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Mostrando postagens de janeiro, 2016

Brasil: Lula no centro da Lava-Jato.

O destaque do final de semana ficou por conta da repercussão da nova fase da Operação Lava-Jato, de codinome “Triplo XXX”. A investigação colocou Lula e sua família no centro das investigações, causando uma série de especulações por parte da imprensa em relação às benesses recebidas pelo ex-presidente de algumas empreiteiras já investigadas pela Lava-Jato. Confesso que tenha dúvidas em relação aos impactos dessa nova fase da Operação para os mercados financeiros locais. Por um lado, é inegável que a Lava-Jato está minando a imagem de Lula e do PT, o que reduz drasticamente as chances de uma reeleição do ex-presidente em 2018, ou da ascensão de um novo candidato petista. Este cenário poderia ser visto como positivo pelo mercado a longo-prazo. Por outro lado, não sabemos qual será a reação do PT e da base aliada no Congresso às investigações. Existe um risco de Lula e o PT “partirem para o ataque”, adotando uma postura mais agressiva e populista, impedindo qualquer tipo de aprov

Risk-On!

A semana terminou com um forte movimento de “ risk-on ”. Em um misto de posição técnica, nível de preços, suporte dos principais bancos centrais ao redor do mundo, e dados econômicos mais positivos nos EUA acabaram sendo importantes pilares para o movimento de hoje. Eu mantenho minha visão expressa neste fórum pela manhã: Tecnicamente, o mercado havia ficado excessivamente negativo com o cenário econômico global, com posições Long EUR e JPY, e Short EM e HY. No curto-prazo, com a sinalização dada pelo Fed e pelo ECB, e com a atuação mais agressiva do PBoC e do BoJ, é natural observarmos um período de estabilização dos ativos de risco. O grande problema do mundo hoje, contudo, a fragilidade da economia da Ásia (e da China, em especial) ainda não foi debelada. O governo chinês pode ser capaz de suavizar os movimentos no câmbio no curto-prazo, como tem feito nos últimos 15 dias, mas os ajustes de preço são inevitáveis no longo-prazo. Assim, espero um período de menor agitação no curt

Japão: BoJ Strikes Back!

Em uma decisão surpreendente (não esperada pelo mercado), o BoJ, no  Japão , anunciou um corte de sua taxa básica de juros, de 0,1% para -0,1% (tecnicamente, o corte é menos potente do que aquele anunciado pela Europa, vide abaixo). A decisão foi dividida, com 5 votos a favor e 4 votos contrários. Segundo o estrategista da ML: This sounds like a "weak-form" of the ECB's negative deposit rates. It will not be blanket negative rates by only to excess reserves over and above existing balance, required reserves and adjustment (macro add-on) made for additional QQE purchases - so as mentioned above, effectively to excess reserves accumulated from here. It is obviously a surprise and will put downward pressure on front-end rates. But for FX, the key question is whether this can materially reduce real interest rates across the curve (through lower nominal rates and higher inflation expectations) - in other words, can it credibly stimulate the economy and inflation. That is

Brasil em foco.

A Ata do Copom foi percebida como uma Ata dovish pelo mercado. Grande parte dos economistas de sell-side alteraram as suas expectativas para manutenção da taxa Selic ao longo deste ano. Em alguns casos, já existem casas esperando cortes de juros como o próximo passo de política monetária deste BCB. Os mercados locais reagiram de acordo, com uma pequena questão. A curva de juros nominais apresentou forte fechamento de taxas, em um pequeno movimento de “ bull steepening ”. A curva deixou de precificar um ciclo adicional de alta de juros superior a 250bps, para um ciclo módico em torno de 50bps (basicamente um pequeno prêmio de risco). A curva de juros reais, contudo, ficou praticamente estável, acarretando em uma forte queda das inflações implícitas. A sinalização da mídia em torno do potencial ajuste das bandeiras tarifárias de energia podem explicar parte do movimento. Neste exato momento, estou reavaliando meu cenário, com questões ainda indefinidas na minha cabeça. Por

Brasil: Guinada suave a "nova matriz econômica".

Os ativos de risco estão dando sinais de estabilização depois do forte  sell-off  verificado após a decisão do FOMC na tarde de ontem. Todavia, os sinais de fragilidade ainda são aparentes. Na  China , mesmo com um  CNY  estáve,l e com uma forte injeção de liquidez por parte do PBoC, as bolsas do pais caíram em torno de 3%, mostrando que as pressões sobre a economia chinesa ainda são elevadas, e estão longe de serem estabilizadas. Continuo bastante preocupado com os problemas que emanam do país. No  Brasil , os ajustes “pontuais” que vem sendo anunciados pelo governo também me preocupam. Hoje, na Folha, duas notícias em especial levam a um cenário ainda mais preocupante: Pacote de crédito com juro menor pode chegar a R$ 70 bilhões Governo prevê zerar em maio a taxa extra da tarifa de energia elétrica Eu não vejo este caminho com bons olhos. Este modelo já foi utilizado no passado (crise de 2008), sem sucesso, e com consequências desastrosas para a economia no longo-pra

FOMC, BNDES e Tesouro.

Neste momento, os ativos de risco ainda estão bastante voláteis, digerindo o comunicado do FOMC . O Fed promoveu alterações relevantes em seu comunicado. Na minha visão, contudo, as mudanças promovidas eram necessárias e, de certa forma esperadas, diante da brusca alteração do cenário externo observada desde a última reunião do Comitê. Com a curva de juros norte americana precificando menos de uma alta completa de 25bps até o final de 2016, o comunicado pode ser lido, neste contexto, como neutro, se comparado as expectativas, mas dovish, se comparado ao comunicado anterior. O grande “problema” da economia mundial hoje reside na Ásia , mais especificamente na China. Assim, apenas a equalização dos problemas nesta região será capaz de pacificar os mercados financeiros globais de maneira mais persistente e permanente. A China anunciou uma série de medidas visando conter a saída de recursos do país nos últimos dias (vide matéria abaixo do WSJ). Não acredito que este tipo de medi

Brasil: Governo quer usar bancos públicos para injetar R$ 50 bilhões na economia

O resultado da  Apple , divulgado no inicio da noite de ontem, não impressionou o mercado. A empresa decepcionou as expectativas em quase todas as linhas de negocio. A empresa espera a primeira queda nas vendas de iPhone em mais de 10 anos. Os comentários do CEO, em relação aos sinais de fraqueza verificados na China no inicio deste ano, também não ajudam o humor global a risco, em um momento de elevada incerteza no cenário econômico. A ação da empresa cai cerca de 3% nas bolsas da Europa essa manhã. Nos  EUA , a API sinalizou para mais um forte acumulo de estoques de  petróleo  e derivados, colocando nova pressão no preço da commoditiy deste o começo da noite de ontem.  Todas as atenções estarão voltadas para a reunião do  FOMC  na tarde de hoje. O mercado hoje precifica menos de uma alta total de 25bps nos juros ao longo deste ano. O Fed será obrigado a fazer um   market-to-market   para o cenário de (menos) inflação e de (menor) crescimento, mas dificilmente irá embarcar em um

Novo regime: Alta volatilidade.

A terça-feira reverteu parte da piora verifica no primeiro dia da semana, em um movimento de “risk-on” generalizado. Parece que estamos em um novo regime de elevada volatilidade, com poucas convicções por parte dos investidores. O mercado parece estar em busca de um novo equilíbrio. Acredito que precisaremos da confirmação de uma economia global ainda saudável, aliada ao apoio dos bancos centrais ao redor do mundo, para uma estabilização definitiva dos ativos de risco. Meu viés ainda é negativo com o cenário econômico mundial, até que os sinais acima sejam emitidos. Neste quesito, a agenda dos EUA acabou ajudando a dinâmica dos mercados hoje. O Markit US Services saiu de 54,3 para 53,7 pontos em janeiro, se mantendo em patamar saudável. O Consumer Confidence passou de 96,3 para 98,1 pontos também em janeiro, acima das expectativas de 96,5 pontos, em patamar consistente com um crescimento em torno de 2%. O CaseShiller House Prices apresentou alta de 0,94% MoM em novembro, most

Risk-Off

Na ausência de notícias relevantes durante a noite, os ativos de risco estão dando continuidade ao movimento negativo verificado ao longo do dia de ontem. A despeito de mais um dia de estabilidade do  CNY  na  China , os índices de bolsa do país recuaram mais de 5%, colocando mais ruído em um cenário já tumultuado. Como comentei na noite de ontem (vide abaixo), os dados de atividade econômica mundial também não estão ajudando a estabilizar o humor global a risco. Esta noite, tivemos novas evidências de desaceleração da economia mundial. Segundo o MS: The  Asia  region is still seeing weak data such as Thailand reporting a fall in both exports (-8.7%Y after -7.4%Y) and imports (-9.2%Y after -9.5%Y) in December. Singapore is similar with industrial production declining by 7.9%Y. The balance sheet adjustment correcting previous lending and supply excesses will continue to keep AxJ in focus. O problema trazido pela queda no preço do  petróleo  (e demais commodities), com impac

Risk-Off

Os ativos de risco tiveram um começo de semana de aversão a risco clássica (“ risk-off ”). Novamente, a narrativa manteve-se a mesma: forte queda no preço do petróleo, pressão no mercado de renda fixa corporativa e renda variável ao redor do mundo, que acabou afetando os ativos dos países mais dependentes de commodities, em especial, do petróleo. Os dados econômicos divulgados neste começo de semana não ajudaram a dar suporte aos mercados financeiros globais: queda do ZEW na  Alemanha , números extremamente fracos de importação e exportação no  Japão , evidências anedóticas de que o  outflow  de recursos da  China  tenham superado os US$150b em dezembro, e sinais de que o  SWF  das principais economias (dependentes de commodities) do mundo vem promovendo saques consistentes de seus Fundos, com intuito de cobrir o déficit deixando, na maioria dos casos, por preços mais baixos das commodities. Somado a isso, tivemos um consenso extremamente negativo emanando de Davos, o vazament

O "Consenso" Negativo de Davos

Os ativos de risco estão abrindo a semana com leve viés negativo, devolvendo pequena parte do  rally  observado na sexta-feira. A  China  manteve o  fixing  do  CNY  relativamente estável, no que parece ser uma nova postura diante dos ruídos criados após a rodada de depreciação observada no inicio do ano, o que pode vir a ajudar a dar algum suporte aos mercados no curto-prazo. Estruturalmente, contudo, parece claro que os fortes fluxos de saída de capitais do país manterão uma pressão para a depreciação da moeda chinesa ainda por algum tempo. O final de semana foi de  news flow  esvaziado, com a mídia apenas repercutindo o  Fórum Econômico Mundial  em  Davos . Os sinais emitidos pelos principais lideres mundiais foi um tanto quanto negativa para o cenário econômico e para mercados financeiros globais. Acredito que podemos ver estes sinais de duas maneiras: A primeira, é que tecnicamente os mercados ficaram muito negativos com os ativos de risco no curto-prazo. A segunda, é que o r

Relief Rally, Finally!

Até o momento, os ativos de risco estão mantendo o bom humor verificado desde a manhã desta sexta-feira. Atribuo está melhora de performance dos ativos de risco a alguns fatores pontuais, mas que podem vir a se tornar mais persistentes: (1) Atuação mais incisiva dos bancos centrais ao redor do mundo, verbalmente ou formalmente (PBoC, ECB e rumores em torno do BoJ), (2) posição técnica já bastante alocada para a piora dos ativos de risco, (3) nível de preços, (4) relativa estabilidade do CNY nos últimos 10 dias, dentre outros, (5) sinais de que a economia mundial, por hora, ainda não está em situação tão calamitante como o mercado chegou a precificar. Neste último ponto, os dados de atividade econômica dos EUA divulgados hoje ajudam a dar algum alívio ao receio em torno da economia do país. O Markit Manufacturing PMI subiu de 51,2 para 52,7 pontos em janeiro, acima das expectativas de 51,0. O Existing Home Sales subiu de 4,76M para 5,46M, acima das expectativas de 5,2M também em d

Rebound!

Os ativos de risco estão dando sinais de estabilização esta manhã, mais uma vez liderados por uma alta de cerca de 3% no preço do  petróleo . Como comentei na tarde de ontem, eu acredito que a postura mais agressiva dos bancos centraid ao redor do mundo deveria ajudar a dar alguma sustentação aos ativos de risco no curto-prazo, mas confesso que, por hora, estava bastante decepcionado com a dinâmica dos ativos de risco, em especial dos ativos dos países emergentes. O price-action desde a tarde de ontem, contudo, eleva minhas esperanças de que podemos passar por um período de estabilização dos mercados globais. Ainda acho cedo, contudo, para acreditar que o período de turbulência dos mercados financeiros globais tenha ficado para trás. Por hora, estou tratando este movimento como pontual, um “ rebound/relif rallly”  em meio a um ambiente ainda hostil para os ativos de risco. Na agenda do dia, destaque para o IPCA-15 no  Brasil , onde vemos riscos de uma inflação superior a 1% MoM. N

Indigestão...

Neste momento, os ativos de risco estão novamente ameaçando uma recuperação, mas ainda mostram claros sinais de fragilidade. O petróleo lidera o movimento, com uma alta de 5%, mas a volatilidade no mercado de FX e Equities ainda é elevada, e mostra pouca convicção por parte do mercado. O destaque do dia ficou por conta da reunião do ECB , na Europa , onde Mario Draghi voltou a sinalizar que está pronto, e detém os instrumentos adequados, para lidar com a crise que ameaça a região. Novas medidas de expansão monetária devem ocorrer na reunião do ECB de março, caso o cenário prospectivo não mostre uma recuperação relevante. A sinalização de Draghi segue uma postura mais agressiva do PBoC na China , que injetou recursos vultuosos no sistema financeiro está noite, já comentado neste fórum pela manhã. Eu acredito que a postura mais agressiva dos bancos centrai ao redor do mundo deveriam ajudar a dar alguma sustentação aos ativos de risco no curto-prazo, mas confesso que, por h

China: PBoC atua de maneira mais agressiva.

Os ativos de risco ameaçaram uma recuperação durante a noite, mais já operam pressionados neste momento. Destaque para o anuncio, na  China , por parte do PBoC, de uma relevante injeção de liquidez no mercado. Segundo a Bloomberg: PBOC to Inject 400b Yuan W/ 7-, 28-Day Reverse Repos: Traders  (Bloomberg) -- The People’s Bank of China will inject 290b yuan into the banking system using 28-day reverse repurchase agreements, and 110b yuan via 7-day reverse repo today, according to traders at primary dealers required to bid at the auctions. Já é a segunda vez este ano que o PBoC anuncia medidas, aparentemente agressivas, de injeção de liquidez na economia. Por hora, as medidas tem sido incapazes de estabilizar o humor global a risco. De qualquer maneira, o CNY continua estável, pelo décimo dia consecutivo, mas as bolsas do país apresentaram mais um dia de forte queda. O PBoC foi o primeiro banco central de uma economia relevante a atuar de maneira mais agressiva e incisiva p

Copom em Foco.

O Copom acabou de anunciar a decisão de manter a taxa Selic estável. O mercado precificava uma alta de 25bps. Como comentei mais cedo: A reunião do Copom de hoje será uma das mais interessantes dos últimos tempos. O mercado precifica hoje uma alta de 25bps nesta reunião. A curva deixou de precificar um ciclo relativamente concentrado de alta de juros nas próximas 4-5 reuniões do Copom para precificar altas mais espaçadas e concentrada no ano de 2017.   Será extremamente importante a comunicação do BCB (se é que ela vale de alguma coisa após os eventos recentes). Gostaria de entender a “função de reação” do BCB no atual estágio do ciclo econômico. Em 2011, ele adotou postura frouxa, promovendo um “cavalo de pau” nos juros. Desde fins de 2014, o BCB adotou postura mais dura, promovendo um ciclo relevante de alta de juros. Resta a dúvida de como o BCB irá reagir diante dos desafios locais e externos. Para isso, a sinalização do comunicado de hoje será fundamental. Segundo o comun