Relatório Mensal de Asset Allocation:

O mês de abril trouxe poucas novidades relevantes para o cenário local e externo. Abaixo, fazemos uma breve análise do pano de fundo atual:

Brasil – O principal destaque do mês, assim como dos últimos meses, tem sido um cenário de forte desinflação no país. Os indicadores de inflação continuam mostrando um quadro bastante positivo para os índices de preço. A inflação corrente baixa e a retomada de credibilidade por parte do BCB estão ajudando a manter as expectativas de inflação ancoradas e abaixo da meta de inflação para este e o próximo ano. Trabalhamos com um IPCA abaixo da meta de inflação tanto para 2017 quanto para 2018. 

No tocante ao crescimento, já há alguns indícios de recuperação. A despeito dos sinais positivos, ainda somos cautelosos nesta frente, esperando uma recuperação apenas lenta e gradual do crescimento nos próximos meses. Vale destacar aqui, contudo, a recente revisão divulgada pelo IBGE para as Vendas no Varejo deste início de ano. A recente revisão promovida pela IBGE para a pesquisa das vendas no varejo mudou drasticamente a “fotografia” para o crescimento do país. Se, antes, o cenário que se desenhava era de alguma estabilização do crescimento, mas em patamares baixos e sem qualquer sinal de recuperação, agora, vê-se um ambiente em que o piso do crescimento aparentemente já ter sido feito e o país, talvez, tenha entrado em uma tendência mais clara de recuperação, mesmo que ainda lenta e gradual.

As contas públicas continuam mostrando um quadro de excessos do passado, o que torna imperativo o avanço das reformas econômicas que estão sendo propostas pelo atual governo. Em especial, a Reforma da Previdência é peça chave e fundamental para a continuidade de um processo mais estrutural de recuperação da economia.

Finalmente, no tocante as contas externas, o pano de fundo parece ser de tranquilidade. A balança comercial está se favorecendo de uma safra agrícola recorde, enquanto a conta capital mostra um crescente interesse de investimentos estrangeiros no país, especialmente na rubrica (Investimento Estrangeiro Direto). O panorama para o balanço de pagamentos do país é de tranquilidade e fluxos favoráveis.

EUA - Os indicadores de confiança (“soft data”) continuam em patamares saudáveis, condizentes com um crescimento robusto da economia. O primeiro trimestre do ano foi de crescimento mais fraco (“hard data” / PIB), mas tudo indica que o crescimento prospectivo será melhor nos próximos trimestres. Vale atentar, contudo, que nesta fase do ciclo econômico, com a maior parte dos indicadores de confiança em picos históricos, ou picos deste ciclo econômico, é natural esperar alguma acomodação (alguma volatilidade) em torno dos atuais níveis. O mercado de trabalho se mostra robusto, com a economia próxima do pleno emprego e com o hiato do produto praticamente fechado. A despeito de uma inflação mais baixa no curto-prazo, o cenário descrito anteriormente continua condizente com um processo gradual de normalização monetária (alta de juros e posterior redução do balanço do Fed).

China – Os indicadores de março (divulgados em abril) confirmaram um cenário de crescimento sólido no primeiro trimestre do ano. O governo continua atuando na direção de administrar os excessos em setores específicos, para evitar a dinâmica de bolha que costuma ser comumente verificada no país ao longo dos anos. As medidas implementadas nos últimos meses devem levar a uma desaceleração, de certa forma esperada, da economia. A China continua convivendo com riscos não desprezíveis de longo-prazo, mas tem mostrado capacidade de administrar estes problemas ao longo do tempo.

Europa – A região, das principais economias do mundo, é a que mais vem surpreendendo positivamente as expectativas em torno de recuperação de crescimento. A inflação mostra recuperação, mas o caráter transitório de alguns itens ainda impede uma conclusão mais definitiva em torno de um processo estrutural de alta da inflação na região. O primeiro turno da eleição presidencial da França transcorreu sem surpresas frente as expectativas, e com um resultado visto como positivo pelo mercado.  

Alocação/Estratégia:

Mantemos um viés positivo para o cenário econômico local e uma visão construtiva para o cenário externo. Assim, mantemos uma visão positiva para os ativos locais (bolsa, juros e câmbio). Acreditamos que faça sentido manter exposição ao que é conhecido como “Kit Brasil”, mas mantendo em mente o fato que a definição da Reforma da Previdência, agendada para o mês de maio, deverá ser determinante para a dinâmica dos ativos locais.

Entendemos que o processo de apreciação dos ativos não será linear. Momentos de incerteza certamente afetarão a volatilidade e os preços dos ativos, o que irá requerer certo “sangue frio” na estratégia de alocação.

Por ora, mantemos uma visão de que a recuperação do país e de seus ativos será um processo plurianual e não se dará em poucos meses. Ainda vemos amplo espaço para uma recuperação estrutural dos ativos do país. Neste momento, o grande risco fica por conta da Reforma da Previdência. Se o governo falhar nesta frente, o cenário poderá ser rapidamente revertido.

Fundo Icatu Vanguarda Macro Fundo de Investimento Multimercado:

Não promovemos alterações relevantes na carteira do fundo ao longo do mês.

Mantivemos posições aplicadas na curva local de juros, administrando apenas os instrumentos e seus tamanhos. Vemos um cenário extremamente positivo para a inflação, com o IPCA abaixo da meta em 2017 e em 2018. O mercado de trabalho deverá continuar em uma trajetória de deterioração nos próximos meses. A despeito de vermos um cenário de recuperação do crescimento, ela deverá ser lenta e gradual. Assim, o hiato do produto no país deverá permanecer elevado, favorecendo um processo agressivo de corte da Taxa Selic.

Mantivemos uma posição tomada nas taxas de juros dos EUA, visando a manutenção de uma tendência de abertura de taxas de juros. Trabalhamos com um cenário de recuperação do crescimento, com o mercado de trabalho no pleno emprego e um hiato do produto praticamente fechado. Neste ambiente, a inflação deve apresentar um processo gradual de elevação. Acreditamos que este pano de fundo, justifica taxas de juros mais elevadas no país.

Adicionamos uma posição tática comprada em real (vendida em dólar), utilizando uma estrutura de opção com perda limitada e alavancagem com assimetria que julgamos ser bastante positiva. Vemos um cenário de balanço de pagamentos saudável, que justifica uma taxa de câmbio mais apreciada no curto-prazo. Além disso, trabalhamos com um cenário externo construtivo, com crescimento global saudável, inflação subindo apenas gradualmente no mundo desenvolvido e condições financeiras ainda frouxas. Este ambiente costuma ser positivo para ativos emergentes.

Mantivemos uma alocação relevante comprada no mercado local de ações, através de estruturas de opção e de índice futuro.

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