Brazil: No News is Good News?

Os ativos de risco tiveram um dia de relativa estabilidade, as vésperas de um feriado nos EUA. Destaque para uma recuperação superior a 1,5% no Petróleo, após acentuada queda na quinta-feira. Reafirmo o que escrevi neste fórum sobre o tema ontem:

Não sou especialista no tema, mas ainda me parece razoável supor que o petróleo permaneça durante algum tempo em um range em torno de $45-$55 (as vezes um pouco abaixo, as vezes um pouco acima deste patamar). Se confirmado este cenário, a despeito dos sustos de volatilidade, não me parece haver efeitos econômicos relevantes e/ou impactos secundários nos ativos de risco.

Ainda nos EUA, O PIB do 1Q apresentou pequena revisão para altista e acima das expectativas do mercado. O Durable Goods Orders, contudo, ficou abaixo das expectativas e levou a mais uma revisão baixista para o PIB do 2Q. Continuo não vendo mudanças substanciais provenientes do mercado externo.

No Brasil, tivemos mais um dia de forte desempenho dos ativos locais. Eu atribuo uma grande parte do movimento recente a posição técnica do mercado. Se, antes da eclosão da crise política o mercado local estava excessivamente aplicado em juros (e levemente vendido em dólar), o que favoreceu uma onda de stops, passado o evento, o mercado se mostrou mais saudável, abrindo espaço para o bom desempenho recente, com forte alocação dos investidores estrangeiros ao mercado local.

Mas o técnico não explica a totalidade do movimento dos últimos dias. A visão de que existem saídas viáveis para a crise política, que não necessariamente sejam catastróficas para o país, também ajudaram na melhora do humor dos ativos locais.

A despeito da baderna da oposição na tentativa de obstruir a pauta do Congresso, Rodrigo Maia e Eunicio de Oliveira continuam tentando dar ares de normalidade a agenda legislativa.

A queda no preço da gasolina e do diesel, e a possibilidade de bandeira verde na energia elétrica ajudaram a ancorar a curva de juros, com a probabilidade de uma queda de 100bps no Copom da semana que vem se consolidando.

Ontem escrevi o seguinte: Eu ainda vejo valor na parte curta da curva de juros local. Gosto de ter umas opcionalidades para uma eventual catástrofe no mercado de câmbio. Existem oportunidades seletivas no mercado de renda variável. Vejo valor em posições tomadas nos juros dos países desenvolvidos nos atuais níveis.


Hoje reduzimos substancialmente, porém taticamente, as alocações nos ativos locais, mantendo apenas posições marginais. Ainda vemos uma saída para esta crise, e fundamentos relativamente saudáveis de curto-prazo. Contudo, a melhora acabou sendo muito rápida. Nada impede que novas rodadas de incerteza e volatilidade afetem os ativos locais.

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