Mudança de tendência?

Os ativos de risco estão dando continuidade ao movimento positivo verificado ao longo da quarta-feira. Os sinais mais positivos de crescimento global nos últimos dias parecem estar sendo o principal motivo para esta rodada de melhora dos ativos de risco ao redor do mundo.
 
Durante a noite, o PMI da China (vide abaixo), e as exportações da Coréia do Sul, acima das expectativas do mercado a despeito de ainda bastante negativas, aliadas a manutenção dos PMI Manufacturings da Europa nos mesmos níveis de seus Flash PMI´s, foram motivos adicionais de suporte aos ativos de risco. Na minha visão, os investidores haviam ficado excessivamente negativos com as perspectivas para a economia mundial, e os últimos dias serviram para mostrar que o crescimento continua relativamente estável e saudável, a despeito de ruídos pontuais e localizados. Os mercados reagiram de acordo, comprimindo prêmios de risco excessivos que haviam sido embutidos nos preços dos ativos. Vale lembrar que uma posição técnica “leve”, ou seja, investidores pouco alocados ou até mesmo com posições negativas, acabou ajudando o movimento das últimas 48 horas. Acredito que os dados econômicos globais dos próximos dias, em especial os dados de emprego nos EUA, serão fundamentais para a dinâmica de curto-prazo dos ativos de risco.
 
No Brasil, eu destacaria a matéria de Ribamar Oliveira no Valor. Segundo o autor, um relevante ajuste fiscal está sendo efetuado, mas não pode ser anunciado de fato pela equipe econômica. Segue um trecho do artigo: A presidente Dilma Rousseff aceitou cortar fortemente, na proposta orçamentária de 2016, as verbas de vários programas sociais que lhe são caros. A dotação para o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec), uma das suas principais bandeiras na campanha da reeleição, foi reduzida em R$ 2,4 bilhões ou 60%, na comparação com o previsto para este ano. No caso do programa Ciência Sem Fronteira, o corte foi de R$ 2 bilhões ou 48,7%. A tesoura atingiu também a área da saúde, que foi deixada com o mínimo permitido pela legislação em vigor. Mas nada disso pode ser anunciado claramente pela equipe econômica, com receio de que o corte crie problemas para a presidente junto aos movimentos sociais sobre os quais o PT tem ascendência. Dilma teme, com cortes nas áreas sociais, perder o apoio dos setores que ainda lhe dão sustentação nas ruas. Mas os cortes estão ocorrendo, sem alarde. Em agosto deste ano, o gasto com o programa Minha Casa, Minha Vida sofreu redução de 31,6%, em termos reais, na comparação com o gasto realizado no mesmo mês de 2014. De janeiro a agosto deste ano, a área de saúde gastou R$ 3,2 bilhões a menos, em termos reais, do que no mesmo período do ano passado. A educação, por sua vez, perdeu R$ 4,35 bilhões, na mesma comparação. Ou seja, a tesoura está cortando as áreas sociais, no esforço da presidente de ajustar as contas da União. O governo executa, portanto, um ajuste fiscal com cortes expressivos nas áreas sociais e nos investimentos da União, que caíram 38% de janeiro a agosto, em termos reais, na comparação com igual período de 2014. Mas o faz quase que em voz baixa para não chamar a atenção e para não contrariar o partido da presidente e os seus aliados à esquerda. A decisão de não alardear o que está sendo feito, por ironia, passa ao mercado a ideia de um ajuste fiscal frouxo, sem redução das despesas e sem um compromisso forte de Dilma com o reequilíbrio das contas públicas. Ou seja, a presidente não consegue satisfazer nenhum dos lados.

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