A espera do Fed.

A noite foi um pouco mais negativa para os ativos de risco, a despeito de uma manhã mais tranquila na Europa. As bolsas da Ásia tiveram uma quarta-feira de pressão, lideradas por uma queda em torno de 2% dos mercados na China, o que acabou colocando um viés negativo na dinâmica dos ativos asiáticos. Hoje pela manhã, o petróleo mostra sinais incipientes de estabilização, mas observamos uma nova rodada de pressão no complexo de commodities (metálicas e agrícolas). Na expectativa da decisão do FOMC nos EUA, o mercado de moedas opera sem tendência definida.

Na agenda do dia, o destaque absoluto ficará por conta da decisão do Fed nos EUA. As taxas locais de juros devem se manter estáveis, mas será fundamental observar a sinalização que o Comitê tentará passar através de seu comunicado. Na minha visão, a melhor estratégia seria fazer uma espécie de “marcação a mercado” do cenário econômico, assinalando a recente fraqueza do crescimento e uma leve desaceleração do mercado de trabalho, mas ainda mantendo as expectativas para um eventual começo de processo de alta de juros nos próximos 3 a 6 meses.

Na Austrália, o CPI de setembro ficou abaixo das expectativas do mercado, elevando a probabilidade de um novo corte de juros no país, mais cedo do que tarde, e colocando pressão na moeda local (AUD).

No Brasil, a mídia vem afirmando que Eduardo Cunha deverá receber um parecer técnico em que afirma que um dos pedidos de impeachment recebidos pela Câmara está dentro dos parâmetros legais para que um processo de afastamento do atual governo seja colocado em prática. Resta a dúvida, agora, de como o presidente da Casa irá agir em meio aos escândalos envolvendo seu nome.

O projeto de repatriação de recursos, agendado para ser votado em plenário da Câmara nos próximos dias, já sofreu inúmeras alterações desde que saiu das mãos do governo para o legislativo. Há sinais de que o projeto deverá ser aprovado, mas será fundamental observar o texto e a maneira que a repatriação poderá ser feita para medir a efetividade do projeto.


Finalmente, acho válido ressaltar o anúncio do déficit fiscal primário para 2015. O número de déficit de R$52 bi refere-se ao governo central. O déficit do setor público consolidado deverá atingir R$60 bi, segundo o documento. Caso o leilão de hidrelétricas, agendado para o final deste ano, não aconteça, existe a possibilidade de abatimento de cerca de R$10 bi. Além disso, caso o governo seja obrigado a pagar as “pedaladas” dos anos anteriores, que o mercado estima em torno de R$40 bi (este número não é especificado no documento), o déficit fiscal primário deste no poderia chegar a R$100 bi. Em suma, um número extremamente negativo, mas dentro daquilo que o governo ventilou ao longo das últimas semanas.

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