Brasil: Risco político ainda dominante.
Os dados de emprego de julho, nos EUA, ficaram dentro das
expectativas. O mercado de trabalho segue em uma trajetória de recuperação, mas
ainda sem sinais claros de pressões de salários. Salvo uma mudança radical de
cenário nas próximas semanas, a situação parece alinhada para que o Fed de
início ao processo de alta de juros já na reunião do FOMC de setembro. A curva
curta de juros precifica cerca de 60% de probabilidade deste cenário.
No Brasil, o IPCA de julho apresentou alta de 0,62% MoM e
9,56% YoY, dentro das expectativas, mas mostrando um cenário ainda desafiador
do ponto de vista inflacionário.
Os ativos locais continuam mostrando sinais claros de
fragilidade. Enquanto a incerteza política não for dissipada, qualquer recuperação
dos ativos brasileiros será vista como pontual e localizada. A sexta-feira foi
de elevada volatilidade. Enquanto o dólar teve um dia de queda, puxado pelo
movimento global e pela nova postura do BCB na rolagem dos swaps cambiais, o
mercado de juros e de renda variável mostraram extrema fragilidade. Em alguns
momentos do dia, os mercados locais mostraram pouca liquidez e
“disfuncionalidade”, o que requer uma atenção redobrada.
Como comentei ontem, acredito que o momento seja de trabalhar
com uma menor exposição a risco. Não teria posições relevantes no BRL nos
atuais níveis, trabalhando apenas com estruturas de opção que tenham alguma
alavancagem caso o movimento de depreciação da moeda continue, mas com perdas
limitadas ao prêmio. Vejo valor na curva de juros, mas a fragilidade do mercado
sinaliza para a necessidade de manter os stops curtos e a posição
pequena (não superiores a 10% do risco).
No resto do mundo, observamos um movimento de enfraquecimento do
dólar, que me parece mais técnico do que fundamental. De qualquer maneira,
acredito que seja o momento de trabalhar com posições menores nesta classe de
ativos, com parte dos stops que eu vinha propondo tendo sido atingidos.
Nos atuais níveis, concentraria a posição na venda de EUR, mas com tamanho mais
reduzido. Ainda vejo um ambiente propício a alta do dólar no mundo, mas entendo
que possamos passar por um período de consolidação. Olharia os próximos
dias/semanas para adicionar risco a esta posição caso o mercado continue seu
processo de consolidação. As vols implícitas voltaram a cair, o que pode trazer
oportunidade de alocação no mercado de opções.
Mesmo diante de sinais de uma maior proatividade do governo da
China no tocante a política monetária e fiscal, não observamos uma reação mais
consistente do mercado de commodities, especialmente no caso do petróleo e do
complexo de metais. Os sinais são de uma demanda global fraca e riscos ao
crescimento mundial (vide dados de exportações das economias abertas da Ásia,
por exemplo). Neste ambiente, observamos um movimento de fechamento de taxas de
juros nos países desenvolvidos e emergentes, exceto pelo Brasil, que vive um
momento específico. As bolsas dos países desenvolvidos me parecem passar por um
período de acomodação, com as bolsas dos EUA, em especial, ainda reagindo a
divulgação de alguns importantes resultados corporativos. Continuo vendo valor
em posições compradas em bolsas da Europa.
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