Brasil: Risco político continua elevado.
O cenário político voltou a dar o tom dos mercados locais,
especialmente no mercado de renda fixa, câmbio e crédito. O mercado de renda
variável ainda sentiu os efeitos positivos de um ambiente externo mais ameno.
Pelo segundo dia consecutivo, o governo tentou convocar uma
seção conjunta do congresso para a apreciação dos vetos presidenciais de
medidas extremamente relevantes para a saúde financeira do país. Em uma clara
ação articulada da oposição, e de alguns dissidentes da base aliada, não houve quórum
na câmara dos deputados para que a seção ocorresse. Isto é uma clara derrota
para o governo, que apostou todas as suas fichas em uma reforma ministerial
que, aparentemente, está tendo pouco efeito prático. Eu até acredito que os
vetos serão mantidos, mas não deve haver dúvidas, neste momento, que o ambiente
político ainda é extremamente hostil ao governo, que ainda se mostra
fragilizado, com pouco poder de barganha e com dificuldades de reação.
Além da derrota no congresso, o STF indeferiu o pedido da AGU
para cancelar a seção do TCU que irá analisar as contas do primeiro governo de Dilma.
Já é esperado que o TCU recomende a não aprovação das contas, o que abriria um
caminho legal para a continuidade de um processo de impedimento do atual
governo.
A curva local de juros apresentou abertura em torno de 25bps a
30bps, mesmo patamar do CDS do país. O dólar apresentou leve alta, ainda
ajudado por uma melhora do humor global a risco, cenário parecido com aquele
verificado pela bolsa. Vale ressaltar que, por hora, o USDBRL conseguiu suporte
técnico nos 3,80, patamar psicológico relevante. A quarta-feira foi marcada,
também, por alguns fluxos pontuais de realizações de lucros nos mercados de bonds soberanos e corporativos (locais e
externos), em um sinal de que o movimento de recuperação pode ter ficado para
trás.
O IPCA apresentou alta de 0,54% em setembro, elevando-se 9,49%
em relação ao mesmo período do ano passado. A inflação de curto-prazo continua
preocupantemente elevada e assim deve manter-se nos próximos meses.
O cenário externo foi de poucas novidades ao longo do dia, com
os ativos de risco ainda passando por um período técnico de ajustes. Hoje,
contudo, foi o primeiro dia em que vimos sinais incipientes de fadiga do
movimento, com a queda do petróleo acenando nesta direção. Ainda parece cedo
para afirmar que o movimento de “short
squeeze” chegou ao fim, mas sem o suporte dos dados econômicos, ainda tenho
a sensação que pouca coisa mudou do ponto de vista do crescimento global, da
crise nos países emergentes e do cenário estrutural de desaceleração da China.
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