Brasil: Batalha Campal!

No Brasil, os jornais do final de semana trouxeram uma onda de especulações dos bastidores do que estaria sendo negociado em Brasília. Não acho prudente entrar em detalhes de cada um dos rumores, mas segue abaixo uma manchete que resume um pouco o tom da mídia nestes últimos dias:

BASTIDORES: Acordão para manter Lula e Temer longe de Moro nasce em Brasília – Estadao 27/5
Ideia é de utilizar uma eventual eleição presidencial indireta para “anistiar” parte do mundo político e colocar o Congresso como contraponto à Lava Jato e ao Ministério Público

De concreto, Temer continua a dar sinais de que lutará para se manter no cargo, e dar continuidade a sua agenda de reformas, até a última gota de esperança. O Presidente voltou a escrever um texto na Folha de São Paulo neste domingo mantendo está postura.

Em uma direção que pode ser lida como preocupante pela sociedade e pelos mercados financeiros locais, e não estou aqui fazendo juízo do fato, mas apenas tentando entender a leitura do mercado, Temer substituiu o Ministro da Justiça. De acordo com a mídia, o Ministro anterior era visto como de pouca personalidade, incapaz de conter os avanços da Polícia Federal (PF). Os analistas políticos da grande mídia já falam abertamente na possibilidade de mudanças na cúpula da PF.

Na atual conjuntura, parece que apenas o julgamento do TSE será capaz de promover mudanças no governo. Os pedidos de impeachment dificilmente serão acatados pelo Presidente da Câmara, e a renúncia se mostra cada vez mais distante. Mesmo no TSE, o processo pode se prolongar por muito mais tempo do que o desejado.

Enquanto o Governo se concentra em manter-se no poder, os presidentes da Câmara e do Senado continuam buscando o caminho da serenidade, tentando manter a agenda legislativa em andamento. Cresce no mundo empresarial e nos mercados financeiros a leitura de que uma agenda reformista, com este ou com outro governo, é o único caminho possível para o país. Esta interpretação, de certa forma, tem ajudado a dar tranquilidade aos mercados locais.

Em suma, na minha visão, gostaria de ter uma visibilidade melhor do cenário político de curto-prazo. A despeito de continuar acreditando em uma saída possível para esta crise política, que não seja extremamente danosa ao país, as incertezas trazidas por esta guerra travada entre Legislativo vs Executivo vs Judiciário não deveria ser bem vista pelos investidores, pelo menos no curto-prazo. Os mercados locais devem continuar extremamente sensíveis ao fluxo de notícias e ao quadro técnico (vide textos anteriores).

No que diz respeito ao quadro técnico do mercado, o JPMorgan fez uma boa análise sobre o tema:

  • The flows into EM bonds and equities continued this week, little affected by either Brazil's political crisis or concerns about China's shadow banking system.
  • The Brazilian political crisis failed to deter overall flows into EM as offshore investors viewed it as buying opportunity.
  • The outstanding shares of the EWZ ETF, the biggest offshore Brazilian equity ETF, rose steeply to the previous historical highs seen at the beginning of 2013, implying that foreign investors’ cumulative buying since the beginning of 2016 has fully reversed the selling of the previous three years.
  • Data by the Bovespa exchange on net open contracts on Brazilian equity futures are also consistent with the idea that the recent equity market correction in Brazil was rather driven by domestic investors and that foreign investors acted as a cushion, instead absorbing domestic investors' selling.
  • Foreign ownership of Brazilian fixed income stands at well below its mid-2015 peak, and thus, we think it has a lot more room to increase from here relative to Brazilian equities.
  • A daily extrapolation of BRL net spec positions suggests that BRL has likely shifted from overbought to oversold territory as a result of last week’s correction.
  • Bid-offer spreads of Brazilian assets spiked sharply on May 18th, showing once again how vulnerable market liquidity is to bouts of volatility and uncertainty.
  • The flows into EM bonds and equities continued this week, little affected by either Brazil's political crisis or concerns about China's shadow banking system.


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