Update China

China - A exata duas semanas atrás, escrevi neste fórum que, a China é (e deve continuar sendo) o principal risco a economia mundial nos próximos meses. Eu vejo um processo lento, gradual e continuo de desaceleração do crescimento do país, que será pontuado por períodos de maior volatilidade e instabilidade dos mercados locais. Acredito que estamos no meio de mais um desses períodos. Os ativos chineses devem passar por mais um período de incertezas, o que deve trazer uma maior complexidade ao cenário e as principais tendências dos mercados. Acredito que posições compradas em calls de USDCNH ou USDCNY fazem sentido como um hedge para o “Risco China”. As vols implícitas ainda estão baixas, até para os padrões históricos da moeda.

A introdução do texto continua válida. Além disso, foi reforçada pela postura do país em promover um ajuste mais significativo em sua taxa nominal de câmbio que, em termos relativos, havia apresentando uma expressiva apreciação frente aos seus pares nos últimos meses. Após o movimento de hoje, contudo, me parece fazer sentido realizar lucros em parte das posições compradas em USDCNY, especialmente via opções, já que um expressivo movimento de depreciação da moeda e alta das vols implícitas já ocorreu. De agora em diante, o movimento de depreciação deve ser mais gradual, e seguido de perto das demais moedas da Ásia emergente.

A postura da China reforça a mensagem de que o governo e o PBoC estão prontos para dar suporte a economia, mas também sinalizam para um cenário de imensa fragilidade do crescimento do país. A China começa a exportar deflação para o mundo, o que já mostra impacto relevante nos mercados de moedas e commodities, além de um certo desconforto das bolsas e do mercado de juros nos países desenvolvidos.

Os eventos recentes tendem a ser altistas para o dólar e baixistas para as taxas globais de juros. No atual cenário, não tenho grandes convicções no mercado de juros dos EUA mas, no limite, tende a ser positivo para os bonds globais. Os países emergentes (e consequentemente seus ativos) devem continuar sobre pressão de uma economia mundial que mostra imensa dificuldade em crescer a taxas mais robustas. O cenário continua claramente baixistas para as commodities. Ainda vejo um cenário positiva para as bolsas da Europa. No limite, o ECB deveria ser ainda mais agressivo para conter os efeitos deflacionários vindos da China. Mas entendo que o curto-prazo possa ser mais desafiador. Quedas adicionais nas bolsas da região devem ser vistas como oportunidades de alocação nesta classe de ativos.

Reforço minha visão de sexta-feira passada. Acredito que o momento seja de trabalhar com uma menor exposição a risco. Não teria posições relevantes no BRL nos atuais níveis, trabalhando apenas com estruturas de opção que tenham alguma alavancagem caso o movimento de depreciação da moeda continue, mas com perdas limitadas ao prêmio. Vejo valor na curva local de juros, mas a fragilidade do mercado sinaliza para a necessidade de manter os stops curtos e a posição pequena (não superiores a 10% do risco). Gosto dos vértices em torno do FRA 2016 a 14,15%. No resto do mundo, observamos um movimento de enfraquecimento do dólar nos últimos dias, que me parece mais técnica do que fundamental. De qualquer maneira, acredito que seja o momento de trabalhar com posições menores nesta classe de ativos. Ainda vejo um ambiente propício a alta do dólar no mundo, mas entendo que possamos passar por um período de consolidação. Olharia os próximos dias/semanas para adicionar risco a esta posição caso o mercado continue seu processo de consolidação. As vols implícitas voltaram a cair, o que pode trazer oportunidade de alocação no mercado de opções.

EUA - Como disse Stanley Fisher ontem, o Fed não está imune aos desenvolvimentos ao redor do mundo, e irá levar em conta o cenário globais na hora de decidir o momento oportuno para dar início a um processo de alta de juros no país. Os eventos de hoje, como bem precificou o mercado, reduzem a propensão do Fed em dar início a este processo já em setembro.

Brasil – Os ativos locais devem ficar reféns dos eventos externos no curto-prazo. Os fluxos internacionais são soberanos, em momentos como o atual, as questões domésticas. O fluxo de notícias local, na margem, foi mais positivo nesta terça-feira. O Senado, liderado por Renan Calheiros, mostra aproximação com o governo e, principalmente, com a Fazenda, o que pode dar algum alívio ao país no curto-prazo. De qualquer maneira, a Câmara, liderada por Eduardo Cunha, continua se mostrando hostil ao governo. Os protestos agendados para o dia 16 serão extremamente importantes para os próximos passos da cena política.

A primeira prévia do IGP-M apresentou modesta alta de 0,1%, abaixo das expectativas de 0,46%. Destaque para a queda no IPA Agrícola e para o IPC rodando a 0,14%.

Nesta terça-feira, o BRL seguiu o humor global de fortalecimento do dólar e alta das vols, o que acabou pressionando a curva de juros, que teve mais um dia de bear flattening. Acho que o momento seja de encurtar a duration, focando no Jan17 como padrão, mas com risco reduzido no atual cenário. Ao redor do 3,5 as posições compradas em USDBRL devem se concentrar em estruturas de opção com perdas limitadas ao prêmio.

A curva de juros precifica cerca de 40bps de alta nas próximas 3 reuniões do Copom, com menos de 100bps precificado ao longo de 2016. O Jan21/Jan17 está no high recente, a -43bps.


Não vejo argumentos para uma alta mais sustentada da bolsa local, mas tenho dificuldade em ficar vendido em bolsa no Brasil com o Ibovespa a 48 mil pontos. Mantenho um viés de neutralidade.

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