China: Gradual rebalancing towards services and consumption-based growth.

Os ativos de risco estão abrindo a semana em tom de certa estabilidade, sem grandes movimentações pela manhã. O dólar opera em leve queda ao redor do mundo, assim como as commodities. As bolsas da Europa apresentam pequenas altas, com um desempenho relativamente positivo dos ativos emergentes em geral. A agenda econômica nos EUA e no Brasil será esvaziada nesta segunda-feira, com o destaque permanecendo para a temporada de resultados corporativos nos EUA. Podemos citar os resultados do Morgan Stanley, Halliburton, Valeant, IBM e Steel Dynamics como destaques do dia.

O destaque da noite, contudo, ficou por conta dos dados de atividade econômica de setembro na China, que podem ser classificados como levemente mais negativos, mostrando uma economia ainda em processo de desaceleração e sem sinais concretos de estabilização. Novas medidas de suporte ao crescimento serão necessárias para frear este processo.

Por hora, prossegue um cenário de desaceleração gradual, sem sinais de “pouso forçado”, mas não há dúvidas de que a economia do país passa por uma mudança estrutural grande, em que o crescimento será mais baixo a longo-prazo. O PIB do 3Q apresentou alta de 1,8% QoQ e 6,9% YoY, levemente acima das expectativas de 6,8% YoY. O Retail Sales subiu de 10,8% YoY para 10,9% YoY, surpreendendo as expectativas de 10,8% YoY. Contudo, a Industrial Production caiu de 6,1% YoY para 5,7% YoY, muito abaixo das expectativas de 6% YoY e o Fixed Asset Investment YTD YoY saiu de 10,9% para 10,3%, também abaixo das expectativas de 10,8%. Estamos diante de um claro processo de transição da economia chinesa, aonde o setor de serviços vem ganhando força, ao mesmo tempo em que a “velha china”, ou seja, os setores voltados a exportação e investimentos, sofrem forte desaceleração. Por hora, este processo tem sido relativamente suave, mas é inegável que trará como consequência um menor crescimento estrutural da economia e uma pressão sobre todos aqueles países e ativos que sempre dependeram da demanda chinesa por investimentos pesados em infraestrutura e afins.

O final de semana foi de poucas novidades no cenário externo. As atenções estarão voltadas para os dados de atividade econômica da China em setembro, que serão divulgadas no meio da noite de hoje. Os dados serão determinantes para a dinâmica de curto-prazo dos ativos de risco. O mercado espera sinais de estabilização do crescimento do país. Caso isso ocorra, poderemos observar a continuidade dos movimentos mais positivos verificados nos últimos dias. Caso contrário, a confirmação de uma economia fragilidade pode acabar trazendo uma nova rodada de pressão a todos aqueles ativos que dependem da demanda chinesa, trazendo de volta a tona as principais tendências que foram regra ao longo de grande parte deste ano.

No Brasil, após a série de rumores em torno de uma possível saída de Levy do governo, Dilma, em visita oficial a Suécia, reafirmou seu compromisso com o Ministro da Fazenda e com sua política econômica, mesmo sobre fogo cerrado de seu próprio partido. Na Folha de hoje, até mesmo o Presidente do PT proferiu críticas ardentes ao Ministro. Minha sensação é que Levy fica, por hora, mas sua permanência tem data de validade. Lula, Rui Falcão e uma parte do PT parecem fazer um inteligente, mas perigoso jogo político em busca do apoio das massas populares e dos movimentos sociais, em mais uma tentativa de retomar popularidade perante sua histórica base de apoio.

A situação de Eduardo Cunha parece ter se tornado insustentável. Contudo, dado sua atual posição, ninguém sabe ao certo qual será sua reação diante dos últimos fatos divulgados pela mídia. Cunha ainda tem a “caneta” na Câmara. Em sua mesa, descansa o pedido de impeachment de Helio Bicudo e Reale Jr, que teria embasamento jurídico para ser levado adiante. Além disso, um novo pedido será homologado na terça-feira, de acordo com os jornais de hoje, com fatos novos que apenas reforçam o primeiro documento.

O vazamento da delação premiada de Fernando Baiano coloca importantes figuras do PT e do PMDB no olho da Operação Lava-Jato, trazendo novos desafios políticos ao governo. O país parece estar à deriva política e economicamente, até que a crise política seja equacionada. Olhando de hoje, ninguém sabe ao certo quem serão as lideranças políticas do país nos próximos 6 meses. O governo continua fragilizado, sem apoio no congresso e com enormes dificuldades em fazer o mínimo pela governabilidade e pelo ajuste das contas públicas. O impeachment parece ser uma “opção nuclear”, mas ainda distante, e permeado por incertezas. Em suma, o final de semana trouxe mais dúvidas do que conclusões.

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