"Risk-On"

Os ativos de risco operam próximos a estabilidade hoje pela manhã, a espera dos dados de emprego nos EUA, que serão divulgados hoje as 11h30. Ontem, observamos uma rápida e acentuada alta das bolsas globais, o que acabou favorecendo um movimento generalizado de “risk-on” ao redor do mundo. Alguns sinais menos negativos do crescimento global, um conforto maior do mercado com a postura gradualista que vem sendo adotada pelo Fed no processo de normalização monetária, a estabilização dos ativos na Rússia e, finalmente, menos ruídos provenientes da Grécia foram alguns dos motivos que ajudaram a melhora do humor global a risco.

Apesar de um pano de fundo relativamente estável e positivo para os ativos de risco, alguns riscos ainda pairam sobre o cenário de curto-prazo, e demandarão cautela nos próximos dias. A eleição parlamentar na Grécia parece ser o maior e mais relevantes desses riscos. O petróleo não mostra sinais consistentes de estabilização e o Fed parece convicto na recuperação econômica americana, abrindo uma janela para uma eventual alta de juros em algum momento deste ano.

Na agenda do dia, destaque para o IPCA no Brasil, com expectativas de 0.78% MoM e 6.42% YoY. Nos EUA, as atenções estarão voltadas aos dados de emprego.

Brasil – A produção industrial de novembro divulgada ontem apresentou queda de 0.7% MoM e -5.8% YoY, muito abaixo das expectativas de +0.5%MoM e -4% YoY. O número apenas confirma a fragilidade do crescimento local. O governo anunciou ontem mais uma etapa do ajuste das contas públicas, com o contingenciamento de cerca de R$22bi em custei. A medida é positiva e em linha com o que vem sendo prometido por Levy e sua equipe. Caso a nova equipe econômica consiga entregar um ajuste fiscal nos moldes do que vem sendo prometido, acredito que seja positivo para a curva local de juros. Além disso, deveria ajudar o BRL a apresentar desempenho relativo melhor do que seus pares. A direção da moeda local, contudo, será determinada pelo humor global em torno do USD. Infelizmente, o efeito colateral das medidas contracionista, afetando alguns setores da economia real. Assim, a escolha do portfólio de bolsa será cada vez mais importante Segundo o Valor O governo promoveu ontem um "bloqueio preventivo" de 33% nos gastos de custeio administrativo, que envolvem a locação de imóveis e carros, compra de materiais de escritório, passagens e diárias, pagamentos de água, luz, telefone, entre outros. A redução será de R$ 1,9 bilhão por mês e de R$ 22,8 bilhões ao longo do ano. Nesse bloqueio não estão incluídos despesas obrigatórias, como o pagamento de pessoal e benefícios previdenciários, e aquelas não passíveis de contingenciamento, como pagamento de bolsas de estudo e de ações de prevenção a desastres, entre outras. Ficaram fora também os investimentos públicos, que serão objeto de novo corte após a aprovação do Orçamento. A primeira, segundo o ministro foi a elevação das taxas de juros do Programa de Sustentação do Investimento (PSI), mantido pelo BNDES, que reduziu à zero as despesas do Tesouro com os subsídios do programa. Na segunda etapa, foram feitas mudanças nos programas do seguro-desemprego, do abono salarial e na pensão por morte, anunciadas no fim do ano passado. Depois do corte de R$ 22,8 bilhões, Barbosa disse que será feita uma avaliação dos investimentos públicos, depois da aprovação do Orçamento. Ele não revelou qual será o montante do contingenciamento.
China – O CPI saiu de 1.4% YoY para 1.5% YoY, com o Core CPI caindo de 1% YoY para 0.8% YoY em novembro. O PPI caiu de -2.7% YoY para -3.1% YoY. Por um lado, os números de hoje mantém a janela aberta para que o governo continue adotando medidas de suporte ao crescimento, já que não mostram nenhum sinal de pressões inflacionárias adjacentes. Por outro lado, contudo, a inflação baixa, e cadente, mostra uma economia com uma demanda fragilizada. Além disso, o PPI negativo por quase 3 anos consecutivos sinaliza que a capacidade instalada da economia é muito maior do que a demanda existente, o que já começa a causar danos a economia. Acredito que o crescimento do país irá continuar a surpreender negativamente ao longo do tempo. O governo irá adotar medidas pontuais e localizadas com intuito de evitar novas rodadas de desaceleração da economia, mas será capaz, apenas, de suavizar o processo de desaceleração econômica local.

Europa – Na Alemanha, a produção industrial de novembro, apresentou queda de 0.1% MoM, abaixo das expectativas de +0.3% MoM. Contudo, o mês anterior foi revisado de +0.2% MoM para +0.6% MoM. Na França, a queda foi de 0.3% MoM, contra expectativas de alta de 0.3% MoM. A Alemanha continua sendo um dos únicos pilares de sustentação do crescimento na Europa. O cenário local ainda é sombrio. Crescem no mercado, assim, as expectativas de que o ECB vá anunciar um QE mais amplo e agressivo já na próxima reunião do comitê.

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