FOMC & Copom

Os ativos de risco tiveram, na tarde de ontem, uma reação clássica de “risk-off”, após a decisão do FOMC nos EUA, e de alterações marginais em seu comunicado. O FOMC optou por manter a flexibilidade de uma postura dependente dos dados, sem oferecer sinalizações adicionais de quando pretende começar a promover um ajuste, gradual e bem comunicado, de alta de juros no país. A despeito de mostrar em seu comunicado um crescimento mais sólido, e um mercado de trabalho cada vez mais robusto, o Fed também alertou para a continua queda nas expectativas de inflação e para os recentes desenvolvimentos externo. A melhor explicação que vejo para o movimento dos mercados na tarde de ontem foi dada pela ML:

A dovish read of including "international developments" may be consistent with the drop in yields, but is hard to reconcile with the strengthening of the US dollar or the tumble in equity prices. An alternative explanation is that the market is worried the Fed will tighten too soon - somewhat ironic given over five years at the zero lower bound and nine years since the last time the Fed hiked rates. This policy mistake view is a sensitive topic at the Fed, and we look to the minutes to see how Fed officials will trade off the further improvement in the growth and labor market outlooks with the lack of progress on inflation. Today's statement suggests that they are still comfortable looking through the decline in inflation as temporary - and that markets are far less certain of that view.  
De qualquer maneira, os próximos números de crescimento, emprego, salários e inflação serão acompanhados no detalhe pelo mercado. Qualquer sinal de pressões inflacionárias se acumulando na cadeia, especialmente no tocante a salários, poderá fazer com o mercado volte a precificar a possibilidade de altas de juros mais para o meio do que para o final do ano. Nesta linha, o Employment Costa Index, agendado para amanhã, será o principal dado do final desta semana.

Brasil – Hoje pela manhã teremos a Ata do Copom como destaque. O mercado ainda me parece bastante dividido em torno de que postura será adotada pelo BCB frente aos últimos acontecimentos locais (menor crescimento, aperto fiscal, risco de racionamento, alta da inflação) e externos (queda no preço das commodities, bancos centrais mais expansionistas e etc). Meu viés é de acreditar que o BCB manterá um tom lacônico na Ata, deixando a porta aberta para qualquer tipo de movimento na próxima reunião do Copom. Ainda me parece cedo para Tombini se prender a um ajuste que só irá ocorrer daqui a quase 40 dias. De qualquer maneira, teremos uma melhor noção de como o BCB está vendo a ajuste fiscal, os recentes sinais mais negativos de crescimento local e a inflação mais pressionada no curto-prazo. No tocante ao crescimento, os indicadores antecedentes para a produção industrial e vendas no varejo continuam apontando para um crescimento pífio da economia no final de 2014 e começo de 2015: Anemic supermarket sales in December. Based on yesterday’s data published by ABRAS, the supermarket union, we estimate that sales in the sector posted a 1.7% m/m decline last month. In our preliminary calculations, this number is consistent with a negative variation range (-0.5—0.0%) for core retail sales in December. Such a result would underscore a weakening trend in consumer spending, expect to be seen all across 2015 (From Itaú)A arrecadação de dezembro, divulgada ontem, ficou abaixo das expectativas do Mercado. O número mostra os enormes desafios que Levy e sua equipe encontrarão frente a um ambiente de baixo crescimento.

Grécia – Os ativos do país seguem com dinâmica extremamente negativa. Os papéis de 10yrs abrem mais 50bps hoje e já operam acima de 10.5%. A continuidade de um processo rápido e acentuado de deterioração dos ativos do país pode acabar gerando algum contágio para o resto da Europa e, consequentemente, para os demais ativos de risco. Por hora, o problema tem se mantido contido, mas os sinais emitidos pelo novo governo são ruins e o desempenho dos ativos locais são preocupantes.

Europa – A taxa de desemprego na Alemanha ficou estável em 6.5% em janeiro, com o desemprego recuando em 9 mil vagas, em linha com as expectativas do mercado.

China – O PBoC continua com uma postura mais proativa e vêm injetando liquidez na economia nas últimas semanas, processo que já não víamos a vários meses. Além disso, o governo vem anunciando medidas pontuais e localizadas com o intuito de colocar um piso no crescimento do país. Por hora, ainda não há sinais concretos de que os policy makers locais estejam sendo bem sucedidos nesta empreitada.

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