Desinflação no mundo?!
A leitura que os mercados estão dando ao cenário econômico global
me parece relativamente simples. A China,
liderando um movimento seguido de perto por outros países emergentes, passa por um processo estrutural de menor
crescimento. A despeito dos sinais mais encorajadoras das economias dos EUA e
da Europa, os números recentes passam longe de mostrar uma economia mundial
saudável e robusta. Assim, enquanto não observarmos uma aceleração do processo
de reformas nessas regiões (China, países emergentes) correremos o risco de
passar por um período mais prolongado de baixo crescimento e, eventualmente,
momentos de crises pontuais mais agudas, como estamos vivenciando no Brasil e
em alguns outros países emergentes (China, Rússia, Turquia, e etc).
A mudança no sistema cambial chinês é apenas um reflexo deste panorama, em uma
tentativa dos policy makers locais de
administra a desaceleração da maneira mais gradual possível.
Assim, observamos um movimento mais negativo nas bolsas ao redor
do mundo, seguido de uma nova rodada de fechamento de taxas de juros nos países
desenvolvidos. Especificamente hoje, observamos um movimento que me parece
técnico e pontual de correção no dólar e nas commodities. Em relação ao dólar,
predomina o argumento de que o menor crescimento mundial irá atrasar o começo
do processo de alta de juros nos EUA, o que está ajudando o movimento de queda
do dólar nesta quarta-feira.
Para tornar o cenário ainda mais deflacionário, a USDA promoveu
revisões em suas expectativas de safra para as commodities agrícolas, o que
acabou ajudando um movimento de forte queda no preço das commodities agrícolas.
Reforçando o que temos alertado neste fórum, tendo a concordar
com a leitura do mercado em relação ao cenário econômico. Vejo um ambiente
deflacionário, que tende a favorecer os bonds
ao redor do mundo, mantendo as commodities sobre pressão. Períodos pontuais de
consolidação e short squeeze devem ocorrer
ao longo do processo. Ainda acredito em uma alta estrutural do dólar no mundo e
aproveitaria movimentos como o de hoje para voltar a alocar risco nesta classe
de ativo. Entendo que o curto-prazo será mais desafiador para as bolsas ao
redor do mundo, mas vejo o ECB, em especial, pronto para atuar em uma eventual
deterioração do cenário. Assim, olharia novas rodadas de queda nas bolsas da
Europa para alocar risco de maneira mais agressiva nesta classe de ativo.
No Brasil, ainda vejo
uma crise política aguda, que apenas arrefeceu no curto-prazo. A queda de 0,4%
nas vendas no varejo de junho não alteram o cenário de recessão para o país
neste e no próximo ano. No curto-prazo, o cenário externo deve ser soberano as
questões locais. O BRL vem seguindo a correção técnica do dólar no mundo.
Acredito que o curto-prazo pode ser marcado por um período de consolidação, mas
devemos estar aptos a elevar a alocação na compra do dólar. No patamar de
3,3-3,4 irei reavaliar esta postura, enquanto mantemos posições pequenas e
concentradas em estruturas de opções com perdas limitadas. Nos atuais níveis,
mesmo após a melhora recente, vejo o cenário local e externo favorecendo
posições aplicadas em juros, mas concentraria as posições nos vértices mais
curtos (Jan17 e FRA 2016).
A mídia voltou a colocar riscos ao setor corporativo, com o
debate em torno do aumento de impostos (imposto sobre banco, JCP e etc)
voltando a pauta de discussão. Continuo não vendo motivos para otimismo no
mercado de renda variável, mas tenho dificuldades em estar vendido em bolsa
brasileira com o Ibovespa a 48 mil pontos. As oportunidades devem ser menos
direcionais e mais entre os setores.
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