Índia = Brasil "six month foward"
O grande destaque da noite ficou por conta da decisão, não agendada, por parte do Banco Central da Índia, em reduzir a taxa básica de juros da economia em 25bps, para 7.75% (mais detalhes abaixo). Além disso, os dados de emprego na Austrália ficaram acima das expectativas do mercado em dezembro, com a taxa de desemprego recuando de 6.2% (revisada de 6.3%) para 6.1%. Na China, os dados de empréstimos bancários em dezembro também surpreenderam positivamente, o que leva a crer que os policy makers locais estejam liberando crédito de maneira mais ágil com intuito de colocar um piso no crescimento.
Os eventos citados acima estão ajudando a dar algum suporte as bolsas ao redor mundo, mas ainda há sinais de fragilidade no mercado de commodities. O USD, por sua vez, opera sem tendência definida. O mercado de juros nos países emergentes apresenta fechamento de taxas não desprezíveis, seguindo o movimento ocorrido na Índia, e mesmo com os bonds nos EUA e Europa um pouco mais pressionados.
Índia - Em uma decisão surpreendente e não agendada, o BC no país reduziu a taxa básica da economia em 25bps para 7.75%. A próxima reunião oficial do BC estava agendada para o dia 3 de fevereiro. Vale ressaltar um trecho, em especial do comunicado após a decisão:
To some extent, lower than expected inflation has been enabled by the sharper than expected decline in prices of vegetables and fruits since September, ebbing price pressures in respect of cereals and the large fall in international commodity prices, particularly crude oil. Crude prices, barring geo-political shocks, are expected to remain low over the year. Weak demand conditions have also moderated inflation excluding food and fuel, especially in the reading for December. Finally, the government has reiterated its commitment to adhering to its fiscal deficit target.
Acho a passagem extremamente relevante, pois vejo o BCB no Brasil adotando um tom parecido dentro de alguns meses. A inflação de curto-prazo permanecerá elevada, mas muito em função dos ajustes dos administrados. Acho que deveremos ter uma atenção cada vez maior aos preços livres. No cenário que venho desenhando para o horizonte de 6 a 12 meses, poderemos ter um ambiente muito parecido com este que a Índia está vivendo neste momento.
China – O Total Social Financing, indicador mais abrangente de crédito no país, apresentou alta de $1690B em dezembro, acima das expectativas de $1200B. O número leva a crer que o policy maker chinês, além de já ter adotado inúmeras medidas de suporte ao crescimento nos últimos meses, começa a utilizar o mercado de crédito de maneira mais incisiva para dar sustentação a economia. Ainda sou cético que esta postura será capaz de trazer a economia chinesa a um patamar mais robusto de crescimento de maneira sustentável, mas entendo que medidas nesta direção irão ajudar o humor dos ativos que dependem da demanda chinesa ano curto-prazo, podendo fazer com que o processo de desaceleração da economia seja mais gradual.
Europa – Todas as atenções estão voltadas para a reunião do ECB na semana que vem. Nos últimos dias, cresceram de maneira significante as expectativas de que um QE mais amplo e agressivo seja anunciado. Sabendo disso, tenho o viés de acreditar que Draghi irá entregar o que o mercado deseja, resta saber se o tamanho e os detalhes do programa serão suficientes para atender a demanda da economia, ainda muito fragilizada.
EUA – O fraco retail Sales divulgado ontem me pareceu mais um ruído do que uma mudança de dinâmica da economia. Após um segundo e terceiro trimestres de 2014 de crescimento próximo a 5% anualizado é natural esperar uma acomodação da economia. A agenda de hoje traz Empire Manufacturing, Philly Fed e Jobless Claims, que irão ajudar a clarear o cenário no que tange a este aspecto.
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