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Mostrando postagens de fevereiro, 2019

Brasil: Sinais de atenção. Parte II.

Ontem comentei sobre os sinais de atenção da economia domestica (vide aqui:   https://mercadosglobais.blogspot.com/2019/02/brasil-sinais-de-atencao.html ). Hoje o PIB do 4Q de 2018 trouxe notícias negativas novamente. O Brasil cresceu apenas 1,1% no ano passado, mas com uma qualidade não tão positiva. O carrego para 2019 ficou comprometido e os demais sinais de economia são preocupantes. Tenho comentado sobre diferenciar o otimista de longo-prazo, estrutural, com uma visão mais cautelosa de curto-prazo, tanto pelos sinais da economia local, quanto por um cenário externo mais desafiador, tecla que tenho batido já há alguns dias. O PIB hoje se somou a outros indicadores recentes, o que acabou afetando o humor para os ativos locais. Continuo acreditando que estamos em um momento de acomodação e realização de lucros. A estruturação de proteções locais e um portfólio mais defensivo no exterior são ainda mais necessários.

Trump abandona Kim e PMI na China volta a cair.

Os ativos de risco estão abrindo a manhã em leve tom mais negativo. Primeiro, Trump abandonou repentinamente a reunião com o líder norte coreano. Segundo Trump, sua proposta de acordo para de nuclearização não foi aceita. Segundo, o PMI Manufacturing na China permaneceu abaixo de 50 pontos em fevereiro e ainda apresentou mais um degrau de queda. Segundo a Goldman Sachs: China's NBS manufacturing PMI declined to 49.2 in February from 49.5 in January. Based on the survey, production growth softened while new orders rose in the month. The production index declined by 1.4pp to 49.5 in February, and new order sub-index rose by 1.0pp in February. The employment sub-index was 0.3pp lower at 47.5. Trade indicators fell meaningfully - the imports sub-index went down to 44.8 from 47.1, and the new export order sub-index was at 45.2, vs. 46.9 in January. Both indexes were at the weakest level since GFC. Inventory indicators suggest a destocking trend - the raw material inventori

Brasil: Sinais de atenção.

Dois indicadores hoje no Brasil merecem atenção. É claro que um mês não quer dizer muita coisa, mas são indicadores que se somam a outros sinais de dificuldades na recuperação da economia do país. Os números do mercado de trabalho de janeiro mostraram uma estagnação neste setor da economia. A criação de empregos se recupera a passos lentos, a qualidade dos empregos criados é, na média, ruim, e os rendimentos dos trabalhadores dão sinais de enfraquecimento. O mercado de trabalho vem em uma dinâmica de recuperação extremamente lenta e gradual e parece ter chegando em um estágio de estagnação, a despeito dos vetores favoráveis a continuidade de recuperação. O emprego costuma ser um indicador “atrasado” da economia, mas os números recentes merecem atenção. Os dados de crédito de janeiro mostraram deterioração. Alta de taxas e spreads aumento de inadimplência e menos concessões. O crédito vinha em uma dinâmica de recuperação e o número de janeiro parece mais uma acomodação d

Trump/Cohen, Índia/Paquistão e Política Local.

Os ativos de risco, ontem, abriram sob leve pressão, ameaçaram uma recuperação ao longo do dia, mas acabaram fechando em tom um pouco mais negativo. Destaque para o movimento de dólar fraco, especialmente contra G10, que se estende essa manhã. Hoje cedo, neste momento, vemos novamente sinais de fragilidade no humor global a risco. Acredito que o mercado possa ter “cansado” um pouco após a recuperação rápida e acentuada deste início de ano, e podemos conviver com alguma acomodação/realização de curto-prazo. Ainda ontem, os dados econômicos divulgados nos EUA foram mistos. Observamos uma forte queda no setor imobiliário, porém uma recuperação da confiança do consumidor. Os sinais da economia americana mostram um crescimento ainda saudável, porém com alguma acomodação. Dentre as regiões do mundo, é que ainda demonstra mais robustez. O que parece estar chamando mais a atenção desde ontem será o depoimento de Michael Cohen, ex-advogado de Trump e acusado de corrupção. Segundo a mí

Vamos falar sobre o Câmbio.

Um tema que surge constantemente em conversas com gestores locais, e acredito ser tema de muitas rodas de conversas na sociedade em geral, é para qual patamar irá o câmbio, o Real contra o Dólar Americano, em uma situação normal em que o país aprove uma Reforma da Previdência minimamente capaz de estabilizar a dívida/PIB no longo-prazo. Está pergunta está longe de ter uma resposta fácil, até porque câmbio é um valor relativo e muito se depende do cenário internacional para o dólar e os fluxos para o país. No geral, o Brasil tem hoje uma situação externa bastante tranquila. Nosso déficit em conta corrente é baixo (em torno de 1% do PIB) para os padrões de um país em desenvolvimento e com necessidade de crescimento, nosso financiamento é saudável, com os investimentos estrangeiros diretos, um financiamento de longo-prazo, mais do que cobrindo este déficit em conta corrente, mas um fluxo para renda fixa e bolsa ainda instável e volátil, como é normal em toda economia desenvolvid

Trump prorroga implementação de tarifas adicionais à China.

Os ativos de risco estão abrindo a semana em tom positivo. As bolsas da Ásia apresentaram forte alta, lideradas pelos índices da China. Ontem, Trump anunciou que irá prorrogar o prazo de implementação das tarifas adicionais a China, após avanços substanciais nas negociações entre os dois países para um acordo comercial. Já haviam rumores de que isso poderia acontecer a cerca de 10 dias. Assim, a medida não é de toda surpreendente, mas não deixa de ser positiva para o humor dos ativos de risco. A expectativa deste acordo, aliado a mudança de postura por parte do Fed, são os principais vetores de sustentação para os ativos de risco neste começo de ano. Continuo acreditando que estamos em um interregno benigno, em uma janela positiva para os mercados, porém em um equilíbrio instável. O aparente cenário atual de “goldilocks”, ou crescimento ainda saudável com baixa inflação e sem mudanças bruscas de política monetária, me parece insustentável no longo-prazo. Este panorama pos

Crescimento vs Política Monetária.

Ontem estivemos com o gestor de um grande fundo multimercado local e tivemos uma conversa, um debate, muito importante para o panorama atual e a dinâmica dos ativos de risco. O que é mais importante para os ativos emergentes e os ativos do Brasil? O crescimento global que dá sinais preocupantes de desaceleração? Ou a pausa no processo de normalização monetária do Fed, que está sendo seguida por outros bancos centrais ao redor do mundo? Segundo este gestor, e tendo a concordar, no curto-prazo, após o último trimestre do ano passado, de forte pressão nos ativos de risco os preços, os valuations e a posição técnica melhoraram, faltava uma mudança de cenário. A sinalização de pausa do Fed foi o sinal necessário para a recuperação dos ativos de risco, em especial dos ativos emergentes. Questionei sobre o quanto a desaceleração global afeta este ambiente mais positivo, que para ele pode durar ainda algum tempo. Eles não estão vendo a desaceleração global, pelo menos ainda, com

Reforma da Previdência

Apenas para ficar claro minha visão sobre a Reforma da Previdência. Ontem passamos a tarde dissecando a proposta com nosso Economista Chefe. A proposta como está hoje apresenta economia na ordem de R$1.150 trilhões em 10 anos. Temos alguma convicção que o texto será alterado ao longo do caminho. Acreditamos que o debate deve começar de um valor em torno de R$850 a R$900bi, ainda deixando espaço para uma economia na ordem de R$650bi a R$750bi em 10 anos. Em suma, ainda vemos muita margem, ou muita gordura para ser “queimada” nas negociações. É natural que os debates se intensifiquem a partir de agora (vide aqui: https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2019/02/servidores-com-altos-salarios-ameacam-ir-ao-supremo-contra-aliquota-de-12.shtml ). O caminho será longo e tortuoso até uma aprovação final. Faz parte do processo democrático e político de uma sociedade republicana. De maneira geral, em uma opinião mais pessoal, acho que o mercado trabalha hoje com uma Reforma com econom

Crescimento global em foco!

Os ativos de risco estão abrindo em tom mais positivo após uma quinta-feira de alguma pressão negativa e aversão a risco. Entendo que a pausa no processo de normalização monetária por parte do Fed, os estímulos adicionais (fiscal, monetário e creditício) na China e a expectativa de um acordo comercial entre EUA e China estejam dando suporte aos ativos de risco este início de ano. O nível de preços/valuations e a posição técnica após a correção do último trimestre do ano passado também ajudam. Contudo, continuo vendo sinais preocupante do crescimento global (vide abaixo), o que me impede de alterar minha visão mais cautelosa e negativa para os próximos meses. Continuo achando que estamos em um interregno benigno de curto-prazo, que pode durar algumas semanas ou meses, mas em um ambiente de longo-prazo ainda desafiador. Espero novas rodadas de aumento de volatilidade e correção dos ativos de risco. Acredito que estamos no ponto em que a adição de proteções e hedges nas carteira

Crescimento ainda frágil na Europa e repercussão da Reforma da Previdência no Brasil.

As bolsas da Europa e da Ásia estão apresentando recuperação essa manhã, após movimento semelhante ontem nos mercados norte americanos na parte da tarde. O destaque internacional desta manhã ficou por conta dos números preliminares de PMI na Europa. Como podemos ver no resumo a abaixo, os números foram mistos, com uma incipiente recuperação (ou estabilização em patamares ainda baixos e deprimidos) do indicador de serviços, porém mais uma preocupante queda do setor de manufatura. No geral , os números continuam apontando para um quadro de fragilidade do crescimento e da economia da Europa. ▪ Flash Eurozone PMI Composite Output Index(1) at 51.4 (51.0 in January). 3-month high. ▪ Flash Eurozone Services PMI Activity Index(2) at 52.3 (51.2 in January). 3-month high. ▪ Flash Eurozone Manufacturing PMI Output Index(4) at 49.2 (50.5 in January). 69-month low. ▪ Flash Eurozone Manufacturing PMI(3) at 49.2 (50.5 in January). 68-month low. No Brasil, os jornais estão repe

Reforma da Previdência e Minutas do FOMC.

Dois eventos marcaram o dia. No Brasil, Bolsonaro apresentou ao Congresso a Reforma da Previdência. O texto parece bastante abrangente e durO, dentro do que vinha sendo ventilado na mídia. A despeito da direção correta, o mercado teve mais um dia de realização de lucros. A dinâmica está bastante em linha com o que comentei aqui no inicio da semana (vide aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com/2019/02/brasil-politica-ganha-os-holofotes.html ). A recuperação dos ativos locais foi em muito ajudada pelo ambiente externo. A agenda de reformas precisa avançar para que o país fique blindado de choques externos. Receio que podemos passar por um momento de maiores turbulências. Ainda não alterei minha visão construtiva de longo-prazo para o Brasil, mas o curto-prazo me preocupa um pouco. A grande questão hoje é quanto tempo levará para aprovação da Reforma, qual a real articulação do governo e quão desidratada o texto base ficará no final do processo. Mantenho visão est

Sinais ainda ruins de crescimento global e situação política no Brasil.

As bolsas da Europa e da Ásia estão apresentando recuperação essa manhã, após movimento semelhante ontem nos mercados norte americanos na parte da tarde. Não há novidades relevantes no cenário internacional. A pausa no processo de normalização monetária por parte do Fed, as medidas de estímulo na China e a esperança de acordo comercial entre EUA e China continuam a dar suporte aos ativos de risco ao redor do mundo. Os dados econômicos continuam mostrando uma economia global em desaceleração. Veja no Japão, por exemplo: Also of note, excluding price effect, # Japan Jan. real exports - 6.8% YoY (largest contraction since Feb. 2013) v 0.0% prior. O Ano Novo Lunar, na China, pode ter ajudado a distorcer o indicador, mas olhando sua abertura vemos uma desaceleração em quase todos os principais parceiros comerciais, e não apenas na China. Isso confirma o ambiente de desaceleração mundial que já virou regra desde o ultimo trimestre do ano passado. Segundo fontes, os EUA

Brasil: Política ganha os holofotes.

Dado a ausência de grandes novidades no cenário internacional, irei focar nos desdobramentos locais. Primeiro, o “caso Bebianno” ganhou novos contornos após o vazamento das gravações entre ele e o presidente. Confesso que não vi nenhum ilícito nas gravações. O vazamento é ruim pois traz o tema de volta a tona e mostra uma certa ambiguidade nas falas de Bolsonaro e seu filho. De qualquer maneira, este tema, em específico, continuo acreditando que será um ruído de curto-prazo. De qualquer maneira, continuo acreditando que estamos em um momento de acomodação dos ativos locais e que proteções e hedges são necessários. Segundo, o governo sofreu uma derrota acachapante hoje na Câmara (vide aqui: https://politica.estadao.com.br/noticias/geral,camara-aprova-urgencia-para-derrubar-decreto-sobre-sigilo-de-documentos,70002728003?utm_source=estadao:twitter&utm_medium=link ). Este tema me preocupa mais, pois mostra total desarticulação política. O lado positivo é que iss

Brasil: Novos ruídos.

Os ativos de risco estão abrindo o dia em tom mais negativo. As bolsas da Ásia tiveram uma terça-feira de queda, as bolsas na Europa caem e os futuros das bolsas dos EUA operam entre a estabilidade e a leve queda. O Ouro segue sua trajetória de alta e o mercado de juros dos países desenvolvidos fecha taxa. Todos sinais de uma aversão a risco ainda presente no mercado. Destaque apenas para o resultado do HSBC e de seu guidance mais cauteloso. A ação do banco cai, neste momento, cerca de 3,5% em Londres (aqui: https://www.bloomberg.com/news/articles/2019-02-19/hsbc-reports-full-year-profit-below-analyst-estimates ). No Brasil, a Folha traz novas acusações ao governo, desta vez mirando o Ministro do Turismo (vide aqui: https://www1.folha.uol.com.br/poder/2019/02/ministro-do-turismo-sabia-de-esquema-para-psl-lavar-dinheiro-diz-ex-candidata.shtml ). Este governo, assim como todos os outros governos no passado, precisará aprender a lidar com acusações. É inegável que este tipo

Brasil: Acomodação.

Serei breve. Em dia de feriado nos EUA, os ativos locais tiveram uma segunda-feira de realização de lucros, com alta do dólar, abertura de taxas no mercado de juros (com steepening da curva) e queda da bolsa. Os ruídos do final de semana parecem ter ajudado a correção. Já tratei deste tema no domingo (aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com/2019/02/bebianno-inflacao-no-brasil-crescimento.html ). Acredito que o “evento Bebianno”, cuja exoneração foi confirmada há pouco, é um ruído de curto-prazo. Contudo, sem o fluxo estrangeiro e com os locais já alocados em Brasil, continuamos passando por um momento de acomodação dos ativos brasileiros. No cenário externo, o dólar continua mais forte contra as moedas emergentes em geral. A despeito da aparente tranquilidade da superfície, continuo vendo um ambiente desafiador para a economia mundial. Não vejo grandes movimentações por parte dos fundos, que continuam alocados em Brasil em uma posição consensual e sem grandes alocações

Reforma em evidência no Brasil, dados negativos na China.

Hoje é um dia de feriado nos EUA, o que deverá prejudicar a liquidez dos mercados. Após bom desempenho dos mercados nos EUA na sexta-feira, as bolsas da Ásia apresentaram boa performance nesta segunda-feira. Os mercados na Europa apresentam leve correção neste momento. Não há muitas novidades relevantes. Ontem tratei dos principais pontos do final de semana, vide aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com/2019/02/bebianno-inflacao-no-brasil-crescimento.html . Algumas notícias do jornal que valem ser mencionadas: Matéria interessante do Valor sobre a proposta da reforma da previdência e seu viés mais “democrático”: https://www.valor.com.br/politica/6122829/proposta-de-reforma-busca-equiparacao . Debate de política monetária no Brasil, com a possibilidade de novo corte da Taxa Selic ainda no radar. Reforço que meu cenário base é de manutenção da Selic no atual nível, já expansionista, no horizonte relevante de tempo. Não gosto do risco/retorno da curva curta de juros. G

Bebianno, Inflação no Brasil, Crescimento Global e China.

O momento me parece oportuno para tratar, ou repensar, alguns temas, de curto e longo-prazo, que estão em voga no cenário atual. Brasil/Política/Bebianno – O Ministro da Secretária Geral da Presidência, forte apoiador de Jair Bolsonaro, foi literalmente fritado e, aparentemente, segundo a mídia, será exonerado de seu cargo. O ruído começou após Bebianno ser acusado pela mídia de promover “candidatos laranjas” pelo PSL. Vale reforçar que, por ora, são apenas acusações e notícias na mídia, sem nenhuma investigação formal ou condenação que se tenha notícia. Acho muito difícil tomar partido de qualquer um dos lados e minha intenção neste fórum nunca foi (ou será) tomar um lado político, mas apenas fazer uma análise dos fatos e seus desdobramentos para o cenário econômico e os mercados financeiros. Acredito que, talvez, o modo como a situação tenha sido conduzida tenha sido errado, ou seja, a forma de condução do processo. Contudo, só saberemos se a decisão (de exonerar o mini