Copom, China e EM
A quarta-feira foi de poucas novidades no front econômico, mas com alguns sinais importantes de mercado.
Desde o começo da semana, estamos observando uma nova rodada de deterioração
das moedas emergentes, em conjunto com uma queda das commodities metálicas e do
petróleo. Na minha visão, um claro sinal de que o ajuste técnico de posição e
preço nesses ativos pode ter chegado ao fim.
Na manhã de hoje, a África
do Sul anunciou revisões baixistas de crescimento, e uma piora nas suas
expectativas de déficit fiscal. Guardadas
as devidas proporções (vide abaixo), os problemas enfrentados pelos países
emergentes são estruturais e semelhantes. O resumo da história, na minha cabeça, é
que o cenário de longo-prazo mais negativo para os países emergentes só muda
com reformas estruturais e/ou com uma recuperação relevante do cenário de
crescimento (que talvez só será possível com reformas estruturais). Sem o
impulso do crescimento da China como no passado, e com EUA e Europa crescendo a
2%, esse processo de ajuste deverá levar alguns anos e não alguns meses. Neste
ambiente, podemos esperar a manutenção de uma volatilidade elevada para esta
classe de ativos e novas rodadas de pressão negativa.
Na China, o risco do
mercado de crédito parece estar voltando à tona (vide abaixo). Este é um risco
real, com potenciais efeitos negativos catastróficos, que precisa ser
monitorado no detalhe. Eu ainda vejo este risco como um “risco de cauda”, que
deve gerar volatilidade ao longo do tempo, mas que deve ser administrado pelo
governo sem efeitos colaterais mais permanentes. De qualquer maneira, deveremos
ter períodos pontuais de maior stress
em torno deste tema. O cenário segue sendo de um menor crescimento da China no
curto-prazo, com os setores da “Velha China” dando lugar aos setores da “Nova
China”. Eu vejo um cenário relativamente estável para o país, mas com riscos de
decepções no tocante ao crescimento e com momentos pontuais de maior stress em setores específicos.
No Brasil, todas as
atenções estarão voltadas para a decisão do BCB. O cenário base continua sendo
de manutenção dos juros na reunião de hoje, com um comunicado lacônico. Nossa
área econômica mostrou hoje, contudo, que os riscos para a inflação em 2016
estão se elevando, com os modelos apontando para um IPCA já bem acima do centro
da meta. Assim, caso o BCB mantenha seu compromisso com a meta de inflação, o
risco é de novas altas de juros. Acredito que abandonar a meta de 2016 seria
muito mal visto pelo mercado, especialmente no atual ambiente político e
fiscal.
S. Africa Cuts GDP Growth Forecasts, Widens Budget-Gap Targets
By Rene Vollgraaff
(Bloomberg) -- GDP growth est. for 2015
cut to 1.5% from 2%; 2016 lowered to 1.7% from 2.4%; 2017 reduced to 2.6% from
3%.
* 2015-16
budget deficit seen at 3.8% of GDP vs pvs est. of 3.9%
* 2016-17 deficit est. at 3.3% vs pvs
2.6%; 2017-18 est. at 3.2% vs pvs 2.5%, 2018-19 est. at 3%
* Gross debt to reach 49% of GDP in
2015-16; stabilize at below 50% for next 3 yrs
* Govt to release carbon tax bill for
comment this mo.
* Treasury says VAT increase remains
option, seeks advice on wealth tax; govt cautious on new taxes given weak
economy.
* Govt allocates 200m rand for
preparatory work on nuclear plants.
* National Treasury publishes
medium-term budget policy statement in Cape Town.
China Defaults Seen Rising
After Sinosteel Misses Payment
(Bloomberg) -- China bond defaults are forecast to climb after a state-owned steelmaker
missed an interest payment, raising questions about the government’s commitment
to stand behind such firms. Sinosteel
Co. failed to pay interest due Tuesday on 2 billion yuan ($315 million) of
5.3 percent notes maturing in 2017 after saying it will extend the
deadline as it plans to add a unit’s stock as collateral. That came after the National Development and
Reform Commission planned to meet noteholders and ask them not to exercise a
redemption option on Tuesday to force full repayment, people familiar with the
matter said last week.
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