The ralyy is over? Updated.

A terça-feira foi de poucas novidades econômicas no cenário local e global, mas de uma clara mudança de dinâmica dos ativos ao redor do mundo. Ainda parece cedo para afirmar que o momento de calmaria dos mercados tenha ficado para trás. Eu reafirmo minha visão de que será necessária uma mudança estrutural clara dos fundamentos globais, seja por um melhor concreta do crescimento da China, ou seja pela equalização dos problemas nos países emergentes, para que a recuperação dos ativos de risco verifica nas últimas semanas seja sustentada por um prazo mais longo. As evidências de curto-prazo ainda não apontam nesta direção, especialmente após a surpresa negativa das importações da China divulgadas na madrugada de hoje.

A semana será carregada de indicadores de crescimento e inflação nos EUA, assim como ganha corpo a temporada de resultados corporativos nos EUA. É importante que o setor corporativo ratifique o cenário de solidez para a economia norte americana. Sinais mais concretos de que a fraqueza do crescimento global estão afetando de maneira mais acentuada a saúde do setor corporativo dos EUA não serão bem recebidos pelo mercado.

No tocante aos países emergentes, ainda não vemos avanços estruturais que venham a equacionar os problemas de curto-prazo para as principais economias emergentes ao redor do mundo. Além disso, em vários países, o risco político cresce a passos largos. No caso da Turquia, por exemplo, os atentados em Ankara no final de semana são apenas um exemplo de o quão desafiador é o cenário político para alguns desses países.

No Brasil, parece que estamos no meio de uma batalha campal entre o governo e a oposição no tocante a um possível encaminhamento de impeachment do atual governo no congresso, supostamente agendado para os próximos dias. A fragilidade política do governo gera incerteza que, por sua vez, aumenta a volatilidade dos ativos locais. Assim, o cenário externo mas, principalmente, a cena política, devem dominar a dinâmica dos ativos brasileiros nos próximos dias. Por hora, não vejo nenhum sinal de avanço nesta frente. Muito pelo contrário, o governo dá sinais de que pretende “lutar com unhas e dentes” pela manutenção do poder. Esta batalha política pode se estender por vários meses, mantendo o país política e economicamente paralisado, um cenário que não costuma ser bem recebido pelos mercados financeiros. Em suma, preparem-se para novas rodas de muita incerteza e volatilidade.


O BRL voltou a operar acima de 3,85, após um breve respiro em torno de 3,70. A curva de juros continua precificando altas em torno de 200bps na taxa Selic. A despeito de eu achar este prêmio excessivo, confesso que apenas o passar do tempo será capaz de remover o risco de um  potencial choque de juros no país. Eu continuo vendo um BCB que não pretende promover ajustes acentuados de taxas de juros, mas entendo a ansiedade do mercado em relação a esta possibilidade. O cenário político continua sendo um risco imensurável, que deve continuar afetando os ativos locais. Meu viés continua sendo altista para o dólar, e aplicador de taxas curtas de juros, mas ambos em caráter tático, pelo menos por hora. Finalmente, o mercado de renda variável teve um dia de “terror e pânico”, o que mostra o quão frágil e sensível estão os ativos locais.

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