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Mostrando postagens de outubro, 2018

Pausa para recarregar as baterias.

Este espaço irá parar para recarregar as baterias até o dia 10 de novembro. Eu sei que o momento não é o mais oportuno, mas neste nosso mercado não existe momento ideal para paradas “técnicas”. Esses momentos costumam ser proveitosos para momentos de reflexão. Não pretendo fazer atualizações de cenário, dado o acesso restrito a internet e equipamentos eletrônicos. A terça-feira trouxe um pouco da confirmação do cenário recente. O PIB da Área do Euro ficou abaixo das expectativas, com sinais preocupantes, em especial da estagnação da economia da Itália. Na Alemanha, a inflação ficou acima das expectativas em setembro. Estes números confirmam um quadro de menor crescimento e maior inflação que tenho reportado neste fórum de agora em diante, especialmente no mundo desenvolvido. Nos EUA, o Consumer Confidence ficou acima das expectativas e atingindo um novo pico deste ciclo econômico.   A abertura mostrou novo avanço do mercado de trabalho na direção de fechamento do hiato do pro

Brasil: Previdência e Reservas Internacional.

Os ativos de risco estão ameaçando uma reação positiva essa manhã, mas a volatilidade permanece elevada e os sinais de fragilidade ainda estão presentes. Não há novidades relevantes no cenário. No Brasil, em entrevista a vários canais de TV na noite de ontem, Bolsonaro afirma que tentará aprovar alguma coisa da pauta que já está em andamento no Congresso, inclusive a Reforma da Previdência. Contudo, o presidente eleito afirma que a idade mínima de 65 ano não tem chances de passar e não dá detalhes sobre o seu plano para a Reforma. Até acho que a estratégia de votar a Previdência agora seja inteligente do ponto de vista político. Se aprovar alguma coisa, o novo governo mostra força. Se não aprovar, a culpa será do antigo governo, provavelmente os mercados irão reagir negativamente, e isso colocará o próximo congresso em alerta e pressionado para votar as reformas de maneira mais urgente. Sou cético, contudo, que qualquer coisa relevante seja votada por este governo e este congress

Sem luz no fim do túnel?

Como está semana marca o final do mês, não teremos nosso relatório semanal. Divulgaremos os relatórios mensais assim que encerrado o mês no meio da semana. A segunda-feira foi novamente de forte pressão nos ativos de risco globais. Os ativos no Brasil não aguentaram a pressão externa e acabaram seguindo o humor global a risco em direção mais negativa. Acredito que 3 vetores expliquem a continuidade do movimento negativo nos ativos de risco, além de todos aqueles já tratados neste espaço nos últimos meses (veja aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/10/algumas-coisas-mudaram.html ): 1 – Os eventos no México trouxeram de volta a tona os riscos inerentes as economias emergentes e seus ativos  (veja aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/10/uma-palavra-sobre-o-mexico.html ) . Por mai s que a situação no país seja muito específica, em período de seguidos problemas na classe emergente (Argentina, Turquia, México e etc) este tipo de questão traz apenas incertez

Uma palavra sobre o México.

Dado a volatilidade do mercado no México e seu potencial de respingo nos demais países da América Latina, vale aqui um breve comentário: Andrés Manuel Lopez Obrador, mais conhecido como AMLO, foi eleito presidente do México há alguns meses atrás, após várias derrotas em eleições anteriores. AMLO sempre foi considerado um político mais a esquerda, do partido PRD (   Partido de la Revolución Democrática ). Ao longo dos anos, AMLO migrou seu discurso mais ao centro, em especial nesta campanha, conforme sua candidatura foi ganhando corpo e apoio. Quando sua vitória parecia certa, “o mercado” comprou seu passo mais ao centro e acreditou em uma plataforma de governo nesta direção. Neste ínterim, vimos uma grande alocação positiva em ativos do país, na expectativa de um governo pro-mercado e na apreciação dos ativos locais (já vimos este filme na Argentina...). Contudo, um de seus primeiros gestos foi convocar uma consulta a sociedade em torno das obras de um novo aeroporto na

Brasil: Um novo ciclo se inicia.

Antes do texto de hoje, acho importante deixar claro que não faço apologia a vitória (ou derrota) deste, ou daquele candidato a presidente. Minha intenção (e obrigação) é apenas de analisar, do ponto de vista econômico a agenda do candidato vitorioso e seus impactos nos mercados financeiros locais. Como era amplamente esperado, Jair Bolsonaro se consagrou presidente do Brasil no segundo turno das eleições ocorridos neste domingo. Na minha opinião o discurso oficial do candidato para o “pool” da mídia buscou baixar o tom da caminha, sinalizar à constituição e à democracia. O novo eleito deu grande destaque aos desafios econômicos. Ainda durante a noite, Paulo Guedes, que será o novo “Czar” da economia, emitiu declarações na linha do que vinha sendo sinalizado na campanha: Foco na redução do déficit fiscal, reforma da previdência, desburocratização, ampliação dos acordos comerciais, profissionalização das empresas estatais e assim por diante. De uma maneira geral, “música” aos ouv

Nuvens mantém cenário nebuloso.

O final de semana trouxe poucas novidades para o cenário externo (que já comentei aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/10/perspectiva-externa-e-posicionamento.html ). No momento em que vos escrevo, ainda não temos a abertura da apuração da votação para presidente do Brasil, tema que já foi amplamente abordado neste fórum nos últimos dias e certamente será foco nos próximos dias. Na Alemanha , as eleições em uma das regiões mais ricas e importantes do país trouxe uma nova derrota para Merkel e sua coalização. O avanço dos “Greens” trará alguma incerteza ao país e a Europa como um todo, que já passa por um momento de instabilidade, com questões como o Brexit e o orçamento na Itália . Contudo, a plataforma dos “Greens” é de maior expansão fiscal e maior integração com a Europa, que talvez não seja o que o mercado demande neste momento, mas possa ser um caminho favorável a economia real e ao crescimento. Pegando este gancho, acho importante frisar como estamos vendo, ao

Perspectiva externa e posicionamento local.

As bolsas dos EUA apresentaram ontem mais um dia de forte pressão (comentei sobre o tema aqui:  https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/10/deterioracao-dos-ativos-de-risco-se.html ), a despeito de um excelente desempenho dos ativos do Brasil. Em relação ao cenário internacional, vejo os índices de bolsa como “oversold”, ou seja, excessivamente pressionados no curto-prazo, mas vejo questões estruturais macroeconômicas e questões técnicas que não justificam uma mudança clara de tendência. Assim, poderemos ver movimentos rápidos e acentuados de recuperação de curto-prazo, mas uma mudança estrutural, de longo-prazo, desta tendência negativa irá demandar o endereçamento das principais questões que estão pressionando o cenário (comentei sobre essas questões aqui:  https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/10/algumas-coisas-mudaram.html ). Nos EUA o PIB do segundo trimestre ficou levemente acima das expectativas, com crescimento de 3,5% no trimestre em termos dessazonalizados. O destaq

Deterioração dos ativos de risco se intensifica.

Os ativos de risco voltaram a operar sob pressão, liderados pela queda dos índices futuro de bolsas dos EUA. Os resultados corporativos da Amazon e da Google, na tarde de ontem (comentados aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/10/eua-resultados-corporativos-em-foco.html ) estão sendo os grandes responsáveis por esta nova rodada viés negativo dos ativos de risco. Vale lembrar que o setor de tecnologia foi o grande responsável pela alta das bolsas dos EUA ao longo dos últimos anos. Assim, é natural supor que o arrefecimento das expectativas em torno deste setor ajuda a colocar algum teto no movimento altista, além de trazer períodos de ajuste de preços e posições, até que um novo patamar de equilíbrio seja encontrado. Me parece que estamos no meio deste ajuste. Olhando de hoje, parece difícil fazer qualquer previsão mais concreta de até onde irá este movimento. Neste pano de fundo, tenho tentado focar em alguns vetores econômicos e técnicos com o intuito de tenta ter uma

EUA: Resultados corporativos em foco.

Complementando o comentário da manhã de hoje ( https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/10/sem-boia-do-ecb.html ), dois dos grandes vetores de pressão nos ativos de risco não foram endereçados a ponto de reverter a dinâmica ruim dos mercados financeiros globais: Primeiro, o ECB manteve sua sinalização para continuidade do ciclo de normalização monetária. O discurso de membros de Fed apontam na mesma direção, mesmo após a queda recente dos índices de bolsa. Segundo, no final da tarde, os resultados de Amazon e Google não foram bem recebidos pelo mercado no “ after-market ”, com quedas expressivas de ambas as ações. A despeito de um “ bottom line ” positivo, com EPS melhores e margens maiores, os “ top lines ” foram abaixo das expectativas e os “ guidances ” foram mais baixos. Em empresas do setor de tecnologia, precificadas a múltiplos muito elevados, a continuidade de um crescimento alto é fundamental para a manutenção, ou para a justificativa, de “ valuations ” elevados. Caso

Sem boia do ECB.

A manhã está sendo agitada, então acho válido fazer uma breve atualização. O ECB – Banco Central da Europa – manteve o tom de seu discurso, ou seja, a despeito de alguns sinais de um momento mais negativo para o crescimento, continuam vendo a economia saudável e uma tendência/trajetória de aceleração da inflação. Eles mantiveram a sinalização para o fim do QE este ano e uma possível alta de juros em meados do ano que vem. Algumas pessoas esperavam bancos centrais menos duros após a deterioração nos ativos de risco nas últimas semanas. Isso, por ora, não está ocorrendo. Assim, acredito que uma das principais restrições ao bom desempenho dos ativos de risco continuará presente no mercado nos próximos dias/semanas, quiça meses e anos. Os ativos de risco até podem “rebotar” no curto-prazo, com alguns resultados corporativos menos negativos nas últimas 48 horas, mas o panorama macro continua inalterado e desafiador. Nos EUA, o Durable Goods ficou abaixo das expectativas.

"Rebound"!

Os futuros dos índices de bolsa nos EUA estão apresentando recuperação neste momento, após forte queda das bolsas da Ásia ao longo da noite. Não há motivos específicos para a alta esta manhã. O movimento me parece natural após a forte pressão sofrida nos últimos dias, o que deixou o mercado “ oversold ” no curto-prazo. Contudo, ainda acredito que seja cedo para “cantar vitória” e acreditar que este movimento negativo tenha se encerrado. É natural esperar “ rebounds ” como o desta manhã, e os ativos de risco podem até mostrar recuperação adicional e mais acentuada ao longo do dia (comentei sobre isso aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/10/algumas-coisas-mudaram.html ), mas acredito que algumas questões fundamentais precisarão ser endereçadas para reverter essa tendência mais negativa. Na Alemanha, o IFO – um dos principas indicadores de confiança de toda a Europa - apresentou queda superior as expectativas, saindo de 103,7 para 102,8 pontos. O números confirma um cenári

Algumas coisas mudaram...

Os ativos de risco tiveram uma quarta-feira de forte “risk-off”, liderados por uma queda de cerca de 3% do S&P500 nos EUA. O movimento recente, tanto em termos de magnitude da queda, quanto em relação ao atual nível do S&P500 (pegando este índice como parâmetro), nos remete ao movimento verificado em fevereiro deste ano. Não quero profetizar aqui o “apocalipse”, também não vou me atrever a afirmar que o “bull market” dos ativos de risco tenha ficado, definitivamente, para trás. Contudo, acredito que o movimento recente apresenta alguns pontos bastante diferentes daquele de fevereiro. Assim, no mínimo, precisaremos que estes pontos sejam endereçados antes deste movimento negativo chegar ao seu final. Nos atuais níveis de preço e volatilidade do mercado de renda variável nos EUA, “ rebounds ”, ou seja, altas rápidas e acentuadas, porém pontuais e localizadas, podem ocorrer, mesmo na ausência de uma mudança estrutural nos pontos que citaremos abaixo: - O processo de normaliz

Sinais mais contundentes de desaceleração lobal.

Os ativos de risco voltaram a operar sob pressão, liderados pela queda dos futuros dos índices de bolsa dos EUA. As bolsas da China apresentaram leve alta (abaixo de 0,5%), mas os demais índices da Ásia voltaram a operar em baixa. Me parece que a China está seguindo uma dinâmica própria local e os demais ativos de risco começam a reagir de maneira mais contundente a outros vetores que não somente o cenário chinês. Nesta linha, além dos demais vetores que tenho apontado neste fórum (normalização monetária global, sinais de desaceleração do crescimento global ex-EUA, ruídos na Itália, “guerra comercial”, problemas na Arábia Saudita, e etc) hoje observamos uma surpreendente queda do PMI na Área do Euro. O PMI Composite caiu de 54.1 para 52.7 pontos, muito abaixo das expectativas de 54.5 pontos. O PMI Services saiu de 54.7 para 53.3 e o PMI Manufacturing caiu de 53.2 para 52.1. O destaque da queda ficou para a Alemanha, que saiu de 55.0 para 52.7. Estes números reforçam um cenário de

Inflação no Brasil, curva de juros e externo ainda desafiador.

No Brasil, o IPCA-15 apresentou alta de 0,58% MoM e 4,53% YoY, levemente abaixo das expectativas. A inflação adjacente continua apontando para um quadro corrente de inflação baixa e benigna. Olhando à frente, as coletas diárias continuam pressionadas para cima e ainda vemos mais riscos altistas do que baixistas para a inflação nos próximos 6 a 12 meses. No curto-prazo (1 a 2 meses) existem riscos para baixo, como o preço de energia elétrica (eventual bandeira verde) e de combustíveis (queda internacional do preço do petróleo e queda do dólar). De qualquer maneira, vemos as inflações implícitas na parte intermediária da curva em torno de 4,30%. A curva de juros precifica uma Taxa Selic de cerca de 7,5% para o ano que vem, ou seja, em torno de 100bps de alta de juros em 2019. Já não há praticamente alta de juros precificada para as próximas duas reuniões do Copom. Entendo o otimismo do mercado com o potencial governo de Jair Bolsonaro, respeito o movimento, mas vejo pouco prêmi

Risk-off: Mantenham os seus cintos afivelados.

Os índices de bolsa na China voltaram a apresentar forte queda (superior a 2%), levando consigo das demais bolsas da Ásia e do resto do mundo. Os mercados, neste momento, operam com um viés clássico de risk-off , ou seja, com queda acentuada das bolsas, fechamento de taxa de juros, queda do dólar contra moedas do G10 (em especial JPY) e alta dos metais preciosos. Não há novidades relevantes   além do que já tenho comentado neste fórum (aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/10/reflexoes-do-final-de-semana-pontos.html e aqui https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/10/china-jogando-uma-boia-aos-ativos-de.html ), mas a ausência do endereçamento dessas questões é um ponto de atrito para a continuidade de um cenário global ainda desafiador. A China anunciou novas medidas de suporte a sua economia, desta vez voltada para o financiamento do setor corporativo. Segundo a Goldman Sachs: The State Council stated that, under the challenges brought on

Relatório Semanal de Asset Allocation:

Cenário Econômico: Alguns eventos recentes merecem destaque essa semana: Brasil – Política: A equipe econômica de Bolsonaro continua em uma tentativa de manter uma “agenda positiva”. A novidade da vez seria a potencial manutenção de alguns membros da equipe econômica, como Mansueto, muito bem visto pelo mercado. A mídia fala em uma agenda econômica positiva que seria apresentada nos primeiros 100 dias de governo. Acreditamos que existe realmente uma disposição de implementar uma agenda econômica que agrade ao mercado e, dado a configuração atual do Congresso, existe uma possibilidade real e concreta dessa agenda ser aprovada. Assim, o viés no que tange a esse aspecto é positivo no curto-prazo. Contudo, ainda nos chama a atenção algumas dicotomias da agenda que vem sendo apresentada s na mídia. Fala-se em cortar imposto de importação, aumentar a desoneração da folha de pagamento, dar décimo terceiro ao Bolsa Família, não mexer na previdência de militares, entre outros. As

China jogando uma boia aos ativos de risco.

O destaque da noite ficou por conta de mais uma forte alta (próxima a 4%) nas bolsas da China, após a sinalização de novas medidas de suporte ao crescimento do país. Segundo o Morgan Stanley: After China's Vice Premier and three top financial regulators (PBoC, CBIRC, and CSRC) issued statements to support the financial market last Friday, the State Council Financial Stability and Development Commission held a special meeting on Saturday to further address policy support to the healthy development of the stock market, and measures to resolve financing difficulties of smaller firms and the private sector. Key measures include a plan to support equity, bond and bank loan financing of private enterprises, and ways to mitigate the risk of share-backed loans (see Exhibit  1  for detailed measures). It is the first time since mid-2015 that stability of the stock market has been raised to such an important level for policymakers. Os demais ativos de risco abriram o domingo sobre fort

Reflexões do final de semana. Pontos negativos superam os pontos positivos.

Este é aquele momento da semana que gosto de repensar os principais temas de mercado que, na minha opinião, estão ditando o ritmo dos ativos de risco. Vamos a eles: Brasil – Política: A equipe econômica de Bolsonaro continua em uma tentativa de manter uma “agenda positiva”. A novidade da vez seria a potencial manutenção de alguns membros da equipe econômica, como Mansueto, muito bem visto pelo mercado. Além disso, a mídia fala em uma agenda econômica positiva que seria apresentada nos primeiros 100 dias de governo. Acredito que existe disposição de implementar uma agenda econômica positiva e, dado a configuração atual do Congresso, uma possibilidade real e concreta dessa agenda ser aprovada pelo Congresso. Assim, o viés nesta área é positivo no curto-prazo. Contudo, ainda me espanto com algumas dicotomias da agenda que vem sendo apresentada na mídia. Fala-se em cortar imposto de importação, aumentar a desoneração da folha de pagamento, dar décimo terceiro ao Bolsa Família, não