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Mostrando postagens de setembro, 2018

Pausa.

O “Mercados Globais” irá fazer uma pausa até o dia 8 de outubro. Neste ínterim, estarei focado em outros projetos, com acesso limitado ao e-mail. Estarei, contudo, acompanhando a evolução dos mercados financeiros globais e do cenário econômico. Caso acredite que haja a necessidade de um breve comentário de atualização ou mudança de cenário ou visão, farei meu dever fiduciário de comunica-los. Por ora, mantenho a minha visão estrutural inalterada e vejo os movimentos recentes apenas como movimentos cíclicos, pontuais e localizados, em busca de algum retorno adicional de curto-prazo em meio a um cenário global e local ainda extremamente desafiador. Relembrando, vejo as principais economias desenvolvidas em um movimento estrutural, que promete ser prolongado, de normalização monetária e retirada de liquidez e estímulos. Os números de inflação na Alemanha de hoje apenas me fazem lembrar que “ the winter is coming (on the north!) ”, ou melhor, a inflação está chegando em um país perto

Ruídos na Itália e inflação na Alemanha.

Os ativos de risco estão abrindo a quinta-feira com leve viés negativo, com destaque para um movimento de dólar forte no mundo e leve pressão nas bolsas da Europa e dos EUA. Na tarde de ontem comentei um pouco sobre a reação a decisão do Fed (aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/09/fed-eleicoes.html ). A única “novidade” que vejo hoje pela manhã é a ausência de avanços no tocante ao acordo político para o orçamento na Itália, que pode estar trazendo incerteza para a Europa e seus ativos. As bolsas da região operam em queda e os bonds na Itália apresentam abertura de taxas de juros. Na Alemanha, a divulgação do CPIs (inflação) regionais apontam para um risco altista na inflação fechada do país, a ser divulgada ainda esta manhã. Na agenda do dia, destaque para o Jobless Claims e o Durable Goods Orders nos EUA.

Fed & Eleições.

Como eu suspeitava, ou temia, hoje pela manhã, (vide aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/09/a-espera-do-fed.html ) a decisão do FOMC, seu comunicado e suas previsões de crescimento, inflação e taxa de juros foram rigorosamente em linha com as expectativas, mas o mercado acabou tendo uma leitura de que o Fed foi mais “ dovish ”, pelo simples fato de ter retirado a menção as condições monetárias acomodatícias, o que era esperado por muitos analistas, como comentei hoje cedo. Não vejo motivos para alterar as expectativas em torno do processo de normalização monetária nos EUA e nem mesmo o pano de fundo ainda desafiador para a economia mundial e os mercados financeiros globais. Ainda vejo a economia dos EUA em estágio avançado do ciclo econômico, com hiato do produto fechado, no pleno emprego e com acumulo gritante de pressões inflacionárias. Na minha visão, alguns fluxos de final de mês e trimestre, alguns rebalanceamentos de carteiras, aliados a percepção de preços

A espera do Fed.

Os ativos de risco estão abrindo a quarta-feira em tom de relativa estabilidade, com movimentos mistos porém pouco acentuados. O destaque do dia ficará por conta da decisão do FOMC nos EUA. Já é amplamente esperado que os juros serão elevados em 25bps. Existe, contudo, uma dúvida de como será o comunicado do Comitê as previsões do Fed. Alguns já esperam uma mudança no comunicado, para indicar juros menos expansionistas, ou mais restritivos, além de alguma sinalização mais forte em torno dos riscos da “guerra comercial” e dos mercados emergentes. Acredito que a economia interna dos EUA está extremamente forte e condizente com a continuidade do ciclo de normalização monetária, sem que haja a necessidade de sinalização de alguma interrupção ou pausa no ciclo de alta de juros. Além disso, as condições financeiras estão bastante frouxas, o que reforça este cenário. A guerra comercial e os desafios nas economias emergentes devem ser citados apenas como risco a um cenário base robusto

Brasil: Dicotomia entre incerteza do cenário e dinâmica do mercado.

Os ativos no Brasil tiveram um dia de elevada volatilidade. Após abrirem sob forte pressão negativa, digerindo a pesquisa Ibope de ontem a noite ( https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/09/pesquisa-ibope-e-normalizacao-monetaria.html ), vimos uma forte recuperação ao longo da tarde. Alguns argumentos ou teorias para a melhora: - O mercado está tecnicamente mais “leve” e os preços (dos ativos emergentes em geral) estão mais atrativos; - Os investidores estão mais tranquilos com o cenário eleitoral, seja pelo otimismo com eventual governo de Bolsonaro, seja com um possível passo de Haddad mais ao centro; - Fluxos, especialmente de rebalanceamentos de final de trimestre; - O mercado está mais ajustado globalmente para o cenário externo de normalização monetária das economias desenvolvidas e os ativos emergentes acabam chamando a atenção pelo “valuation” comparativo mais atrativo do que seus pares nos países desenvolvidos. Continuo vendo o período eleitoral com elevada v

Pesquisa Ibope e normalização monetária global.

O destaque desta manhã está por conta de mais uma rodada de abertura de taxa de juros no mundo desenvolvido, liderado pelos EUA. Além do cenário que já tenho descrito neste fórum: pleno empego, hiato do produto fechado e acumulo de pressões inflacionárias, agora, observamos um número cada vez maior de banqueiros centrais alertarem para este quadro e para a necessidade de continuidade do processo de normalização monetária, levando os juros para taxas superiores ao que o mercado precifica e a taxas terminais mais elevadas do que se imaginava anteriormente. O Morgan Stanley resumiu bem este cenário em seu relatório diário de moedas hoje: Hawkish central banks…  Hawkish rhetoric from central bankers continues to put upward pressure on yields. The ECB is the latest of a string of central banks which have taken more hawkish steps in recent months.  Fed Governor Brainard’s speech  raised eyebrows when, in contrast to her previously dovish remarks, she suggested the FOMC may need to rais

Relatório Semanal de Asset Allocation:

Cenário Econômico: No Brasil, o destaque da semana ficou por conta da decisão de política monetária por parte do Banco Central do Brasil (BCB). O BCB anunciou a manutenção da Taxa Selic em 6,50%, como era amplamente esperado. Havia apenas cerca de 10bps de prêmio de risco na curva de juros para esta reunião e 10% de probabilidade de alta nas opções digitais, valores praticamente residuais. O comunicado após a decisão, contudo, caminhou para uma sinalização mais clara da possibilidade concreta e crescente do início de um ciclo gradual de alta de juros já na próxima reunião. A curva curta de juros terá que digerir duas forças antagônicas a partir de agora. De um lado, uma precificação que já aponta para cerca de 80 a 90bps de alta nas próximas duas reuniões do Copom e um comunicado que sinaliza para um processo, ainda incerto, que seria “gradual” de altas de juros, ou seja, estas altas precificadas poderiam ser excessivas. De outro lado, a sinalização mais concreta de des

Brasil: Pesquisa BTG Pactual mostra avanço de Haddad.

A despeito de um fluxo de notícias mais negativo, os ativos de risco estão abrindo a semana em tom misto. Comentei sobre os eventos recentes aqui, https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/09/guerra-comercial-us-tech-eleicoes-brasil.html e aqui, https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/09/brasil-relief-rally-em-meio-um-cenario.html . No Brasil, a pesquisa eleitoral divulgada pelo BTG Pactual nesta manhã mostra a consolidação de Bolsonaro em primeiro, com cerca de 33% nas intenções de voto. Haddad continua em trajetória positiva e na pesquisa estimulada chega aos 23%. Na simulação de segundo turno entre os dois Bolsonaro caiu de 46% para 44% e Haddad subiu de 38% para 40%, mostrando o mesmo quadro de empate técnico entre ambos, Já comentei intensamente sobre este cenário em textos recentes ( https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/09/brasil-precisamos-entender-raiz-do.html ). De acordo com a mídia, Bolsonaro prepara um “manifesto a nação” para tentar demostrar menos radicali

Guerra Comercial, US Tech & Eleições Brasil.

De acordo com o WSJ e em notícia já disseminada na mídia internacional ( https://www.wsj.com/articles/china-cancels-trade-talks-with-u-s-amid-escalation-of-tariff-threats-1537581226 ), a China cancelou o envio de sua delegação que estava agendada para discutir a relação comercial com os EUA. Assim, as tarifas em cerca de US$200b adicionais de importações chinesas aos EUA deve entrar em vigor nesta segunda-feira. Trump já sinalizou que pretende iniciar o estudo de tarifas adicionais em US$267bi de novos produtos chineses, o que levaria a taxação da integralidade dos produtos da China que chegam aos EUA. Como já escrevi neste fórum diversas vezes, acredito que não existe, neste momento, nenhum estímulo para os EUA alterarem sua postura. Por sua vez, a China não pode, por questões políticas e estratégias, se curvar a todas as demandas americanas. Assim, acredito que a situação tenha que piorar, seja por uma forte deterioração do cenário econômico (mais provável na China do que nos EU

Brasil: "Relief rally" em meio a um cenário ainda incerto.

Os ativos no Brasil apresentaram ontem mais um dia de recuperação, com excelente desempenho. Na minha opinião, este movimento está sendo impulsionado por alguns vetores concomitantes, entre eles: - Uma posição técnica que parece favorável a alocação no Brasil; - Preços e valuations que parecem ter atingindo níveis atrativos para alguns investidores; - Uma estabilização do cenário externo e descompressão de prêmios de risco para os ativos emergentes e commodities; - Um otimismo com a possível vitória de Jair Bolsonaro nas eleições e sua aparente agenda econômica liberal (escrevi sobre isso aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/09/brasil-precisamos-entender-raiz-do.html ). Minha visão continua a mesma. Acredito que estes movimentos sejam cíclicos e não estruturais. Não vejo mudanças estruturais no cenário externo (veja aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/09/em-relief-rally-eleicoes-e-copom.html ) ou no ambiente desafiador interno (veja no link do último

"Risk-on" ainda domina.

Os ativos de risco estão abrindo na mesma toada que vem sendo regra nos últimos dias, ou seja, com movimentos de “risk-on” quase que generalizados. Para não soar repetitivo, meus comentários sobre o tema estão aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/09/brasil-precisamos-entender-raiz-do.html e aqui https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/09/em-relief-rally-eleicoes-e-copom.html . O destaque da agenda ficará por conta da pesquisa eleitoral encomendada pela XP Investimentos. Na Europa, o Flash Manufacturing PMI – um dos indicadores de confiança e crescimento mais importantes da região – apresentou leve e inesperada queda em setembro, mostrando uma economia ainda relativamente saudável dado o nível do indicador, mas com sinais claros de arrefecimento ou acomodação.

Brasil: Precisamos entender a raiz do problema.

Os ativos de risco estão passando por um momento de recuperação, após o Core CPI nos EUA mostrar um cenário de inflação controlada e a ausência de necessidade de uma aceleração do processo de normalização monetária nos EUA. Soma-se a isso, a visão de que a posição técnica de algumas classes de ativos (emergentes, commodities e etc), os preços e os valuations estavam atrativos para alocações nessas classes. Continuo vendo essa dinâmica muito mais como cíclica do que estrutural, podendo durar alguns dias ou algumas semanas, mas dificilmente alguns meses, na ausência de mudanças substanciais do pano de fundo global. O Brasil está sendo levado “a reboque” deste movimento global, a despeito dos enormes desafios que irá encontrar pela frente. Não é a primeira vez, e não será a última vez, que o cenário externo irá preponderar sobre o cenário local. Na média, isso ocorre com mais frequência do que muitos imaginam. Com as eleições chegando não posso me furtar de comentar sobre o

Brasil: Pesquisa Datafolha confirma o Ibope e um cenário que demanda cautela.

Os ativos de risco estão abrindo a quinta-feira relativamente estáveis. Ontem a noite comentei um pouco mais sobre o alívio nos ativos emergentes, a pesquisa Ibope e a decisão do Copom e minha visão pode ser revista aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/09/em-relief-rally-eleicoes-e-copom.html . Hoje pela madrugada o Datafolha divulgou pesquisa ( https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/09/bolsonaro-vai-a-28-e-haddad-a-16-ciro-lidera-no-2o-turno-mostra-datafolha.shtml ) que basicamente confirma o cenário mostrado pelo Ibope ontem. A pesquisa Datafolha foi mais completa, com cerca de 8 mil entrevistas. Bolsonaro segue consolidado na liderança das intenções de voto com cerca de 30%. Fernando Haddad segue em ampla ascensão, aparecendo em segundo com 16%. No cenário de segundo turno entre os dois há empate técnico, mas com a derivada de Haddad se mostra mais positiva, já que mostra ascensão rápida e pode aparecer na liderança do segundo turno em breve. Reforço o que comen

"EM Relief Rally", Eleições e Copom.

Os ativos de risco estão passando por um momento de consolidação, com os ativos emergentes e as commodities, classes de ativos que mais sofreram nos últimos meses, experimentando o que eu tenho chamado de “ relief rally ”. A posição técnica, o nível de preços e valuations e a aparente ausência de riscos no cenário de curto-prazo são argumentos para este tipo de movimento. Já havia escrito, após a divulgação do Core CPI nos EUA, que algo deste gênero pudesse ocorrer ( https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/09/inflacao-mais-baixa-nos-eua-nao-muda-o.html?q=core+cpi ). Por ora, contudo, não vejo o principal vetor de pressão estrutural desses mercados sendo dissipados, leia-se, a continuidade do processo de normalização monetária nas economias desenvolvidas, em especial e liderada pelos EUA. Assim, vejo estes movimentos como cíclicos, pontuais e não estruturais. Eles podem durar dias, talvez semanas, mas dificilmente alguns meses, na ausência de uma mudança significativa, de fato, n

Guerra Comercial entra em estágio mais avançado.

No início da noite de ontem os EUA anunciaram o que já vinha sendo ventilado ao longo de todo o dia, leia-se, a imposição de tarifas de importação em cerca de US$200bi de produtos da China. As tarifas irão dobram depois de 1 ano, caso não haja avanço nas negociações entre os dois países. Os EUA declararam que entrarão na terceira fase de seu processo, ou seja, a imposição de tarifas em mais cerca de US$267bi de produtos da China, caso a China anuncie retaliação. Nesta manhã, a China anunciou que irá retaliar instantaneamente as medidas americanas. Os ativos de risco reagiram de maneira bastante negativa a notícia, operaram sobre forte pressão ao longo de toda a noite, mas por volta de 3h00 iniciaram um processo de recuperação e, neste momento, operam com viés mais positivo e leve “risk-on”. Eu vejo o cenário externo com cautela, não apenas pelo avanço da “guerra comercial”, mas como pelo quadro geral da economia dos EUA que venho descrevendo neste fórum há alguns meses. A “guerra

Brasil: Uma análise do mercado local.

Os ativos locais (Brasil) estão encerrando o dia com forte apreciação, a despeito de um ambiente global mais desafiador, com queda das bolsas nos EUA e desempenho misto dos demais emergentes. O movimento de hoje está em linha com o que supus que pudesse ocorrer ( https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/09/brasil-pesquisa-btg-pactual-mostra.html ), mas talvez em velocidade maior do que o esperado. Talvez esteja ajudando o movimento a posição técnica do mercado e a notícia vinculada na mídia local ao longo do dia que o Centrão pudesse apoiar Bolsonaro “em breve”. Para deixar minha visão de hoje cedo mais clara, dado que recebi alguns questionamentos a respeito, acho importante frisar que não estou fazendo juízo de valor de nenhum candidato ou nenhum plano de governo, apenas tentando fazer uma leitura fria e racional da reação do mercado em relação ao avanço de cada um dos candidatos nas pesquisas eleitorais. Dito isso: Diante dos atuais preços do mercado (ou dos preços

Relatório Semanal de Asset Allocation:

Cenário Econômico: Na nossa visão, dois grandes temas estão ditando o ritmo dos ativos locais e deverão continuar assim pelo menos nos próximos meses. No Brasil, as eleições para presidente continuam sendo o principal vetor propagador de incerteza ao cenário, já que não vemos mudanças drásticas no campo econômico. Nos últimos dias, as pesquisas de intenções de voto mostraram a consolidação de Jair Bolsonaro na liderança das pesquisas. Fernando Haddad, agora oficialmente o candidato do PT, mostra avanço rápido e acentuado nas pesquisas. Neste momento, encontra-se na segunda colocação, disputando posição com Ciro Gomes. Geraldo Alckmin e Marina Silva, a despeito do empate técnico com Haddad e Ciro, aparecem numericamente atrás, mostrando pouca competitividade e capacidade de angariar apoio adicional. Olhando de hoje, vemos o cenário de maior probabilidade, porém com convicção baixa, de um segundo turno entre Bolsonaro e Haddad. Na nossa visão, ainda é cedo para traçar os cenári