Quadro técnico ainda prevalecendo.

Na ausência de dados econômicos relevantes no Brasil e nos EUA nesta sexta-feira, os ativos de risco deram continuidade ao movimento que eu tenho considerado como um momento extremamente técnico dos mercados financeiros globais, o que tem “machucado” grande parte dos investidores locais e externos (conclusão extraída pelas evidencias anedóticas das performances dos hedge funds e dos fundos locais), com poucas exceções.

No Brasil, o BRL teve a melhor performance entre os seus pares nos últimos dias e, especialmente, hoje. Não à toa, foi a moeda emergentes de pior desempenho nos últimos meses, cuja a posição técnica se mostrava extremamente negativa (posições compradas em dólar). O argumento inverso pode ser usado para o mercado de juros, onde concentravam-se posições aplicadas, cujo o desempenho durante os últimos dias favoreceu parte da comunidade local, mas acabou sofrendo forte pressão nesta sexta-feira, provavelmente devido a algum fluxo pontual. Finalmente, no mercado de renda variável, o mês está sendo marcado por uma forte alta dos índices, puxado em grande parte por aquelas ações consideradas “patinhos feios” pelos investidores. As “queridinhas” do mercado estão apresentando desempenho muito inferior aos índices, o que está causando dor de cabeça para os fundos Long Only e Long Shorts.

Enfim, na minha visão, não há grandes alterações macro que justifiquem os movimentos recentes, mas um quadro técnico extremamente desafiador que está causando todo este movimento nos ativos de risco ao redor do mundo. Ainda vejo a equalização da crise política local como a única saída para a atual situação do país. E, nesta frente, ainda vejo poucos sinais de avanços concretos. Acredito que temos que ter a mente aberta para alterar a visão, ainda negativa, caso desenvolvam-se eventos que venham a alterar a dinâmica política e econômica.

Os mesmos movimentos ocorridos no Brasil também foram vistos nos mercados externos. Peguemos o desempenho recente das commodities e do dólar. Estas foram duas classes de ativos que sofreram forte pressão no início do ano. Não coincidentemente, foram os ativos de melhor desempenho nos últimos dias. Para que este movimento tenha continuidade, será necessário observarmos sinais concretos de estabilização da economia mundial, e da China em especial. A temporada de resultados corporativos nos EUA, que ganha corpo na semana que vem, também será determinante para a direção dos ativos de risco. Uma temporada positiva irá dar ímpeto aos movimentos recentes. A divulgação de resultados fracos e, principalmente, uma eventual rodada de guidances negativos, podem trazer uma nova nuvem de incertezas aos mercados. Ficará a impressão de que o menor crescimento global já afeta o setor corporativo americano de forma mais intensa.

Eu ainda vejo um cenário relativamente saudável nos EUA e na Europa, mas com claros sinais de arrefecimento do crescimento. A situação da China, do Japão, e dos países emergentes ainda requer atenção especial. Eu entendo que os riscos de cauda podem ter sido dissipados momentaneamente (pouso forçado na China e afins) mas não gosto de comprar um mercado que sobe/melhora com uma qualidade ruim (leia-se, refletindo ajustes de posições) em um ambiente econômico que ainda me parece extremamente desafiador em alguns países e regiões.


Veremos se os dados econômicos da China, e a temporada de resultados corporativos nos EUA irão corroborar estes movimentos. Neste caso, ainda há espaço para novas rodadas positivas. O momento ainda é de deter posições táticas, respeitando os stops e moderando os tamanhos de posições. As incertezas ainda são elevadas, a volatilidade dos ativos está alta e a liquidez prejudicada.

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