Brasil: Sem soluções fáceis, mas com yields atrativos. Até quando?

Exceto por questões idiossincráticas que estão afetando a dinâmica de países/ativos específicos, como o caso do MXN e do ZAR hoje, o cenário externo continua relativamente estável e tranquilo.

Nos EUA, os dados de Personal Income, Personal Spending e Core PCE ficaram praticamente dentro das expectativas. O Consumer Confidence de maio apresentou leve recuo, mas se manteve em patamar historicamente robusto.

Os números confirmam as expectativas de uma aceleração do crescimento do país neste segundo trimestre do ano, e uma inflação que sobe (apenas) gradualmente para a meta estabelecida pelo Fed, de 2%. Mantido este cenário, tudo indica que o Fed poderá elevar as taxas de juros em 25bps na reunião do FOMC de junho, cenário que está praticamente precificado na curva de juros. A curva, contudo, ainda trabalha com menos de 2 altas adicionais de 25bps até o final deste ano, e menos de 4 altas de 25bps até o final de 2018. Se o cenário atual se mantiver constante, tendo a acreditar que haja espaço para um aperto das taxas de juros de maneira um pouco mais acelerada do que está.

No Brasil, na ausência de novidades relevantes, o mercado continua seguindo fluxos pontuais. Hoje o dia foi de realização de lucros na curva de juros, mas bom desempenho do BRL e do Ibovespa, em movimentos contrários aqueles apresentados ontem.

A situação do governo continua delicada. O Congresso acena com a possibilidade de continuidade das reformas, mas de maneira mais desidratada do que o previsto anteriormente. Ao que tudo indica, enquanto o cenário externo estiver tranquilo, não os problemas locais será “relevados” pelos investidores.

A curva local precifica uma queda de praticamente 100bps no Copom desta semana, uma queda adicional de 75bps na reunião seguinte e cerca de 75bps adicionais de queda divididos nas duas reuniões subsequentes.

Nossa área econômica espera um IPCA de 3,65% este ano e 4,26% em 2018. O BCB teve uma surpresa baixista em torno de 50bps na inflação do primeiro trimestre deste ano. A recuperação da economia se mostra extremamente lenta e gradual. O dólar, a despeito da alta recente, se encontra praticamente no mesmo patamar da última reunião do Copom. Assim, a despeito das incertezas políticas, o quadro cíclico da economia ainda parece favorecer a manutenção de um processo de queda da Taxa Selic. Ainda parece haver “gordura”, ou prêmio de risco excessivo na parte curta da curva local de juros.


O cenário de incerteza doméstico, contudo, demanda a busca por hedges. A inflação implícita na “barriga da curva” e estruturas de opção de alta do dólar podem fazer sentido em um portfólio ainda aplicado em juros locais. As vols implícitas nas opções de BRL já caíram bastante. Não estão baixas, ou baratas, mas a busca por hedges parece ser prudente no atual cenário.

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