Update

Até o presente momento, o final de semana prolongado está sendo irrelevante para o cenário econômico global, ou seja, não há notícias que alterem a narrativa do cenário que estamos vivendo nos últimos dias. Gostaria de chamar a atenção apenas para algumas evidências de que as posições técnicas em algumas classes de ativos já apresentaram rápida e acentuado ajuste, como observamos nas posições de EMFX pelos dados do IMM. O tamanho das posições na IMM é pequeno perto do universo global das moedas, mas é uma boa proxy para a posição no mercado de EMFX. Já observamos uma redução da ordem de 50% nas posições shorts EMFX até quinta-feira. É provável que as posições tenham se reduzido ainda mais até o final da semana:
 
Aggregate notional shorts in EM & Commodity have declined by a half from peak levels of late August.  Aggregate notional IMM shorts in AUD, NZD, CAD, MXN, RUB, and BRL peaked at -$12bn worth in the 25-Aug print, and had declined to -$5.9bn by end of the US trading day this past Tuesday (6-Oct) when the latest IMM snapshot was taken (Figure 2).  In two prior recent drawdowns of EM & Commodity shorts (10-Mar to 19-May) and (3-Sep-2013 to 1-Oct-2013), aggregate notional shorts fell nearly to zero; meanwhile in one instance from 28-Jan-14 to 14-Jul aggregate notional positioning flipped from being -$12bn short to +$10bn long.  In 3y z-score terms, MXN and RUB saw the largest short trimming (both by about 0.6 s.d) in the past week.  Net notional USD longs fell marginally to a new cycle low of $21.1bn. (From JPM)
 
Eu mantenho minha visão descrita na tarde de sexta-feira: Ainda vejo um cenário relativamente saudável nos EUA e na Europa, mas com claros sinais de arrefecimento do crescimento. A situação da China, do Japão, e dos países emergentes ainda requer atenção especial. Eu entendo que os riscos de cauda podem ter sido dissipados momentaneamente (pouso forçado na China e afins), mas não gosto de comprar um mercado que sobe/melhora com uma qualidade ruim (leia-se, refletindo ajustes de posições) em um ambiente econômico que ainda me parece extremamente desafiador em alguns países e regiões. Veremos se os dados econômicos da China, e a temporada de resultados corporativos nos EUA irão corroborar estes movimentos. Neste caso, ainda há espaço para novas rodadas positivas. O momento ainda é de deter posições táticas, respeitando os stops e moderando os tamanhos de posições. As incertezas ainda são elevadas, a volatilidade dos ativos está alta e a liquidez prejudicada.

Nesta mesma linha, gostaria de colocar aqui a visão descrita pelo analista do JPM no relatório global de Asset Allocation da instituição:

We stay with the view that the sudden drop in risk assets in August was not the start of a bear market. At the same time, the strong rebound of the last 10 days does not put us in a very bullish mood, as it comes with little fundamentals support, beyond a reduced flow of bad news. Our economists continue to trim growth numbers. Today's violent move up in industrial metals, for one, reflects only a cut in capacity by a major producer but we note is no sign of improved demand.  Our overall view is that the risk cycle is probably entering its final quarter, which promises lower returns, broad range trading and high volatility, as macro risks are rising and investors are trying to time and protect against its eventual demise. This phase requires investors to be more tactical than long-term strategic. The strategy of simply sitting on assets and expecting them to do well while ignoring volatility will probably not work well. Think in terms of low-tomid single-digit returns over the next year as a modal view. A more tactical approach is in essence a more reactive one where one uses the volatility of the market to buy assets temporarily cheap in their ranges and against fundamentals, vs. those that have become too expensive. As a first shot, we simply look for assets that are extreme in their ranges or have moved a lot over the past few quarters or years. The candidates include US equities, credit spreads, EM, oil, industrial metals, and inflation break-evens.

Brasil – Os jornais estão dando atenção especial a complicada situação em que se encontra Eduardo Cunha, assim como para a delação premiada de Fernando Baiano. Em relação a Cunha, parece que sua situação ficou extremamente delicada. O líder da Camara já perdeu apoio político e parece questão de tempo para que ele renuncie ou seja retirado de sua posição. Resta a dúvida se o próximo presidente da casa terá atuação semelhante a Cunha, ou seja, será oposição ao governo, ou se Dilma e Cia. conseguirão emplacar um líder mais pro governo, como Leonardo Picciani, nome preferido do atual governo para a vaga. Em relação a Fernando Baiano, os vazamentos de sua delação premiada mostram o potencial envolvimento de um dos filhos de Lula no escândalo do Petrolão.

De maneira geral, os últimos eventos colocam novas incertezas no cenário, o que deveria ser visto como negativo pelos mercados locais, já que mantém um ambiente incerto para a política do país.

Do ponto de vista econômico, os jornais dão como certa a necessidade de alterar, mais uma vez, a meta de fiscal para 2015. Ao que tudo indica, o governo não será capaz, nem mesmo, de cumprir o déficit, já com os devidos abatimentos, para este ano.

Em relação ao posicionamento, minha postura ainda permanece tática. Meu viés é aplicador de taxas curtas de juros quando o mercado parecer exagerar na precificação de altas de juros por parte do BCB (ainda vejo um BCB sem promover ajustes de juros e, especialmente, não vejo a necessidade de um choque de juros na atual situação econômica local). Continuo com a visão altista para o dólar, pelo menos até que vislumbre uma melhora concreta no ambiente político local e no cenário econômico global. Vejo a atual queda como cíclica. Não sei apontar até onde o movimento atual de queda do dólar pode chegar, mas vejo como um momento apenas pontual, acentuado por ajuste clássico de posições.

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