Brasil - A crise política se agrava.
Os ativos de risco operam em tom de maior estabilidade esta manhã, com as bolsas da Europa e EUA ainda levemente pressionadas, mas com alguma recuperação no mercado de commodities. O dólar opera levemente mais fraco ao redor do mundo.
A temporada de resultados corporativos nos EUA, ainda em seu início, por hora, esta sendo pouco animadora. A despeito de resultados decentes ontem da J7J e da Intel, o resultado do JPM ficou abaixo das expectativas, com a empresa sinalizando para um quarto trimestre ainda desafiador. Na agenda de hoje, destaque para o BofA e Wells Fargo.
Na agenda econômica, o destaque ficará por conta das vendas no varejo, PPI e Beige Book nos EUA. No Brasil, também teremos as vendas no varejo do país sendo divulgadas esta manhã.
Minha postura continua sendo tática, com leve viés altista para o dólar no mundo, em especial contra EM e commodity currencies. Estou acompanhando de perto os resultados corporativos nos EUA para definir se as bolsas norte americanas irão romper os rangesrecentes para cima (em torno de 1850-2000 do S&P500), ou se voltarão a operar mais na parte de baixo desta banda.
Brasil – Acredito que estamos entrando em uma seara extremamente delicada e perigosa do ponto de vista político. O governo dá sinais de que fará tudo que estiver ao seu alcance para se manter no poder, enquanto a oposição segue trabalhando para pautar um pedido oficial, com embasamento legal, de impedimento do atual governo. Me preocupa sobremaneira a postura demonstrada ontem de Lula e Dilma. De acordo com a mídia, Dilma irá de encontro a CUT e aos movimentos sociais em busca de apoio, enquanto Lula voltou a usar de seu discurso agressivo e populista em prol do governo petista. Acredito que o artigo de hoje do Correio Braziliense resumiu bem o cenário que estamos vivendo:
A crise política que está devastando a economia vai ampliar o atoleiro no qual o país se meteu. Com o governo totalmente voltado para evitar o impeachment da presidente Dilma Rousseff e o Congresso em pé de guerra em relação ao tema, são remotas as chances de o ajuste fiscal ser aprovado neste ano. Desiludida, a equipe econômica já admite que o Brasil poderá ter três anos de deficit nas contas públicas — 2014, 2015 e 2016 —, e o rebaixamento por mais uma agência de classificação de risco — provavelmente, a Moody’s — virá mais cedo do que se imaginava. A sensação que se tem na Esplanada é de que se instalou nos gabinetes de Brasília o salve-se quem puder. Não há mais nenhuma preocupação com os rumos da economia. A prioridade, tanto no comando do Palácio do Planalto quanto no Legislativo, é garantir o mandato. O que vier depois é lucro. Para a população, no entanto, está se entrando no pior dos mundos, um tempo de incertezas que vai agravar a recessão, ampliar o desemprego, elevar a inflação e obrigar o Banco Central a manter os juros nas alturas por um prazo mais longo do que o desejado. A decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de intervir no rito do processo de impeachment de Dilma na Câmara deu ânimo ao governo, sobretudo por indicar um rumo que vai além das vontades do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha. Mas, apesar da lucidez que impôs ao caso, o STF colocou o debate sobre o afastamento da presidente da República na ordem do dia. Agora, não há mais dúvidas de que a petista pode, sim, perder o mandato. Não se trata mais apenas de um desejo da oposição ou de vingança de Cunha. Mas, que fique claro: quanto mais demorar a decisão sobre o impeachment, maior será o estrago na economia. Entre os empresários, a ordem é suspender qualquer transação que implique riscos demasiados. A justificativa é de que, qualquer que seja o desfecho, o resultado será turbulento. Mantida no Planalto, Dilma será um fantasma, não terá condições de aprovar nada que possa resultar em um ajuste efetivo das contas públicas. No máximo, conseguirá pôr em prática remendos que vão manter a desconfiança e adiar a retomada do crescimento. Caso a presidente seja afastada do poder, não se sabe quem será o sucessor, nem se ele terá força suficiente para construir apoio no Congresso e reverter o pessimismo que maltrata a economia.
China – O CPI saiu de 2% YoY para 1,6% YoY em setembro, abaixo das expectativas de 1,8% YoY. Grande parte do arrefecimento é explicado pela queda em alimentação. O PPI manteve-se no patamar de -5,9% YoY. Os números de inflação reforçam a visão de uma demanda interna fraca, incapaz de gerar pressões inflacionárias e elevando o risco deflacionário na economia. Em especial, o PPI rodando em níveis negativos a vários meses seguidos mostra uma elevada ociosidade na economia, o que mantem as expectativas de um crescimento mais baixo estruturalmente no país. A despeito dos sinais negativos, a inflação baixa abre espaço para medidas adicionais de estímulo ao crescimento.
Austrália – O anunciou de um aumento regulatório nas taxas de mortgages do país aumentou as expectativas de que o RBA prepara-se para promover u novo corte de juros nos próximos meses. Com um mercado imobiliário em ebulição, havia o risco de que os juros baixos levassem o país a uma bolha. Com ajustes regulatórios no setor, os riscos em torno do mercado imobiliário são reduzidos, ao mesmo tempo em que elevam-se as chances de uma queda adicional de juros.
Cingapura – Ao contrário das expectativas, o banco central do país promoveu apenas um pequeno ajuste em sua política monetária, feita através do sistema cambial. Como o mercado esperava uma postura mais agressiva por parte do MAS, a moeda do país aprecia mais de 1% neste momento, movimento relevante para uma moeda cujo o sistema cambial é relativamente controlado.
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