Ajustes técnicos, fluxos pontuais e rompimentos de tendências.

Os ativos de risco parecem ter aproveitado a sexta-feira para digerir a sinalização do Fed. Com o dia de hoje sendo final de mês, ajustes de posições e fluxos pontuais podem ter ajudado alguns movimentos de mercado, em especial no mercado de câmbio. O dia foi marcado por um movimento generalizado de queda do dólar no mundo. Na minha visão, foi um movimento técnico, exacerbado pelos fluxos de final de mês. O mercado global de renda variável, commodities e rates tiveram um dia sem destaques relevantes, exceto por mais uma rodada de alta no preço do petróleo.

Eu mantenho minha visão após a decisão do Fed. Espero um aumento da volatilidade dos ativos de risco. O dólar no mundo deveria ganhar algum suporte, assim como as taxas de juros nos EUA. Não vejo um cenário necessariamente negativo para as bolsas dos países desenvolvidos, mas certamente a sinalização adiciona um componente de incerteza a mais ao cenário. Os países emergentes podem voltar a ser foco de volatilidade, com os países cujo os fundamentos são mais frágeis podendo sofrer novas rodadas de pressão negativas. Gostaria de reafirmar que a possibilidade do começo de um processo de alta por parte do Fed não será inequivocamente negativo para ativos de risco, mas pode abrir uma porta para a diferenciação entre classes de ativos e regiões.

Brasil – O dia foi de agenda econômica e política esvaziadas. O dólar reverteu parte da queda verificada ontem, o que pode ser um sinal de que o movimento dos últimos dias pode ter sido ajudado por um fluxo de entrada de divisas na ptax de fechamento de mês, muito provavelmente com algum player deixando vencer posição comprada em dólar futuro. A Ata do Copom acabou sendo percebida pelo mercado como um pouco mais hawkish do que as expectativas, o que ajudou o movimento de flattening da curva de juros nos últimos dias. Eu ainda vejo pouco prêmio nos vértices mais longos, especialmente neste novo cenário externo. Vale chamar a atenção para o bom desempenho das NTNBs nos últimos dias, em especial após a decisão do Copom. As inflações implícitas seguem em níveis elevados, mas na minha visão justificáveis frente a um cenário de perda de ancora fiscal e mudança de horizonte de política monetária, o que cria riscos de cauda consideráveis para o cenário e os ativos locais.


EUA – Os dados econômicos divulgados hoje pouco alteraram o cenário apresentado pelo PIB ontem. O Chicago PMI subiu de 48.7 para 56.2 pontos, muito acima das expectativas e mostrando alguma estabilização do setor manufatureiro nesta região específica. O Michigan Confidence caiu de 92,1 para 90 pontos em outubro, abaixo das expectativas de 92,5, mas se mantendo em patamar saudável e consistente com um sólido consumo interno.

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