Países emergentes em risco.

O cenário continua se mostrando extremamente desafiador para os países emergentes. Os dados nos EUA mostram uma economia saudável, com as vendas no varejo de julho, divulgadas hoje, assim como o Jobless Claims da última semana, reforçando este cenário. Neste ambiente, o Fed deveria manter o seu plano de voo e dar início a um processo de alta gradual de juros ainda este ano.

Na China, não há sinais concretos de estabilização do crescimento, enquanto vários países emergentes apresentam problemas econômicos e políticos graves. Na Turquia, a moeda (TRY) atingiu uma nova mínima histórica contra o dólar, após as negociações políticas internas falharem, empurrando o país para eleições antecipadas.

Para piorar ainda mais a situação, as commodities seguem pressionadas, o que reduz os termos de troca, a arrecadação e o crescimento de vários países exportadores de commodities. O petróleo caiu mais 2,5% hoje.

Como tenho repetido diversas vezes nas últimas semanas, a despeito dos sinais mais encorajadoras das economias dos EUA e da Europa, os números recentes passam longe de mostrar uma economia mundial saudável e robusta. Assim, enquanto não observarmos uma aceleração do processo de reformas nessas regiões (China, países emergentes) correremos o risco de passar por um período mais prolongado de baixo crescimento e, eventualmente, momentos de crises pontuais mais agudas, como estamos vivenciando no Brasil e em alguns outros países emergentes (China, Rússia, Turquia, e etc). A mudança no sistema cambial chinês é apenas um reflexo deste panorama, em uma tentativa dos policy makers locais de administrar a desaceleração da maneira mais gradual possível.

Como era de se esperar, o Brasil não passa imune neste cenário. A situação política local ainda é frágil, em um ambiente econômico extremamente desafiador. Nos últimos dias, o governo foi capaz de se aproximar do Senado, além de ter ganhado tempo para as explicações das contas do primeiro mandato junto ao TCU. As coletas de inflação mostraram um arrefecimento de preços, o que pode trazer um IPCA mais brando (0,2%-0,3%) nos próximos dois meses. Contudo, não há nenhum motivo para otimismo. A Operação Lava Jato entrou em uma nova fase e continua se aproximando do PT, PMDB e do núcleo que comandou o país nos últimos anos. A situação ainda é extremamente delicada e incerta, o que deve impedir uma recuperação mais acentuada e consistente dos ativos locais.

O momento ainda me parece oportuno para manter posições menores do que no passado recente Eu continuo vendo o dólar como o principal beneficiário deste ambiente local e global. Assim, uma posição comprada em dólar contra uma cesta de moedas me parece a melhor maneira de navegar este ambiente. Contudo, nos atuais níveis, temos que ser mais flexíveis na administração dos instrumentos e do tamanho das posições. As commodities devem continuar pressionadas, exceto por correções técnicas pontuais. Tenho pouca convicção no mercado de juros globais (G10 e EM) devido às incertezas e sinais contraditórios trazidos por China e EUA. Mantenho um viés otimista com relação as bolsas da Europa.


No Brasil, vejo valor na parte curta da curva de juros, mas entendo que não deveremos ver juros consistentemente mais baixos no curto-prazo (2 a 4 meses). Assim, me parece prudente adotar uma postura mais tática. No BRL, em torno de 3,5, as posições em dólar devem se reduzir a estruturas de opções com perdas limitadas ao prêmio. Contudo, com o mercado aparentemente mais leve na compra do dólar, as quedas do dólar vão ter uma tendência a serem passageiras e pouco acentuadas.

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