Brasil: Lula no radar da Lava-Jato.

O destaque da noite ficou por conta da decisão de política monetária na Austrália. O RBA manteve os juros estáveis, como era amplamente esperado, mas alterou sua sinalização em relação a taxa de câmbio do país, o AUD. De acordoc com o comunicado após a decisão: "The Australian dollar is adjusting to the significant declines in key commodity prices."  ao contrário do antigo texto que dizia: “"The Australian dollar has declined noticeably against a rising US dollar over the past year, though less so against a basket of currencies. Further depreciation seems both likely and necessary, particularly given the significant declines in key commodity prices." Após a decisão, o AUD sobe mais de 1,2% neste momento.

Os demais ativos de risco mostram sinais de consolidação das tendências recentes. O Dólar opera em queda ao redor do mundo, as bolsas nos países desenvolvidos apresentam pequeno recuo, com as commodities em leve alta e as taxas de juros nos EUA apresentando ligeira abertura de taxas. Acredito que os movimentos de hoje são correções técnicas em um mercado com poucas novidades relevantes no cenário.

Na agenda do dia, o destaque ficará por conta da PIM no Brasil, cujas as expectativas apontam para uma queda de -0,7% MoM e -5% YoY. Nosso viés é para um número ainda mais baixo do que este. A agenda nos EUA será esvaziada.

Brasil – O cenário político continua ditando a dinâmica dos ativos locais. O avanço da Operação Lava-Jato ontem, com a prisão de José Dirceu, aproximou ainda mais as investigações do núcleo do PT e do governo. A incerteza política tem potencial de manter os ativos brasileiros voláteis, sem uma tendência clara e sobre pressão no curto-prazo. Eu acredito que um eventual processo de impedimento de Dilma seria, no final das contas, positivo para os ativos locais. Contudo, a condução do processo tende a ser extremamente negativo para o país e para os mercados financeiros locais, principalmente devido à paralisia econômica e política que este processo tem potencial de trazer ao cenário. De acordo com o jornal Valor:

 
Por André Guilherme Vieira e Fernando Taquari | De Curitiba e São Paulo
 
O ex­presidente Luiz Inácio Lula da Silva entrou "no radar" da Operação Lava­Jato, segundo comentou uma autoridade diretamente envolvida nas investigações, logo após a prisão preventiva do ex­ministro da Casa Civil, José Dirceu, decretada pelo juiz Sergio Moro, da Justiça Federal de Curitiba, e cumprida ontem, em Brasília, durante a 17ª fase da investigação, denominada "Pixuleco". Dirceu é investigado por suspeita de corrupção e lavagem de dinheiro pelo recebimento de R$ 29 milhões em sete anos, de empresas investigadas por meio da JD Assessoria e Consultoria, segundo o Ministério Público Federal (MPF).
 
"Por enquanto são suspeitas. Ele [Lula], por ora, não é investigado. Mas ele está no radar", afirmou a autoridade ao Valor PRO, serviço em tempo real do Valor. Chama a atenção dos investigadores o fato de Lula ter recebido pagamentos a título de remuneração por palestras de empresas das quais dirigentes e executivos respondem a processo criminal por corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa a partir de recursos desviados de contratos com a Petrobras. "Ele [Lula] recebeu valores daquelas empresas investigadas. No exercício do mandato dele não há nenhum indício de que tenha recebido. Mas depois que ele saiu do cargo, recebeu aqueles valores referentes a palestras pelo Instituto [Lula], que têm de ser pensados", avalia a fonte. A empresa aberta por Lula para receber remunerações por suas palestras, a Lils palestras, Eventos e Publicidade Ltda, recebeu R$ 1,5 milhão da Camargo Corrêa em três pagamentos de R$ 337,5 mil (em 26 de setembro de 2011), R$ 815 mil (em 17 de dezembro de 2012) e R$ 375,4 mil (em 26 de julho de 2013). As informações constam de laudo pericial da Polícia Federal.
 
 "Nenhum dos delatores disse que os pagamentos recebidos por Lula foram propina. Mas os valores não deixam de ser suspeitos. Nos parece algo incompatível se considerarmos que as empresas pagavam mais de R$ 300 mil por palestra que sequer comprovação têm, e ainda com esse custo", afirma um dos responsáveis pelas investigações. Procurado, o ex­presidente ressaltou, por meio da assessoria de imprensa do instituto que leva seu nome, a legalidade das palestras ao afirmar que foram eventos públicos e que os pagamentos estão registrados e declarados à Receita Federal.
 
 "Esse boato anônimo não corresponde nem à verdade nem à declaração dada pelo procurador Carlos Fernando Lima [que atua na Lava­Jato] em entrevista ao jornal "O Globo", no dia 26 de junho, onde ele diz: 'sabemos que o ex­presidente faz palestras efetivamente'", diz a nota. Já Camargo Corrêa afirmou que "as contribuições ao Instituto Lula referem­se a apoio institucional e à Lils Ltda. ao patrocínio de palestras do ex­presidente Luiz Inácio Lula da Silva no exterior. A contribuição ao
 
Instituto Lula foi registrada equivocadamente em 2012 como 'bônus eleitoral' na contabilidade analisada pela Polícia Federal, de acordo com a empresa.

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