Mudança de tendência?
Os ativos de risco estão mantendo a tendência positiva dos
últimos dias, liderados por mais uma rodada de forte alta no preço do petróleo
e seguidos de um movimento de dólar fraco no mundo. Os movimentos recentes
mostram que o ajuste de preços e posições ainda não chegou ao fim. Existe,
também, um crescente debate no mercado se o pior para o mundo já tenha ficado
para trás, e poderemos ter um final de ano mais positivo para a China, para os
países emergentes e, consequentemente, para os ativos de risco. Com prêmios em
vários ativos ao redor do mundo, e uma posição técnica “leve”, parecem estar
ajudando a dar ímpeto a este debate.
Eu, particularmente, estou surpreso com a velocidade e extensão
destes movimentos. Acredito que estamos no meio de um ajuste cíclico positivo,
em meio a uma piora estrutural dos fundamentos desses países e regiões. Neste
exato momento, fica difícil inferir a extensão adicional destes movimentos. Eu
ainda tenho um viés comprador de dólar, mas não estou disposto a ficar na
frente deste ajuste. Acho mais prudente esperar algum trigger, seja de fundamentos, seja de preços, para voltar a alocar
risco nesta direção.
Os dados econômicos globais ainda são, em sua maioria, negativos.
A rodada positiva dos ativos de risco se baseia na premissa de que veremos uma
estabilização da economia mundial nos próximos meses. Acho este cenário
possível, mas afirmo que ainda não há nenhum tipo de sinalização nesta direção.
Nos EUA, o Jobless Claims caiu de 276k para 263k na última
semana, se mantendo nos níveis mais baixos do pós-crise. Se, por um lado, a
economia doméstica dos EUA continua mostrando um crescimento saudável, os
setores mais dependentes do resto do mundo já dão sinais de contágio em relação
a desaceleração global que estamos vendo ocorrer em outras regiões.
Brasil – o IPC-S da última semana apresentou alta
de 0,63%, acima das expectativas de 0,50%. Com o anuncio da alta de gasolina, a
inflação deste mês já se mostra pressionada novamente, o que deve manter a
inflação em torno de 10% YoY.
A curva local de juros precifica altas superiores a 150bps nas
próximas reuniões do Copom. O FRA de 2016 está em 15,55% e o de 2017 em torno de
15,75%, com a Selic em 14,5%. Tudo indica que este BCB não trabalha com um novo
ciclo de alta de juros em seu cenário central, o que coloca a curva de juros
com algum prêmio. Contudo, caso a crise local se intensifique, ele pode ser
levado a promover ajustes pontuais para conter as expectativas de inflação. Em
suma, vejo valor na parte curta da curva, mas será um caminho longo e volátil
para que este prêmio seja consumido.
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