Momentos de reflexões.

Até o presente momento, a reação dos mercados ao fraco número de emprego nos EUA está, em grande parte, me surpreendendo, exceto pelo bom desempenho dos bonds ao redor do mundo. Pela dinâmica dos ativos de risco, os investidores estão lendo o número como mais um motivo para o Fed adiar o começo do processo de alta de juros. Por hora, a fraqueza do número não foi capaz de alterar a leitura em relação ao cenário econômico norte americano para uma direção mais negativa e preocupante por parte do mercado. Assim, estamos vendo um dólar fraco ao redor mundo, seguido de uma alta no preço das commodities e de um bom desempenho dos ativos emergentes.

Na minha visão, o mundo precisa de sinais de crescimento mais robusto ao redor do mundo para reverter definitivamente as tendências negativas. As expectativas de uma política monetária ainda expansionista ao redor do mundo, seja pelo adiamento da alta de juros pelo Fed, ou por medidas adicionais do ECB, BoJ e/ou PBoC podem ajudar a dar suporte de curto-prazo aos ativos de risco, especialmente em um quadro técnico extremamente negativo com relação a alguns países e regiões, e com prêmios de risco já expressivos em várias classes de ativos. Sem uma mudança definitiva no tocante ao crescimento global, contudo, as melhoras de mercado devem ser vistas como cíclicas, mas não estruturais.

O Brasil vive um momento distinto. A reforma ministerial, aliada a atuação do BCB e do Tesouro, e após a o anuncio da alta no preço dos combustíveis, parece estar ajudando a dar sobrevida ao atual governo. Ainda existem enormes desafios pela frente, mas a situação hoje é sem dúvida um pouco mais amena do que a poucos dias atrás. Com as mãos de Lula na reforma ministerial e na articulação política, aumenta-se a probabilidade de que algum ajuste fiscal seja aprovado, evitando uma espiral mais negativa para o país. Entretanto, a decisão do TCU e o avanço da Lava jato podem acabar atropelando o governo nas próximas semanas.


Vale lembrar que o quadro técnico do mercado ainda é muito negativo com o Brasil,  com os portfólios locais e globais UW no país, em um ambiente de prêmios de risco já relevantes, o que ajuda a promover melhoras rápidas e acentuadas dos ativos locais como as verificadas ao longo desta semana. Resta saber quando essas melhoras deixam de ser pontuais para tornarem-se mais estruturais, ou formarem o começo de uma nova tendência.

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