Riscos no horizonte

Na prática, o ano de 2015 começa definitivamente nesta segunda-feira. A agenda econômica da semana será relativamente esvaziada, com destaque para os dados de emprego de dezembro nos EUA na sexta-feira [expectativa de Payroll de 240k e Taxa de Desemprego de 5.7%]. No Brasil, o destaque ficará por conta da PIM de novembro na quinta-feira [expectativa de 0.5% MoM e -3.9% YoY] e do IPCA de dezembro na sexta-feira [expectativa de 0.78% MoM e 6.43% YoY].

A despeito de um panorama econômico inalterado em relação aos últimos meses, alguns eventos requerem atenção redobrada, e podem acabar trazendo volatilidade e incerteza ao cenário neste começo de ano.

Brasil – Os desafios políticos de Dilma são enormes neste começo de ano e os efeitos da Operação Lava-Jato já começam a serem sentidos na economia. A OAS, um dos maiores conglomerados empresariais do país, anunciou uma renegociação de sua dívida na sexta-feira e teve seu rating cortado para junk bond. A notícia é negativa. Deve afetar as demais empresas envolvidas no escândalo e dificultar a captação de recursos externos pelas demais empresas locais, independente de estarem envolvidas nas investigações. Já se fala em demissão em massa das empresas investigadas, o que deve se somar a demissões já previstas em outros setores da economia. Em suma, o cenário de crescimento continua sombrio. O peso do ajuste econômico irá continuar recaindo sobre Joaquim Levy e seu pacote de ajuste das contas públicas. O BCB deve dar continuidade a seu programa de alta de juros, na tentativa de conter as expectativas de inflação. Acredito que um crescimento mais fraco nos próximos meses, aliado a um ajuste fiscal crível e a uma deterioração no mercado de trabalho, deverão manter o ciclo de alta de juros relativamente contido.

Grécia – Uma notícia na mídia alemã veiculada no final de semana afirma que Merkel e Cia. acreditam que uma eventual saída da Grécia da Área do Euro não traria grandes problemas ou contágio para a região neste estágio do ciclo econômico. Muitos avanços já foram atingidos nos últimos anos e a região estaria mais bem preparada para um evento nestes moldes. Acredito que esta postura possa ser uma jogada política do núcleo da Europa, em uma tentativa de mostrar à esquerda radical grega de que não há espaço para manobras ou negociações em torno dos ajustes que estão sendo efetuados no país. De qualquer maneira, as eleições agendadas para o final deste mês podem trazer incerteza e volatilidade aos ativos europeus neste começo de ano. Acredito que cenário seja baixista para o EUR e pode trazer alguma pressão pontual aos bonds da periferia e as bolsas da região. Não acredito que altere a necessidade de um QE mais amplo na Europa, o que pode manter os yields do núcleo da Europa em baixa.

Rússia – A total ausência de estabilização no preço do petróleo pode voltar a trazer pressão sobre os ativos russos. A crise no país ainda não parece totalmente debelada e precisa ser acompanhada de perto.

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