Brasil: Recuperação Lenta e Gradual.

O dia foi bastante intenso para o cenário econômico local e global. Vamos aos fatos e seus potenciais desdobramentos:

Brasil – A Produção Industrial apresentou queda de 1,8% MoM e alta de 1,1% YoY, abaixo das expectativas de -1% MoM e + 2% YoY. A abertura do número mostrou um quadro qualitativo ruim. Segundo nossa área econômica:

>> A produção industrial veio abaixo do esperado (-1,8%m/m dessaz vs. BBG: -1%m/m dessaz e 1,1% a/a vs. BBG: 2%a/a). O segmento leading de ciclos, bens duráveis, apresentou queda acentuada em março (-8,5%m/m dessaz) e tem apresentado elevação no nível de estoques (segundo a FGV). O qualitativo da pesquisa foi ruim, com as categorias de uso encolhendo igual ou mais que o headline; O índice de difusão (% dos itens em alta) foi relativamente baixo (39,1%); O desempenho da produção industrial tem sido volátil (ora expandindo 8,5% anualizada na média móvel trimestral em fevereiro, ora contraindo -8,1% em março). O índice de confiança industrial tem se elevado, mas patamar ainda é condizente com a fraqueza no segmento. A elevação dos estoques em duráveis e bens de capital reforça a continuidade dessa fraqueza; Por enquanto, estamos trabalhando com um crescimento do PIB de 0,7% no primeiro trimestre de 2017 (em boa parte puxado pela expansão da agricultura e da indústria extrativa), mas há muitas fragilidades nos dados (por exemplo, o mercado de trabalho segue piorando) atrapalhando uma retomada mais substancial da economia.

De maneira geral, o número de hoje reforça um quadro de recuperação extremamente lenta e gradual da economia.

As coletas de inflação continuam mostrando um pano de fundo de inflação contida. Somados um quadro de crescimento pífio e inflação baixa, o cenário continua extremamente propício para o BCB promover uma antecipação do ciclo de queda da Taxa Selic.

No campo político, as especulações em torno da Reforma da Previdência continuam. A Comissão Especial, até o momento, não votou o texto base hoje. Existem rumores de que a votação possa ser adiada para amanhã. Além disso, a mídia segue ventilando para um potencial atraso na votação da Reforma no plenário. O rumor do momento é que o plenário da Câmara só votaria após o Senado apreciar a Reforma Trabalhista.

EUA – O FOMC manteve a política monetária inalterada na reunião de hoje, como era amplamente esperado. O comunicado após a decisão, na minha visão, acabou sendo mais hawkish do que as expectativas. O Fed sinalizou que a fraqueza recente da atividade e da inflação são transitórias e que pretende manter seu processo de normalização monetária.

O ADP Employment apresentou a criação de 177 mil postos de trabalho em abril, dentro das expectativas. O número confirma que o mercado de trabalho se apresenta robusta e próximo ao pleno emprego.

Commodities – O dia foi marcado por uma forte queda das commodities metálicas, lideradas pelo Cobre. A combinação de estoques mais elevados, sinais de que a atividade econômica da China tenha feito seu pico deste ciclo adicionadas e medidas de restrição ao crédito no país acabaram afetando o humor deste complexo e, consequentemente, da maior parte dos ativos dependentes de commodities metálicas (AUD, Mineradoras e afins).


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