Novo ano, tendências antigas
O primeiro dia de 2015 manteve as tendências recentes, mas
ainda com a liquidez reduzida e com movimentos bruscos em alguns mercados. O
USD forte foi o movimento mais acentuado do dia, liderado por mais uma
entrevista em que Draghi apontou para os riscos deflacionários na Europa,
voltando a deixar claro que um QE mais amplo e agressivo na região é uma
questão de tempo. A forte queda do EUR acabou colocando um forte bid no USD ao longo do dia. O mesmo
discurso de Draghi acabou mantendo os bonds
dos países desenvolvidos bem suportados, favorecendo um movimento global de
fechamento de taxa de juros, especialmente na Europa e EUA. O Petróleo deu
continuidade a seu movimento de queda, ainda sem nenhum sinal consistente de
estabilização. Este movimento pode acabar colocando pressão adicional na
Rússia, um vetor que precisa se monitorado no detalhe.
No Brasil, os ativos locais seguiram, em grande medida, as tendências
globais. O BRL apresentou depreciação de quase 2%, voltando a testar os 2.70. A
curva de juros acabou sofrendo pressão baixista de taxa no final da tarde,
mesmo com a depreciação cambial. A curva ainda precifica altas de
70bps+50bps+25bps nas próximas 3 reuniões do Copom. Acredito que o cenário base
seja de uma alta de 50bps no próximo Copom, com o tamanho total do ciclo
dependendo do nível do BRL e do news flow
de crescimento nos próximos meses, dado que já é sabido que a inflação será em
torno de 1% no curto-prazo. A bolsa, por sua vez, apresentou forte e
disseminado movimento de queda. A ausência de novidades parece ser lida como
negativa para o mercado de renda variável, além de novos indícios de que 2015
pode trazer uma deterioração mais acentuada do mercado de trabalho, com um
panorama inflacionário ainda extremamente desafiador.
Mantenho minha visão de novas rodadas de apreciação do USD ao
longo do ano. Vejo espaço para correções pontuais nas bolsas norte americanas,
apenas por questões técnicas. Acredito que haja espaço para valorização de
longo-prazo das bolsas na Europa e Japão, mas uma correção de curto-prazo nos
mercados norte americanos pode acabar afetando estes mercados. Uma abertura de
taxas de juros nos EUA deverá ser relativa aos acontecimentos na Europa e este
play talvez seja melhor expresso via posições em FX. Acredito que haja valor na
curva local de juros.
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