada pela

Fragilidade na China, Política no Brasil e PIB nos EUA.

A noite foi de mais uma rodada, mesmo que mais branda, de depreciação do CNY, a moeda da China, e queda das bolsas do país. A despeito destes sinais preocupantes de fragilidade da economia e da estabilidade financeira no país, os demais ativos de risco operam próximos a estabilidade neste momento. No inicio da noite de ontem, a Amazon anunciou resultado positivo, ao contrário do que havia ocorrido com o Facebook no dia anterior. A despeito de uma receita abaixo do esperado e de um guidance de receita menor, as margens mais elevadas e o crescimento em alguns setores considerados mais rentáveis e promissos do que a parcela de "vendas de produtos" acabarm delineando um resultado mais positivo. No Brasil, os ativos locais devem continuar seguindo o humor global a risco. Continuamos sem novidades relevantes no cenário econômico. A mídia segue dando cobertura a campanha política para as eleições presidenciais e suas articulações. A temporada de resultados corporativos no p

Movimentos interessantes...

Os ativos de risco estão dando alguns sinais interessantes ao longo desta quinta-feira. Observamos um movimento de dólar forte no mundo, que teve início com a queda do CNY na China durante a noite e acabou sendo acentuada após a reunião do ECB na Europa. Draghi e Cia trouxeram poucas novidades ao cenário, o que ajudou a reforçar a mensagem de juros mais baixos por mais tempo, levando a uma nova onda de pressão no EUR. Continua me chamando bastante a atenção o que vem ocorrendo na China ( https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/07/china-em-foco.html ). O governo segue divulgando medidas de afrouxamento monetário, financeiro e fiscal. A postura dos policy makers aparenta certo pânico com o cenário de curto-prazo. O CNY, a moeda da China, voltou a apresentar depreciação relevante para os padrões da moeda. Caso este movimento continue, poderá ter reverberações e contágio relevante para os demais mercados financeiros globais. O dia foi de abertura de taxas de juros nos EUA, apó

Trump to the world: Winning!

Os ativos de risco apresentaram ontem um dia de "risk-on" clássico, com desempenho positivo de praticamente todas das classes de ativos ( https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/07/no-news-still-good-news-for-markets.html ). O movimento acabou sendo acentuado no final da tarde, após os EUA e a Europa anunciarem uma trégua na "Guerra Comercial" e um pré-acordo para melhorar as relações comerciais entre ambos,  buscando o diálogo com o intuito de um comércio bilateral com menos barreiras. Tentando não tomar partido de nenhum lado, mas temos que admitir que o avanço da agenda de Trump nos EUA o coloca em situação bastante positiva para os "mid term elections", a despeito de todos os ruídos e críticas envolvendo sua administração. Trump tem conseguido entregar parte relevante da agenda que prometeu em sua campanha. No inicio da noite, o Facebook anunciou seu resultado trimestral, mostrando um crescimento abaixo do esperado no "Daily Average Use

No news (still) good news for markets...

Os ativos de risco estão operando próximos a estabilidade neste momento. O destaque fica por conta de um dólar mais fraco no mundo, com bom desempenho das moedas emergentes. Os ativos de risco apresentaram desempenho mais positivo na China (comentei mais a respeito do país na manhã de ontem:  https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/07/china-em-foco.html ). Na Alemanha, o IFO - um dos indicadores de confiança mais importantes de toda a Europa - ficou praticamente estável e acima de sua média histórica, a despeito de abaixo dos picos recentes. os indicadores de confiança da região continuam mostrando um crescimento saudável e relativamente robusto, mesmo que abaixo do que se vu na virada de 2017 e início de 2018. Os números em nada alteram o cenário para a região ou as expectativas para a política monetária. Na Austrália, o CPI ficou abaixo das expectativas do mercado. O número confirma um cenário de total ausência de pressões inflacionárias no país. A Austrália deverá ser um

Relatório Semanal de Asset Allocation:

Cenário Econômico: A grande novidade no cenário local ficou por conta do anúncio do chamado “Centrão” que irá apoiar Geraldo Alckmin, do PSDB, na corrida presidencial. Este acordo irá garantir um tempo de TV extremamente relevante para Alckmin, especialmente em uma campanha curta e com recursos mais limitados. Além disso, o apoio deste “bloco” também garante uma maior capilaridade a Alckmin em alguns municípios e regiões aonde estes partidos apresentam presença relevante. Acreditamos que este anúncio seja extremamente relevante para a corrida presidencial, pois irá colocar Alckmin em uma posição mais competitiva que anteriormente, e possivelmente melhor do que alguns de seus principais concorrentes. Entendemos que isso não será visto nas pesquisas eleitorais no curto-prazo, mas certamente após iniciada a campanha propriamente dita. Acreditamos que exista espaço para os ativos locais apresentarem desempenho relativo e absoluto positivo no curto-prazo, pois vemos a posição técnic

China em foco!

Nos últimos dias, o governo da China anunciou uma série de medidas de suporte a economia, visando estabilizar o crescimento e a situação financeira do país. Por ora, observamos uma recuperação das bolsas locais e das commodities em geral, a despeito da continuidade do processo de depreciação do câmbio. O "modus operandi" do governo chinês está totalmente em linha com o histórico passado, em que os  policy makers  atuam de forma reativa, na tentativa de administrar de maneira gradual e suave qualquer desaceleração da economia ou ou risco a estabilidade financeira. Historicamente, eles sempre foram bem sucedidos nessas empreitadas. Desta vez, o risco pode ser considerado mais elevado, devido ao contexto global e ao tamanho que o mercado de crédito e a alavancagem atingiu no país nos últimos anos, mas as características ainda bastante planejadas da economia permitem um controle relativamente grande do governo sobre a situação. Me espanta, contudo, a magnitude, a esfera e a agre

Taxas de juros novamente em foco.

O dia foi de poucas novidades no âmbito macroeconômico, mas de dinâmica relevante . O destaque ficou por conta da abertura das taxas de juros nos EUA, com importante "steepening" da curva. O movimento está bastante em linha com a visão que vem sendo amplamente debatida neste fórum e o qual escrevi na noite deste domingo, aqui:  https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/07/normalizacao-monetaria-global.html . No Brasil, os ativos de risco tiveram um dia de maior tranquilidade após as recentes novidades no campo político ( https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/07/politica-brasil-e-guerra-cambial.html ).  A semana nos reserva uma agenda importante, com destaque para as prévias dos PMIs globais a partir de amanhã, como irá desenrolar os problemas enfrentados pela China e as negocições comerciais juntos ao governo dos EUA, o PIB do segundo trimestre nos EUA e importantes resultados corporativos do setor de tecnologia nos EUA. No final da tarde de hoje, a Google d

Normalização Monetária Global,

O final de semana trouxe poucas novidades no front doméstico e/ou externo. No Brasil, os partidos políticos estão promovendo suas convenções, e anunciando oficialmente seus candidatos para a corrida presidencial. No final de semana foi a vez de Bolsonaro ficar nos holofotes da mídia neste quesito. Continuo acreditando que a grande novidade do cenário foi o anúncio do apoio do “Centrão” à Alckmin, candidato do PSDB. Já comentei extensivamente sobre isso nos últimos dias ( https://mercadosglobais.blogspot.com/ ). No cenário externo, o G20 trouxe poucas novidades. O Grupo chamou a atenção para os riscos no cenário prospectivo, especialmente de uma recuperação do crescimento global menos sincronizada, e pelos ruídos envolvendo a postura do governo dos EUA no tocante ao comércio exterior, nada muito diferente do que temos observado quase que diariamente. O G20 não costuma ser um fórum de mudanças importantes de políticas, ou de decisões relevantes. No final da semana passada, s

Política Brasil e Guerra Cambial.

Acho válido voltarmos ao tema das eleições no Brasil após os eventos recentes, comentados aqui ontem pela manhã ( https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/07/brasil-mudanca-relevante-na-corrida.html ), pelo qual recebi uma série de questionamentos e opiniões distintas. Primeiro, acho importante deixar claro que não acredito que o cenário de incerteza tenha mudado. Ainda consigo vislumbrar uma série de combinações de candidatos no segundo turno com probabilidades não desprezíveis, o que torna o pano de fundo ainda extremamente incerto e nebuloso. O meu ponto é que  no curto-prazo  dado a posição técnica do mercado, e a mudança marginal, ou o delta positivo, da posição do candidato do PSDB, visto como mais ao centro, liberal e reformista, poderia levar a um movimento positivo dos ativos no Brasil. Existe uma diferença grande entre movimentos de curto-prazo, táticos, e o cenário de longo-prazo, estrutural. Foi isso que tentei mostrar na manhã de ontem. Ainda vejo uma enorme

Brasil: Mudança relevante na corrida presidencial.

A grande novidade do cenário ficou por conta do anuncio do chamado “Centrão”, no Brasil, de que irá apoiar Geraldo Alckmin, do PSDB, na corrida presidencial. Este acordo irá garantir um tempo de TV extremamente relevante para Alckmin, especialmente em uma campanha curta e com recursos mais limitados. Além disso, o apoio deste “bloco” também garante alguma capilaridade maior a Alckmin em alguns municípios e regiões aonde estes partidos apresentam presença relevante. Acredito que este anuncio seja extremamente relevante para a corrida  presidencial , pois irá colocar Alckmin em uma posição muito melhor que anteriormente, e melhor do que seus principais concorrentes diretos. Entendo que isso não será visto nas pesquisas eleitorais no curto-prazo, mas certamente após começada a campanha. Acredito que exista espaço para os ativos locais apresentarem desempenho relativo e absoluto positivo no curto-prazo, pois vejo a posição técnica do mercado como neutra para levemente na ponta negativ

Algumas palavras sobre a China.

Hoje mais cedo não comentei sobre um outro desdobramento bastante importante do cenário externo, que é a situação bastante delicada da China. Hoje observamos mais uma relevante depreciação da moeda e nova onda de pressão nas bolsas do país. Há evidência de que o Governo e o PBoC já atuam junto aos bancos em busca de prover liquidez ao mercado, para evitar uma deterioração adicional do mercado de crédito do país. Historicamente, o Governo chinês sempre foi capaz de conduzir processos de desaceleração da economia e desalavancagem do sistema financeiro de maneira gradual e suave, mesmo que com períodos pontuais de volatilidade. A diferença, neste momento, é o nível de alavancagem que a economia atingiu e a margem de manobra mais apertada existente no cenário local. Além disso, o cenário externo de melhor liquidez global também atua como uma restrição ao poder de administração da situação interna. Não tenho a convicção se “this time is different” e podemos estar diante de um p

Mudança de tom: Temporário ou Permanente?

Pela primeira vez em bastante tempo os ativos de risco estão operando em linha com o que eu acredito que seja o cenário base de longo-prazo do pano de fundo global.  Em linhas gerais, um cenário de ciclo econômico em estágio avançado nos EUA, onde mais crescimento implica em hiato do produto fechado, pleno emprego e pressões inflacionárias. Este ambiente, no geral, não costuma ser construtivo para os ativos de risco no geral, especialmente em um momento em que muitas classes de ativos apresentam valuations pouco triviais e após passados quase 10 anos de fluxos exorbitantes e constantes para muitas dessas classes. Assim, neste momento, estamos observando uma leve alta nas taxas de juros dos EUA, levando a uma queda das bolsas e das commodities, uma alta do dólar e uma pressão nos ativos emergentes. Reforço que não sei ao certo quando este cenário ficará de fato mais evidente ao mercado, por isso ainda trabalho com um pano de fundo em que os ativos de risco respeitem alguns

Summer Sadness.

O título de hoje é uma homenagem a um amigo deste fórum, que descreveu muito bem a dinâmica dos mercados financeiros globais ao longo deste mês. Se não fosse pela parte final do dia de hoje, o comentário desta quarta-feira seria apenas uma repetição de tudo aquilo que venho comentando nos últimos dias ( https://mercadosglobais.blogspot.com/ ). Contudo, a divulgação do Beige Book nos EUA, que apresentou evidências anedóticas de aperto do mercado de trabalho, pleno emprego, fechamento do hiato do produto e pressões de salários, acabou levando o mercado a algum, ainda pequeno e incipiente, movimento um pouco menos construtivo. Ainda é cedo para afirmar que aquele curto-prazo mais favorável que tanto tenho comentado (vide link acima) ficou para trás, e o cenário estrutural de longo-prazo voltou a pauta, mas de fato um documento como este do Fed (Beige Book) me dá mais confiança de que nosso cenário base continua válido, mesmo que o caminho até ele ainda seja permeado de incertezas

Diferenciação entre classes de ativos.

Os ativos de risco estão apresentando desempenho misto nesta terça-feira, com as commodities majoritariamente em queda e o dólar em alta no mundo, a despeito do bom desempenho das bolsas globais e dos ativos emergentes em geral. Acredito que alguns vetores explicam esta dinâmica, a maior parte deles de curto-prazo. Já toquei neste tema nas últimas semanas aqui https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/07/goldilocks-for-now-not-forever-redux.html e aqui https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/07/goldilocks-for-now-not-forever.html . De maneira geral, a posição técnica do mercado, os valuations mais atrativos (em algumas classes de ativos como as bolsas e os ativos EM) e a percepção de um cenário de “Goldilocks” no curto-prazo, em um período de férias de verão no hemisfério norte, sazonalmente mais positivo para os mercados e de mais baixa volatilidade, estão dando ímpeto a esta dinâmica. A boa temporada de resultados corporativos nos EUA apenas reforça este pano de fundo