Brasil: Temer ganha sobrevida. Incertezas persistem.
Os
ativos de risco estão, desde ontem, apresentando sinais de estabilização do
redor do mundo (ex Brasil). A divulgação do dados econômicos robustos nos EUA ajudaram a acalmar os ânimos dos
investidores, assim como a estabilização do preço do petróleo. Ainda vejoum
cenário relativamente construtivo para o cenário econômico global. Existe um
risco, que classifiquei neste fórum como “ruído” no inicio da semana, em torno
do cenário político dos EUA. Mantenho a mesma visão. Acredito que a agenda
econômica de Trump deverá sofrer forte desgaste e atraso, mas enquanto o
crescimento estiver robusto, o mercado será capaz de ver através destes ruídos
políticos. Este ambiente soferá alteração estrutural, contudo, caso o
crescimento dê sinais de arrefecimento e/ou a inflação leve o Fed a uma postura
mais acelerada no processo de normalização monetária.
No Brasil, as gravações da delação
premiada de um dos maiores grupos empresariais do país (e do mundo) se tornaram
públicas ontem. Confesso que, referente as gravações, no tocante as acusações
ao presidente Temer, achei as gravações menos incriminadores do que a forma
como a mídia havia reportado o caso. O Governo teve uma interpretação
semelhante e irá lutar, com todas as forças, para se defender do caso.
Os
jornais de hoje afirmam que existe a possibilidade da gravação ter sido editada
e que Temer já consulta advogados para acusar o delator de estar promovendo uma
“armação” contra o presidente. Enquanto isso Meirelles afirma aos investidores
que as reformas econômicas continuam e que ele se manterá no cargo mesmo na
eventualidade de uma mudança de governo (não sei como ele pode ter esta
certeza, mas está no papel dele para acalmar os ânimos). Por outro lado, Lula
já articula em busca de eleições diretas no caso de vacância da presidência, ao
contrário do que rege a legislação, em que eleições indiretas precisam ser convocadas.
Acredito
que com as revelações públicas, o governo Temer deva ganhar alguma sobrevida. Isto
não necessariamente será positivo, pois o estrago sobre seu governo foi grande.
Os mercados locais ainda devem mostrar fragilidade, especialmente aqueles
ativos cuja posição técnica é ruim, como mercado de juros.
Reforço
que a melhor saída para o país seria uma renuncia rápida, com a eleição de um
nome de consenso nacional que mantenha a equipe econômica e as reformas
econômicas em curso (FHC? Pedro Parete? Nelson Jobim?). Contudo, Temer afastou
ontem esta possibilidade no curto-prazo.
O
cenário mais provável, agora, é que Temer lute para se manter no cargo, tente recompor
sua base e superar essa crise. As reformas já foram prejudicadas (atrasadas)
mas podem ser retomadas. O cenário de incerta não deverá ser bem visto pelo
mercado, mesmo que possamos ver alguma estabilização dos ativos ao longo do dia
de hoje devido a interpretação descrita acima.
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