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O final da tarde de sexta-feira foi de forte pressão sobre os ativos brasileiros, seguindo rumores de uma eventual saída de Levy do Ministério da Fazenda. Os rumores foram posteriormente negados por notas oficiais do Ministério, mas a pressão sobre Levy continua, e sua insatisfação parece apenas aumentar com o tempo. Acredito que, por hora, Levy permanece no cargo, mas sua saída é apenas uma questão de tempo. O governo deve trabalhar nos bastidores para um substituto que, no mínimo, amenize uma eventual saída do Ministro que seria vista, inegavelmente, como negativa para o cenário econômico brasileiro, já que Levy é o grande fiador do “projeto de ajuste fiscal” que vem tentando ser implementado no país.

Naturalmente, diante de um quadro de incerteza política extrema, e deterioração econômica continua – esta semana várias casas revisaram ainda mais as expectativas de PIB para 2015 e 2016, os dados fiscais para este e para o próximo ano já parecem rodar em patamar negativo (déficit fiscais primários), e etc – os ativos locais têm "underperformado" claramente os seus pares, mesmo em uma semana de melhora do humor global a risco. Chama a atenção a depreciação do BRL em um ambiente global de apreciação das moedas EM, o fortesteepening da curva local de juros e a manutenção do CDS muito próximo a 500bps. Continuo acreditando que apenas a equalização da crise política será capaz de reverter este cenário para os ativos locais de maneira mais duradoura e estrutural.

Os jornais desta manhã estão dando destaque aos rumores em torno de Levy que, aparentemente, permanece no cargo por hora. A Operação Lava Jato está abrindo novas frentes, em especial com a nova delação premiada de Fernando Baiano, que supostamente incrimina novos e importantes políticos da base aliada e do entorno do Palácio do Planalto. Finalmente, a PF, a pedido de Gilmar Mendes, irá abrir inquérito sobre possíveis irregularidades em torno da campanha de Dilma no ano passado. Em suma, um ambiente ainda incerto e fragilizado.

No cenário externo, a semana terminou com um humor mais positivo. A temporada de resultados corporativos caminha em direção mais positiva, com muitas empresas não apenas surpreendendo positivamente as expectativas, como mantendo um discurso de relativo otimismo, especialmente em relação a demanda de China. Ainda estamos muito no início da temporada para ter conclusões concretas mais firmes mas, por hora, a temporada está ajudando a dar suporte as bolsas norte americanas. No campo econômico, o JOLTs mostrou um quadro de mercado de trabalho saudável e ainda robusto, a despeito das duas supresas negativas do Payroll, mas em linha com o Jobless Claims. O Michican Confidence voltou a subir, mostrando uma certa estabilidade em patamares elevados da confiança do consumidor, um importante pilar de sustentação para a economia dos EUA. Enfim, a economia do país parece passar por um período cíclico de menor crescimento, mas ainda sem sinais de uma desaceleração mais acentuada ou de uma nova recessão no país, o que é visto como positivo pelos mercados. 

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