What we learned this morning?

Nas últimas horas recebemos informações importantes do cenário econômico global. Descrevo as principais delas abaixo. De maneira geral, vejo os dados divulgados essa manhã como confirmando o cenário base com o qual temos trabalhado. Leia-se, um crescimento global ainda saudável, mas em um pano de fundo de inflação contida.

Como veremos abaixo, vejo este ambiente como positivo/construtivo para os ativos de risco em geral, mas, em especial, para os ativos emergentes com os fundamentos sólidos ou em vias de recuperação.

China – Os agregados monetários de abril ficaram acima das expectativas. Os números divulgados hoje deveriam dirimir os receios do mercado em torno de uma desaceleração mais acentuada da economia do país no curto-prazo, reduzindo uma incerteza que gerou elevada volatilidade e pressão nas commodities nas últimas semanas.

Como comentei no início da semana: Vejo a desaceleração recente como, de certa forma esperada mas, principalmente, induzida pelas medidas restritivas adotadas pelo governo ao longo dos últimos meses. Este pano de fundo me dá algum conforto, dado que a desaceleração não é fruto de nenhum “evento de crédito” inesperado. Como o governo quem está administrando a desaceleração do mercado de crédito e, consequentemente, da economia, eles podem reverter o processo se concluírem que a desaceleração chegou a níveis satisfatórios. Isso não quer dizer que não existam riscos. Eles existem, são reais e precisam ser monitorados. Um erro do policy maker poderia ter consequências catastróficas para o mundo. Em um pano de fundo de crescimento global ainda saudável, estes riscos, no curto-prazo, me parecem controlados, mas não totalmente dissipados.

EUA – As vendas no varejo ficaram praticamente em linha com as expectativas, se consideradas as revisões altistas do mês anterior. O número mostra um crescimento ainda um pouco abaixo das expectativas, mas um cenário de econômica relativamente saudável.

O Core CPI apresentou alta de 0,1% MoM, levando a alta para 1,9% em relação ao mesmo período do ano passado. O número vem após uma queda de 0,1% MoM no mês anterior.

A despeito de um mercado de trabalho extremamente robusto, como mostrou o Jobless Claims ontem, uma economia próxima ao pleno emprego, ainda parece um “conundrum” a baixa reação da inflação, mostrando ainda algum espaço no hiato do produto.

A leitura é de que os números recentes devem ser vistos como positivos (“Goldilocks” / “Sweet Spot”), já que mostram um crescimento robusto e um mercado de trabalho sólido. As pressões inflacionárias são crescentes, porém ainda não excessivas. Assim, o Fed poderá dar continuidade ao seu processo de normalização monetária, porém de forma gradual e bem comunicada. Este cenário poderá ser revertido quando (e se) a inflação começar a dar sinais mais preocupantes de alta rápida e acentuada.

No atual estágio do ciclo econômico dos EUA, com a taxa de desemprego em 4,4% existe um risco crescente da inflação começar a dar sinais mais claros de aceleração. Este é um risco que precisa ser monitorado e devidamente “hedgeado” nos portfólios. A dinâmica dos ativos de risco, entretanto, tem mostrado que o mercado irá ser reativo a este cenário, e não proativo, ou seja, enquanto o crescimento estiver sólido, mas a inflação controlada, o Fed deverá manter postura gradual e, assim, manter as condições financeiras frouxas, desenvolvendo um pano de fundo positivo para os ativos de risco em geral.

Canadá – O país vem sendo foco de alguma atenção, após problemas localizados no setor imobiliário. Uma agencia de classificação de risco rebaixou o rating de 6 importantes bancos locais esta semana, o que ajudou a colocar uma pressão maior nos ativos do país.

Tenho pouca capacidade analítica sobre este tema, pelo menos por ora. Devemos acompanhar os próximos desdobramentos locais. Até o momento, o problema se mostra localizado e contido.

Brasil – A Petrobrás anunciou um forte resultado no primeiro trimestre do ano. A divulgação confirma que o atual governo está atingindo avanços extremamente positivos não apenas na agenda macroeconômica, mas também na agenda microeconômica. Vejo este como mais um sinal positivo para os fundamentos de longo-prazo do país.


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