China em foco.

A segunda-feira foi de agenda econômica esvaziada. Gostaria de aprofundar um pouco mais o debate em relação aos dados da China divulgados ao longo da última noite. Acredito que os dados retiram, temporariamente, o “risco de cauda” de um pouso forçado por parte da economia chinesa do cenário de curto-prazo, por mostrar que a economia caminha de maneira lenta e gradual para uma estrutura mais voltada para a demanda doméstica, e menos dependente do setor externo e dos investimentos em infraestrutura. Contudo, a fraqueza das importações, da produção industrial e dos dados de investimentos reforçam a visão de que o crescimento chinês será estruturalmente menor de agora em diante. Assim, com uma mudança de perfil de crescimento, é natural esperar que a demanda da China por commodities metálicas continue mais baixa no futuro do que aquela demanda, com crescimento exponencial, apresentada no passado. Neste ambiente, desenvolve-se um cenário em que as regiões, os países e os ativos dependentes da demanda chinesa por commodities continuem a vivenciar um cenário mais desafiador. Talvez por isso, a despeito de um dia mais tranquilo para as bolsas ao redor do mundo, as commodities metálicas, as moedas dos países emergentes e as ações de setores ligados a commodities, apresentam mais uma rodada de pressão. Acredito que este cenário deve prevalecer ainda por alguns anos, com períodos cíclicos de recuperação.

Nos EUA, o NAHB Housing Market Index saiu de 61 para 64 pontos em outubro, acima das expectativas de 62 pontos e atingindo o maior patamar deste pós-crise. O número mostra sinais mais evidentes de uma recuperação do mercado imobiliário norte americano, ajudando a afastar o receio em relação a uma desaceleração mais acentuada da economia dos EUA. Contudo, não deve alterar de forma significativamente a postura do Fed em relação a sua política monetária.


O dia não trouxe grandes novidades para o cenário local. Os ativos brasileiros ainda estão digerindo as notícias do final de semana e, a grosso modo, operando com viés mais negativo. O BCB deve manter os juros estáveis na reunião do Copom desta semana, sem alterar o comunicado após sua decisão. O mercado ainda precifica quase 200bps de alta de juros na curva curta, o que parece excessivo do ponto de vista de política monetária, mas totalmente justificável frente aos riscos políticos e econômicos do cenário. Este prêmio deve ser comprimido apenas ao longo do tempo, conforme for ficando mais evidente que o BCB conseguirá realmente manter seu “plano de voo” de não mais promover altas de juros.

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