Brasil: News flow negativo.
Na ausência de notícias que alterem
significativamente o cenário econômico global, os ativos de risco estão abrindo
a sexta-feira em tom de maior estabilidade, após o forte movimento positivo
verificado ontem. O destaque fica por conta de uma leeve estabilização do dólar
no mundo, que apresenta leve alta esta manhã. Os mercados na Ásia tiveram um
dia positivo, na esteira do movimento observado nos EUA e na Europa na tarde de
quinta-feira.
A agenda do dia traz nos EUA a produção industrial, o JOLTs Job
Openings e o Michigan Confidence. No Brasil,
teremos IGP-10, IPC-S e IBC-Br. Podemos esperar uma inflação ainda resiliente e
novos sinais de fraqueza no tocante ao crescimento local.
O fluxo semanal para fundos dedicados
emergentes apresento a primeira semana de estabilização, após um longo processo
de saída de recursos. Segundo a
Barclays: In the week ending 14 October,
outflows from EM dedicated funds subsided as both EM dedicated equity and EM
dedicated bond funds registered small inflows. For EM bond funds, this week’s
data end a streak of 20 consecutive weeks of outflows. It remains questionable
however whether this turnaround can be sustained given the continuously
weak fundamental backdrop for EM and heightened idiosyncratic political risks
in a series of EM countries such as Turkey or Brazil.
Em Cingapura,
as exportações de setembro deram o primeiro sinal mais animador de recuperação
da demanda global. As exportações saíram de -8,4% YoY para 0,3% YoY, superando
as expectativas do mercado de -3,9% YoY e com uma alta de 2,8% MoM. Ainda
parece cedo para afirmar que o crescimento global já dá sinais consistentes de
estabilização, mas o número de hoje e certamente um aceno positivo nesta
direção.
Brasil - A situação
no país continua extremamente delicada e, na minha opinião, apresentou
deterioração adicional nos últimos dias, não apenas com o novo downgrade, que era em grande parte
esperado, mas pela piora do quadro fiscal, econômico e político. Os ativos
locais estão operando “a reboque” do humor global a risco, mas assim que está
onda mais positiva, muito ajudada por ajustes de posições, ficar para trás,
ficará evidente para os investidores a situação desafiadora que o país deve
encontrar pela frente. Meu viés em relação ao país e seus ativos continua a ser
negativo estruturalmente, a despeito de recuperações cíclicas dos ativos
locais. Minha visão será alterada caso observe uma equalização da crise
política, o que me parece cada vez mais distante.
Segundo a Folha de hoje a equipe
econômica já trabalha com um pontencial rombo de R$60b nas contas públicas para
este ano (vide abaixo). Em outro artigo do mesmo jornal, afirma-se que Lula
está trabalhando para a demissão de Levy, além de buscar consenso para uma
defesa de Cunha no Conselho de Ética da Câmara. Já no jornal Valor, o relator
da LDO de 2016 afirma que irá retirar a CPMF do orçamento de 2016, em um clar
reconhecimento de que não há apoio político ao novo imposto.
O governo Dilma avalia medidas que podem levar a um rombo nas
contas públicas superior a R$ 60 bilhões, cerca de 1% do PIB. Até agora, a promessa oficial é de que a União economize
0,10% do PIB (ou R$ 5,8 bilhões), mas já havia a expectativa de um deficit de
até R$ 20,6 bilhões. O rombo maior seria causado por uma frustração de receitas
e pelo pagamento de
todas as dívidas do governo com bancos públicos (as chamadas
pedaladas fiscais), para eliminar o risco de ser punido pelo
TCU, que reprovou o atraso nesses repasses. A opção por um deficit
maior neste ano também seguiria a estratégia de priorizar a obtenção de um
superavit (receitas maiores que despesas) no próximo
ano, já que, para 2015, praticamente não há mais chances de cumprir
a economia prometida. Caso decida propor um rombo maior neste ano, o governo assumirá
o compromisso de fazer o que for possível para cumprir o superavit de 2016 –de
0,7% do PIB.
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