Sinais de um mercado mais ajustado para uma alta de juros por parte do Fed.
A economia norte americana mostrou novos sinais de recuperação,
com um mês de julho de forte alta do ISM Non-Manufacturing. O ADP Employment
mostra um mercado de trabalho em recuperação consistente. As evidencias apontam
para um setor manufatureiro frágil, provavelmente fruto da forte alta do dólar
nos últimos 12 meses. Contudo, o mercado de trabalho mostra resiliência, em um
ambiente em que o setor de serviços parece liderar o processo de recuperação do
crescimento. Com este pano de fundo, o Fed vem reforçando a mensagem de que
está cada vez mais próximo do processo de alta de juros, com a reunião do FOMC
de setembro se colocando como a próxima grande oportunidade nesta direção.
No tocante aos mercados financeiros globais, eu vejo sinais cada
vez mais claros de que o mercado já está preparado para o começo do processo de
alta de juros nos EUA, com as bolsas dos países desenvolvidos reagindo de
maneira positiva ao cenário descrito acima, e sem sinais de ruptura no mercado
de juros dos EUA, ou no mercado de moedas globais. É natural esperar uma
reprecificação da curva de juros norte americana, com o objetivo de alinhar a
alta de juros para setembro, assim como a manutenção do processo de
fortalecimento do dólar no mundo. Por hora, contudo, o Fed tem se mostrado bem
sucedido na sua comunicação em relação a continuidade do processo de
normalização monetária do país, criando ruídos pontuais (normais nesta fase do
ciclo), mas sem gerar rupturas permanentes no mercado.
Na China, caso se
confirme uma postura mais proativa e agressiva do governo no tocante a
política fiscal, poderemos observar um breve período mais positivo para os
ativos que dependem da demanda chinesa. Neste momento, a fragilidade no mercado
de commodities ainda se mostra evidente. Alguns ativos ficaram excessivamente
pressionados, em cima de um cenário negativo de crescimento do país. Assim, a
possibilidade de uma estabilização pontual e cíclica da economia, sustentada
por impulso fiscal, pode vir a dar suporte temporário a estas classes de ativo.
Ainda vejo a China como o principal risco para a economia e os mercados
financeiros globais, mas entendo que períodos cíclicos de estabilização podem
vir a acontecer.
Eu continuo com a mesma visão descrita neste fórum nas últimas
semanas. Estou favorecendo posições compradas nas bolsas da Europa e olhando
oportunidades de tomar taxas de juros nos EUA, especialmente na parte
intermediária da curva (2 a 5 anos). A posição estrutural do portfólio deve
continuar a ser uma posição comprada em dólar contra uma cesta de moedas, porém
com stops mais curtos e de tamanhos
mais moderados nos atuais níveis.
O Brasil, no entanto,
vive um momento distinto, e precisa ser olhado a parte. A venda do BRL deve ser
parte não desprezível da compra de dólar no mundo, mas os níveis atuais já não
se mostram tão triviais como a poucos meses atrás. Continuo vendo como prudente
reduzir a posição e encurtar os stops.
O Cupom cambial sinaliza para a piora do fluxo cambial para o país, assim como
uma piora de perspectivas para a economia, o mesmo que vem sendo mostrado pelo shape da curva de juros e pelo CDS
brasileiro. O mercado de juros demanda uma postura tática, já que vem mostrando
sinais consistentes de fragilidade. A Ata do Copom deverá mostrar um Comitê
disposto a manter a Selic estável no horizonte relevante de tempo, afim de
ancorar as expectativas de inflação. A curva precifica uma alta de 15bps de
juros nas próximas duas reuniões do Copom. As quedas de juros ao longo de 2016
já foram, em boa parte, tiradas da curva. Acredito que o viés tenha que ser
aplicador de taxas de juros nos atuais níveis, mas a postura neste mercado deve
permanecer tática (posições menores e stops
curtos). Nos atuais níveis, vale a pena encurtar o viés da curva. O FRA de 2016
a 13,5% não me parece de todo ruim. Ainda vejo o FRA de 2017 excessivamente
baixo vis-à-vis os FRAs de 2016 e 2018.
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