Os ativos de risco tiveram um dia para digerir a sinalização
dado pelo Fed ontem, com o fluxo de notícias econômicas não alterando o cenário
econômico global, e com algumas notícias micro afetando o humor do mercado,
como mais uma rodada de reestruturação no DB, que levou a uma queda superior a
7% na ação do banco.
O mercado de moedas manteve sua trajetória recente, marcada por
uma elevada volatilidade, mas sem uma tendência clara. Por hora, os ranges
recentes estão sendo mantidos. As commodities metálicas continuam sobre
pressão, enquanto o petróleo parece passar por mais um momento de short
squeeze técnico.
A noite terá como destaque a decisão do BoJ no Japão. As
posições vendidas em JPY estão nos menores níveis de vários meses. O mercado me
parece bastante divido em torno da decisão, o que pode trazer volatilidade a
moeda e a bolsa local após a decisão. Estou sem viés para o BoJ, mas acredito
que o JPY deveria voltar a uma trajetória de depreciação puxado pelo USD.
Brasil – A
Ata do Copom trouxe poucas informações adicionais ao cenário. O BCB não fechou
a porta, por completo, para uma eventual nova alta de juros, mas sinaliza que
pretende manter os juros estáveis, pelo menos por hora. O cenário fiscal
preocupa, o que pode fazê-lo mudar de posição. O déficit fiscal primário de
setembro foi de R$7,3 bi, abaixo dos R$16 bi esperados pelo mercado. O número,
contudo, não altera em nada o cenário desafiador. O foco, agora, deve voltar-se
para 2016. Uma matéria da AE ao longo do dia afirmou que o governo ainda sonha
com a CPMF e que pode propor mudanças na previdência. Eu sou cético em relação
ao tema. A taxa de desemprego medida pela PNAD subiu de 8,6% para 8,7% em
agosto, em linha com as expectativas. Os dados da PNAD mostram um quadro menos
negativo para os rendimentos reais, mas não alteram significativamente o
cenário desafiador para o mercado de trabalho e o consumo.
O BRL foi o destaque positivo entre os seus pares, com
apreciação em torno de 1% até o momento. A posição técnica do mercado, a
possibilidade de um fluxo na ptax, assim como alguém deixando uma posição
grande comprada em dólar vencer no final do mês estão sendo usados como
argumentos para o movimento. Ainda vejo um cenário de dólar mais alto no mundo,
o que deveria ajudar a um processo de depreciação do BRL. Entendo que a
volatilidade deve permanecer elevada, especialmente com a liquidez prejudicada.
A curva de juros precifica cerca de 150bps de altas adicionais
nas próximas reuniões do Copom. A curva curta me parece bem precificada. Sem um
avanço concreto no lado fiscal, ainda espero prêmios adicionais na parte longa
da curva local de juros.
EUA – O PIB
do 3Q apresentou alta de 1,5%, em linha com o esperado. O Consumo permaneceu
robusto, com uma detração relevante dos Estoques no trimestre. O Jobless Claims
permaneceu estável em 260k, próximo aos níveis mais baixos desde a crise de
2008. Os números de hoje reforçam a mensagem emitida pelo Fed no comunicado de
ontem.
As taxas de juros norte americanas voltaram a abrir, a despeito
de um movimento mais misto do dólar no mundo. Eu esperaria movimento graduais
na direção de juros mais altos e dólar mais forte, mas entendo que este cenário
precisará ser ratificado pelos dados econômicos e por histórias específicas de
cada país e/ou região. Não vejo o cenário atual como necessariamente negativo
para os ativos de risco, mas após a melhora verificada nos últimos dias, não
podemos descartar alguma consolidação.
China – A
mídia chinesa divulgou as linhas gerais do plano quinquenal do país. As medidas
ficaram em linha com as expectativas. A medida de maior impacto, talvez mais
social do que econômico, foi a eliminação da política de 1 filho. A medida
deverá ajudar o país a navegar um novo estágio de crescimento, voltado ao
consumo, e suavizar a queda estrutural do crescimento. O impacto, contudo,
deverá ser gradual e ao longo de vários anos.
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