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Mostrando postagens de novembro, 2018

Todas as atenções ao G20.

Destaque do dia para o PIB no Brasil, com alta de 0,8% no trimestre e 1,3% em relação ao mesmo período do ano anterior, basicamente em linha com as expectativas. Os números continuam apontando para um crescimento um pouco abaixo de 1,5% para o PIB este ano. Com a recuperação recente dos indicadores de confiança, existe um impulso para uma retomada mais sólida da economia em 2019, podendo crescer entre 2,5% e 3%. Destaque para o Ibovespa, fechando acima dos 90 mil pontos pela primeira vez. A janela positiva para os ativos globais acabou ajudando a bolsa, a despeito de uns dias mais desafiadores para o dólar e o mercado de juros. No cenário internacional, destaque para a forte queda do EUR, após dados mais fracos de inflação na Europa, o que acabou impulsionando um movimento de dólar mais forte no mundo. Muitos têm me perguntando sobre qual o impacto da desaceleração do mundo desenvolvido para as economias e os mercados emergentes. Acredito que seja um equilíbrio instável.

China: Sinais de fragilidade do crescimento continuam presentes.

Os ativos de risco operam próximos a estabilidade essa manhã, apenas com leve viés negativo, após uma semana cujo humor se mostrou mais positivo. Como eu tenho expressado neste fórum, eu vinha acompanhando dois grandes vetores estruturais para uma mudança de dinâmica do mercado. O primeiro seria a postura do Fed em relação ao seu processo de normalização monetária, que foi em parte, ou no curto-prazo, endereçado nos últimos dias, e amplamente comentado neste espaço aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/11/minutas-do-fomc-confirmam-mudanca-de-tom.html e aqui https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/11/year-end-rally-configurado-e-reforcado.html ). O segundo diz respeito ao crescimento global e, em especial, na China e na Europa. Na noite de hoje, vimos mais uma rodada de queda do PMI Manufacturing da China, que passou de 50.2 para 50.0 pontos em novembro, abaixo das expectativas do mercado e no limiar para uma sinalização de contração da economia. O número confirma

Minutas do FOMC confirmam mudança de tom.

As Minutas do FOMC, na minha visão, confirmam uma mudança clara de tom por parte do Fed. Em comparação com as Minutas recentes, e com os discursos recentes, percebo um aumento do número de participantes desconfortáveis com alguns sinais da economia, especialmente global, e de alguns movimentos dos ativos de risco como um todo. O Fed está dependente dos dados, muito mais do que antes, mas há uma mudança de tonica que não pode ser ignorada. As Minutas de hoje reforçam os meus comentários recentes ( https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/11/year-end-rally-configurado-e-reforcado.html e https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/11/a-janela-de-oportunidade-continua.html ). Separei alguns destaques abaixo: Based on recent readings on spending, prices, and the labor market, participants generally indicated little change in their assessment of the economic outlook, with above-trend economic growth expected to continue before slowing to a pace closer to trend over the medium t

"Year End Rally" configurado e reforçado com números de hoje.

De fato, está se desenhando um momento, uma janela, bastante positiva para os ativos emergentes, as commodities e alguns dos ativos de risco que mais sofreram ao longo deste ano. Após o discurso de Powell ( https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/11/uma-janela-de-oportunidade-para-o-bom.html ), os dados econômicos nos EUA divulgados hoje corroboram um cenário de crescimento ainda saudável, porém mais moderado, e sem pressões inflacionárias mais profundas ou acentuadas. Vimos uma alta no Initial Jobless Claims, um Core PCE mais baixo (0,1% MoM e 1,8% YoY), a despeito de dados ainda robustos de gastos e rendimentos. Em linhas gerais, uma janela de “goldilocks” para os ativos de risco. Com a posição técnica mais ajustada, os preços e valuations mais atrativos, uma sazonalidade positiva até meados de feveiro e os fundamentos acompanhando, poderemos ter a confirmação do “year end rally”.

A janela de oportunidade continua aberta, mas os desafios estão presentes.

Passada a euforia inicial do discurso de Powell (comentado aqui ontem: https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/11/uma-janela-de-oportunidade-para-o-bom.html ) voltaremos a realidade do dia-a-dia de um momento próximo ao final de um grande ciclo econômico. Reforço que ainda vejo uma janela de oportunidade para o bom desempenho dos ativos de risco, mas gostaria de frisar que é apenas uma janela , um movimento tático, e não uma mudança radial e drástica de tendência ou dinâmica em relação ao que temos visto ao longo deste ano. Em termos de portfólio, continuo favorecendo posições relativas e um portfólio neutro que, neste momento, deveria estar um pouco mais exposto para se apropriar desta janela mais positiva. No Brasil, ainda vejo o mercado de renda variável como a classe de ativo mais bem posicionada em termos de valuations , posição técnica e fundamentos para se expor a este cenário. Vejo a parte curta da curva de juros sem muito prêmio, mesmo diante de um ambiente fav

Uma janela de oportunidade para o bom desempenho dos ativos de risco. ("Year End Rally!").

Jerome Powell – o Presidente do Fed nos EUA – concedeu declarações há poucos minutos atrás no “The Economic Club of New York”. A parte mais interessante, e talvez mais importante do texto, pelo menos aos olhos dos mercados foi a seguinte: Interest rates are still low by historical standards, and they remain just below the broad range of estimates of the level that would be neutral for the economy‑ ‑that is, neither speeding up nor slowing down growth. My FOMC colleagues and I, as well as many private-sector economists, are forecasting continued solid growth, low unemployment, and inflation near 2 percent. As declarações de Powell parecem ter sido a senha para o mercado voltar a alocar risco em algumas classes de ativos, em especial os ativos emergentes, as bolsas globais, as commosities e a maior parte dos ativos que vinham sofrendo ao longo dos últimos meses. Eu acredito que possa existir uma janela de oportunidade positiva nesta frente, pelo menos até que algum número

Risk-On: Brexit, Fed e G20. Esperança vs Realidade.

Os ativos de risco estão abrindo a semana em tom mais positivo, na expectativa de uma estabilização do humor global a risco nos próximos dias, e na espera da manutenção dos “ranges” recentes, comentado na semana passada, aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/11/dia-de-recuperacao-dos-ativos-de-risco.html . O destaque do final de semana ficou por conta do acordo entre a União Europeia e a Inglaterra em torno dos termos do Brexit. De maneira resumida e superficial, o acordo parece que caminhou em uma direção justa para ambas as partes, levando em conta que não existia mais a possibilidade da Inglaterra se manter no Bloco e que algumas regras precisam ser cumpridas. A parte mais difícil, agora, será Theresa May convencer os seus parlamentares a aprovarem o acordo internamente. Continuo com a visão de que o caminho será longo e tortuoso, mas um acordo deverá ser selado, mais cedo ou mais tarde. Ao longo da semana, o mercado está na esperança de que os membros do Fed

Artigo: O mercado de dívida corporativa nos EUA - O tamanho dos desafios da GE.

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Dando seguimento aos artigos sobre o mercado de dívida corporativa nos EUA, o artigo de hoje tentará passar uma visão geral sobre o tamanho da dívida, e o tamanho do eventual problema, caso a situação da empresa GE – um dos maiores conglomerados industriais e financeiros dos EUA na última década – mostre deterioração adicional. A GE apresentava, ao final de setembro, dívida da ordem de US$115 bilhões, contra um universo de dívida corporativa da ordem de US$5,8 trilhões nos EUA ao fim de 2017. O tamanho da GE para o mercado como um todo pode parecer pequeno, mas os efeitos colaterais são de difícil mensuração. Vale lembrar, também, que mesmo sendo proporcionalmente a todo o mercado um percentual pequeno, nominalmente é um valor que não pode ser desprezado. A empresa já vem, desde 2010, em um processo relativamente agressivo de redução de dívida, que já foi reduzida na ordem de US$300 bilhões desde então. Contudo, a situação financeira da empresa mostra deterioração recorrente

Menor crescimento global, retornos prospectivos mais parcos. Inflação no Brasil segue baixa e controlada.

Os ativos de risco ao redor do mundo estão passando uma mensagem, que me parece cada vez mais inequívoca, e que agora começa a ser confirmada pelos dados econômicos, de desaceleração do crescimento da economia mundial. Um ambiente de queda generalizada das commodities, queda nos preços das bolsas, dólar forte, fechamento de taxa de juros no mundo desenvolvido e pressão nos ativos emergentes. A divulgação do fraco PMI na Europa, comentado neste fórum hoje cedo (aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/11/europa-novos-sinais-de-desaceleracao-do.html ) ajudou a dar ímpeto a esses movimentos. A divulgação do Markit PMI nos EUA, também abaixo das expectativas, atuou na mesma direção. No Brasil, o desempenho dos ativos locais mostra sinais semelhantes. Na bolsa local, vemos forte pressão nas ações e setores mais dependentes da demanda e do crescimento global, como o setor de commodities em geral (Vale, Petro, Siderúrgicas e etc). Está dinâmica está alinhada com o meu comentá

Europa: Novos sinais de desaceleração do crescimento.

Sem grandes novidades em meio ao feriado nos EUA – hoje o mercado americano abre, porém com liquidez reduzida – vimos uma dinâmica ruim das bolsas na Ásia, os mercados na Europa apresentam leve recuperação e os índices futuros nos EUA operam em baixa, neste momento. Os sinais ainda são de cautela, com queda em quase todo o complexo de commodities, um leve movimento de dólar forte no mundo e mais uma rodada de forte queda nas “criptomoedas”. Eu entendo que está última seja pouco representativa ao universo de investimentos, cito apenas como curiosidade, mas está ganhando as atenções da mídia internacional dado a velocidade de sua queda ao longo do ano e, especialmente, nos últimos dias. Segundo matéria da Bloomberg, os EUA e a China estariam preparados para iniciar uma negociação de acordo comercial. A despeito da chamada mais positiva do artigo, o conteúdo traz poucas informações concretas neste sentido, e apenas confirma os encontros marcados para o G20, sem que haja qualquer

Brasil: Sinais positivos da economia. Valuations atrativos em alguns setores.

Com o feriado nos EUA, a baixa liquidez e a ausência de novidades relevantes no cenário econômico, me dei o direito de escrever apenas um breve comentário hoje. Primeiro, a queda dos futuros dos índices das bolsas nos EUA hoje pouca coisa representa, pela baixa participação dos investidores. Qualquer fluxo pontual e pequeno pode estar fazendo um efeito desproporcional sobre o spreços. Já comentei mais sobre isso ontem: https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/11/dia-de-recuperacao-dos-ativos-de-risco.html . Segundo, no Brasil, a despeito do acumulo de sinais positivos na economia, ainda estamos sujeitos aos fluxos internacionais. A dinâmica do mercado de câmbio confirma o que escutei ao longo da semana: Está havendo alguma saída de recursos do país nos últimos dias. A moeda voltou a operar consistentemente acima de 3,80. No campo econômico, a divulgação do CAGED ontem mostrou uma criação saudável de vagas no mercado de trabalho. A recuperação nesta frente tem sido devaga

Dia de recuperação dos ativos de risco internacionais. Situação está longe de estabilizada.

Os ativos externos estão chegando ao final do dia em um movimento mais correlacionado de “risk-on”, devolvendo parte das perdas verificadas ontem. Acho que este tipo de movimento é natural e até mesmo esperando em um ambiente como o que estamos convivendo ao longo deste ano. Como comentei nesta manhã ( https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/11/ativos-mostram-alguma-recuperacao.html ), não acho que a dinâmica de hoje seja uma boa sinalização para o que nos espera pela frente. Vou esperar a nova semana para fazer uma avaliação mais concreta em relação ao cenário prospectivo dos ativos de risco neste final de ano. Por ora, acho que existem argumentos em termos de valuations que são favoráveis a manutenção dos “ranges” recentes, como explicado mais a fundo aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/11/momento-de-definicao-de-curto-prazo.html . Todavia, vejo um acumulo de evidências que me levam a crer que o cenário prospectivo, estrutural, ainda seja mais desafiador para

Ativos mostram alguma recuperação.

Após uma terça-feira de terror e pânico para os ativos de risco – e ontem eu acabei focando no mercado de renda variável e não comentei sobre a queda de quase 7% no preço do Petróleo ou a forte queda das criptomoedas – a noite foi um pouco mais tranquila. Os mercados da Ásia não deram um seguimento muito mais negativo, já que as bolsas da China acabaram o dia com um desempenho levemente positivo. Assim, esta manhã, neste momento, estamos observando uma recuperação, um “rebound” dos ativos de risco como um todo, mesmo que na ausência de notícias ou novidades relevantes. Eu comentei mais a fundo sobre este tema na tarde de ontem, aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/11/momento-de-definicao-de-curto-prazo.html . Devido ao feriado de Thanksgiving nos EUA amanhã, a agenda do dia concentrará um pouco dos dados econômicos da semana, com destaque para o Durable Goods Orders, Jobless Claims, Michigan Confidence, e leilão de TIPS de 10 anos. O Thanksgiving é o feriado re

Artigo: O mercado de dívida corporativa nos EUA e o Brasil.

Continuando a série sobre o mercado de crédito corporativo nos EUA (a primeira parte da série pode ser lida aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/11/uma-visao-geral-sobre-o-mercado-de.html ). O mercado de crédito nos EUA cresceu exponencialmente nos últimos anos. Só no ano passado saiu de cerca de US$4 trilhões para algo em torno de US$ 5,8 trilhões. Este efeito foi uma clara, e talvez esperada e induzida consequência do maciço processo de injeção de liquidez promovido pelos principais bancos centrais ao redor do mundo. De 2008 até o ano passado, os bancos centrais injetavam liquidez na economia, retirando títulos de risco mais baixo e induzindo o mercado às classes de ativos mais arriscadas. O mercado de dívida corporativa foi um dos grandes beneficiários deste movimento. Desde fevereiro deste ano, quando o processo de redução do balanço do Fed ganhou corpo, assim como o seu processo de alta nas taxas de juros, começamos a ver os efeitos mais negativos deste

Momento de definição (de curto-prazo) para os mercados financeiros globais.

No momento em que vos escrevo, ainda faltam cerca de 2 horas para o encerramento do mercado norte americano. As bolsas do país operam sob forte pressão, testando os “ lows ” deste movimento de realização de lucros, mas ainda um pouco acima dos níveis atingidos no movimento negativo de fevereiro. As ADRs de empresas Brasileiras e o EWZ operam também com quedas expressivas. Em termos econômicos, pouca coisa mudou e 3 grandes vetores continuam se colocando como grandes obstáculos ao bom desempenho dos ativos de risco. Apenas a confirmação de uma inversão desses temas será capaz de trazer uma nova perspectiva (ou uma perspectiva positiva mais estrutural) para os ativos de risco. São eles: - A normalização monetária no mundo desenvolvido, e em especial nos EUA. - Os problemas estruturais de crescimento enfrentados pela China. - Os sinais de menor crescimento global, ex-EUA, em especial na Ásia e na Europa. Saindo um pouco do tema macro e entrando nas questões micro e d