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Os ativos de risco tiveram uma sexta-feira de poucos destaques, em um movimento de fadiga da elevada volatilidade ao longo da semana. A grande verdade, contudo, é que salvo algumas exceções (como petróleo e commodities perto dos lows recentes e EMFX em clara tendência de depreciação) os ativos de risco se mostram dentro de algumas grandes bandas nas últimas semanas: EUR entre 1,08-1,12;Treasury 10 anos entre 2,15%-2,40%; S&P entre 2050 e 2100; Jan17 entre 13,5% e 14%; BRL entre 3,40 e 3,54; entre outros.

Brasil – O IGP-10 apresentou alta de 0,34% MoM em agosto, abaixo das expectativas de 0,49% MoM. As coletas de inflação mostram uma aceleração do processo deflacionário de in-natura, reforçando as expectativas de um IPCA mais brando nos próximos dois meses (0,2%-0,3%).

A temperatura em Brasília parece ter baixando um pouco nos últimos dias, mas com a Operação Lava-Jato em pleno andamento, este equilíbrio de curto-prazo me parece frágil e instável. Novas delações premiadas estão em andamento. Novos nomes novos nomes podem ser implicados no escândalo, e nomes antigos podem ter sua situação ainda mais comprometida. Neste meio tempo, o país encontra-se economicamente parado e sem perspectivas concreta de recuperação.

De acordo com a mídia, até o momento, o governo não tem recursos para pagar adiantado o 13º dos aposentados. O tema preocupa o Palácio do Planalto e já está sob análise dentro da Casa Civil. O governo ainda tenta encontrar uma solução até o dia 20 de agosto, quando fecha a folha de pagamento. O adiantamento, que vem sendo feito desde 2006, geralmente é pago em setembro. Segundo fontes do governo, até dia 20, se não houver um remanejamento de recursos, o 13º não será pago em setembro. Em outras palavras, o quadro fiscal continua delicado e sem nenhum sinal concreto de avanço.

A curva local de juros ainda precifica cerca de 20bps de alta de juros nas próximas reuniões do Copom, com quedas em torno de 100bps precificadas ao longo de 2016. O Jan21/Jan17 encontra-se estagnado em torno de -50bps nos últimos dias. Vejo valor na parte curta da curva, mas sem sinais de mudanças estruturais no cenário econômico e político, a parte mais longa da curva de juros ainda se mostrará resistente a quedas mais consistentes de taxa. Como podemos observar no gráfico abaixo, as taxas longas estão operando em linha com o CDS. Mesmo já acreditando que o mercado precifica a perda do grau de investimento, não vejo um cenário de melhora rápida e acentuada em meio ao cenário atual. Assim, me parece prudente manter a duration das posições aplicadas em juros mais curta no curto-prazo. Desde o anúncio da rolagem integral dos swaps cambiais, o Cupom Cambial voltou a fechar, as vols implícitas caíram e o dólar parece estar consolidando em torno de 3,4-3,5. Continuo vendo uma alta estrutural do dólar, mas acredito em uma consolidação de curto-prazo da moeda.

EUA – O PPI de julho ficou acima das expectativas do mercado. A despeito dos efeitos deflacionários provenientes da alta do dólar e da queda no preço das commodities, a inflação de serviços vem dando sinais um pouco mais animadores, o que deveria dar confiança ao Fed em dar início a um processo de alta de juros no país, mas cedo do que tarde. A produção industrial de julho apresentou alta de 0,6% MoM, acima das expectativas do mercado, mas após revisões baixistas do mês anterior.

Europa – Na minha visão, a recente acomodação do crescimento da região, aliada aos sinais deflacionários do mundo, deveriam colocar o ECB em estado de alerta. Uma política monetária extremamente expansionista ainda me parece necessária. Não podemos descartar medidas adicionais nesta direção. Assim, ainda vejo uma tendência estrutural de queda do EUR, alta das bolsas da região e bom desempenho dos bonds soberanos e corporativos.


China – Acredito que novas medidas de suporte ao crescimento serão necessárias para estabilizar a economia. Devemos esperar medidas nesta direção nos próximos dias. A velocidade deste processo, assim como a agressividade do governo será fundamental para medirmos se será capaz de estabilizar o crescimento e o price-action dos ativos dependentes da demanda chinesa.

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