Sinais de fadiga.
Após a queda no preço do petróleo
comentada neste fórum ontem, argumento utilizado como o primeiro sinal de
fadiga do movimento positivo dos ativos de risco verificado nos últimos dias, os
mercados financeiros globais, nesta manhã, dão novos sinais de que o movimento
de “short squeeze” pode estar próximo do fim, com as bolsas da Europa e EUA em
queda, as commodities mais fracas e algumas moedas apresentando leve movimento
de alta do dólar. Os dados econômicos divulgados nas últimas 12 horas também
não ajudam o cenário de crescimento econômico global.
Na agenda do dia, teremos decisão do
ECB e do BoE, Jobless Claims e Minutas do FOMC nos EUA e IPC-S no Brasil.
Na Alemanha,
as exportações de agosto apresentaram acentuada queda de 5,2% MoM, muito abaixo
das expectativas de -0,9% MoM. O número pode vir a ser uma queda exagerada e
pontual da demanda externa do país, mas vem a ser divulgado no mesmo momento em
que outros indicadores de crescimento dão sinais de fraqueza da economia, tais
como o Factory Orders, Produção Industrial, PMI´s, e etc. Ainda parece cedo
para abandonar as expectativas de um crescimento ainda saudável para o país,
mas fica cada vez mais evidente a perda de momento da economia, e a necessidade
de uma política monetária ainda expansionista por um tempo prolongado afim de
dar suporte ao crescimento de toda a Europa.
No Japão,
O Machine Orders de agosto, indicador volátil, porém um importante componente
do investimento local, apresentou queda de 5,7% MoM em agosto após queda de
3,6% no mês anterior e muito abaixo das expectativas de alta de 2,3% MoM. O Eco
Watchers Survey de setembro caiu de 49,3 para 47,5 pontos, abaixo das
expectativas de 49,0. O Japão parece viver um momento parecido com aquele
apresentado pela Europa, ou seja, a economia perde momento, com sinais cada vez
mais claros de desaceleração.
No Brasil,
o TCU impôs uma histórica derrota ao governo na noite de ontem, recomendando a
reprovação das contas do primeiro mandato do Governo Dilma. Este resultado abre
caminho legal para um pedido com bases jurídicas de impedimento do governo. Ao
que me parece, a votação para a aprovação das contas precisa ser pautada no
congresso pelo presidente do Senado, e ratificada pelos congressistas. Caso as
contas sejam rejeitadas, a governante fica inelegível, mas este resultado não
afetaria o atual mandato presidencial. A grande verdade, assim, é que este
processo deverá levar alguns meses, mantendo o cenário político ainda bastante
conturbado por um longo período de tempo.
De acordo com o Correio Braziliense,
Levy está com um pé fora do governo. A situação no PMDB está a cada dia mais
complexa. Cunha tenta isolar Picciani, que tinha se tornado o grande aliado do
governo após a reforma ministerial. Cunha, por sua vez, vê seu mandato ameaçado
pelas investigações em torno de sua participação no “Petrolão”.
Em um ambiente político frágil,
instável e indefinido, dificilmente serão aprovadas as reformas necessárias
para colocar o Brasil novamente em rota de crescimento e contas públicas
saudáveis. Assim, é natural que a volatilidade dos ativos locais permaneça
elevada e novas rodadas de pressão venham a ocorrer.
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