Estabilização do humor global a risco

A noite foi de news flow esvaziado. Estamos observando uma estabilização do humor global a risco desde ontem. As bolsas apresentam alta ao redor do mundo. O USD continua forte contra as low yields currencies, mas apresenta fraqueza contra high yields e EM, em linha com a visão apresentada neste fórum ontem. As commodities mostram recuperação, lideradas pelo petróleo, mas em um movimento ainda tímido se comparado à queda verificada ao longo dos últimos meses. Finalmente, o mercado de juros americano apresenta leve abertura de taxas, o que está ajudando a dar um bid nos yields globais.

A agenda do dia traz a PIM no Brasil, com expectativas de alta de 0.5% MoM, além do Jobless Claims nos EUA.

Continuo vendo valor na curva de juros no Brasil. Acredito que o USD pode se enfraquecer contra as high yields e EM no curto-prazo, mas se manter forte contra as low yields, salvo realizações pontuais de lucro. Vejo um movimento gradual de alta de taxas de juros na parte curta e intermediária da curva de juros nos EUA, mas que precisa ser corroborada pelos dados de emprego a serem divulgados amanhã. A estabilização do humor global a risco pode se manter por alguns dias, mas será uma função do que ocorrerá com o petróleo, Rússia e Grécia no curto-prazo. O risco geopolítico do trágico evento de ontem na França não pode ser ignorado.

Brasil – Os ativos locais vêm, em grande medida, seguindo o humor global a risco, especialmente o mercado de câmbio e a bolsa. Assim, observamos nos últimos dois dias movimentos de recuperação destas duas classes de ativos. Tomando o price-action dos mercados essa manhã, este movimento de recuperação ainda parece apresentar espaço para continuar no curto-prazo. Contudo, continuo vendo o mercado de juros como a melhor classe de ativos para se posicionar no que diz respeito a Brasil. Entendo que um movimento não desprezível de fechamento de taxas já tenha sido feito nos últimos dias, e períodos de consolidação/realização de lucros possam vir a ocorrer, mas os fundamentos, a posição técnica e os níveis ainda se mostram favoráveis a posições aplicadas.

EUA – As Minutas do FOMC não trouxeram grandes novidades em relação ao último comunicado. O Fed parece não estar com pressa em começar um processo de alta de juros no país, mas certamente pretende fazê-lo caso o cenário prospectivo continue caminhando na direção que tem seguido. O Comitê está bastante confiante com a recuperação interna da atividade econômica e do mercado de trabalho, mas existe uma preocupação crescente com o resto do mundo e suas implicações para a economia doméstica. A queda no preço do petróleo é vista como um impulso positivo para o crescimento, e deve ter impacto apenas pontual sobre a inflação, segundo o documento divulgado ontem. De qualquer maneira, os números continuam mostrando uma economia robusta, mesmo que com alguma acomodação no final de 2014. Ontem, o ADP Employment apresentou alta de 240 mil postos de trabalho e a balança comercial de novembro adicionou mais alguns bps ao PIB do 4Q.

Europa – O Factory Orders da Alemanha, divulgado hoje cedo, apresentou forte e surpreendente queda de 2.4% MoM em novembro, contra expectativas de -0.8% MoM. O indicador é bastante volátil, e vinha de uma acentuada alta no mês anterior. De qualquer maneira, o crescimento da região continua patinando, o que deve demandar uma ação mais incisiva por parte do ECB. Este ambiente tem mantido o EUR sobre forte pressão.

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