Global: Desaceleração pontual ou risco de recessão?

O final de semana foi de poucas novidades no front local e externo. Assim, foi um bom momento para refletir sobre o cenário de curto-prazo e a primeira reação dos ativos de risco aos fracos dados de emprego nos EUA divulgados na sexta-feira. Minha conclusão final, mas com convicção ainda baixa, é de que existe uma grande diferença entre uma desaceleração pontual e suave da economia mundial, o que parece ter sido a primeira leitura do mercado na sexta-feira, ou o começo de um processo mais longo, acentuado e perigoso de crescimento estrutural mais baixo ao redor do mundo e, em especial, nos EUA.

Com as economias de EUA e Europa ainda em trajetória de crescimento, apenas passando por um momento cíclico de desaceleração pontual, a fraqueza dos números de emprego no EUA irão adiar o processo de alta de juros nos EUA, elevando a probabilidade de medidas adicionais de política monetária em países e regiões como Europa e Japão (China, Canadá, e etc). Este cenário acabaria abrindo uma janela positiva para os ativos de risco, em especial naquelas regiões que vinham sendo as mais pressionadas até então, como os países emergentes.

Caso a desaceleração global se mostre mais acentuada e permanente, contudo, o cenário torna-se muito mais tenebroso e negativo para os ativos de risco, pela incapacidade da economia mundial em mostrar momento, e pelo baixo poder de estímulos disponíveis pelos principais bancos centrais ao redor do mundo.

Como não teremos uma resposta clara e concreta a estas perguntas no curto-prazo, a volatilidade deve permanecer elevada, e os ativos de risco devem operar dentro de algumas bandas, mas sem tendências claras. O mercado ainda me parece um mercado de posições táticas, com stops bem definidos e tamanhos moderados.

Brasil – A mídia voltou a dar atenção especial aos avanços da Lava Jato, em especial no que diz respeito às investigações no entorno do ex Presidente Lula. A semana será marcada pela decisão do TCU no tocante as contas do primeiro Governo Dilma. Tudo indica que o Tribunal irá votar pela rejeição das contas. Os jornais de hoje sinalizam, contudo, que a abertura de um processo de impeachment poderia ficar apenas para 2016, já que o calendário legislativo deste final de 2015 será apertado.

Os ativos brasileiros têm reagido positivamente aos últimos eventos no país que, de maneira geral, trouxeram alguma estabilidade política. Na teoria, a reforma ministerial deveria dar algum fôlego pontual ao atual governo. A reação dos mercados locais mostra que os investidores ainda veem o impedimento deste governo como um cenário mais incerto, e assim mais negativo, do que a continuidade de Dilma, porém com apoio fortalecido. Eu vejo o atual momento como um “equilíbrio instável” já que existem inúmeros desafios pela frente a serem superados pelo país. Contudo, nos atuais níveis de preço, e com os avanços positivos recentes, não podemos descartar que o movimento positivo de curto-prazo perdure por um tempo um pouco mais longo (dias? semanas?).

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