Brasil: Instabilidade Politica
A noite foi de pouca movimentação dos mercados e de agenda econômica esvaziada. A quarta-feira, contudo, irá trazer uma agenda relevante para os ativos de risco, com destaque para o ADP Employment nos EUA, o último indicador antecedente antes dos dados oficiais de emprego a serem divulgados na sexta-feira. Além disso, teremos a divulgação do ISM Non-Manufacturing. Os dados recentes apontam para uma revisão do PIB do 2Q dos EUA para um nível mais próximo de 3% do que dos 2,3% da primeira divulgação. O mercado de trabalho mostra avanços consistentes e concretos nos últimos meses, enquanto a inflação ainda encontra-se baixa, porém sem sinais adicionais de arrefecimento. Neste ambiente, membros do Fed tem reforçado o discurso em prol do começo de um processo lento, gradual e bem comunicado de alta de juros já na reunião do FOMC de setembro.
No Brasil, o quadro político ainda se mostra instável e incerto, o que demanda atenção. O Congresso retorna do recesso com um governo ainda mais enfraquecido pelo Operação Lava-Jato, em um pano de fundo em que o Presidente da Câmara promete não dar vida fácil a Dilma e Cia. Assim, os desenvolvimentos dos próximos dias serão fundamentais para medirmos qual a real temperatura que se encontra na cena política local. De acordo com a Folha:
Deputados da base ignoram orientação de partidos e rejeitam adiar análise de projeto que equipara salários da AGU e de delegados aos do Judiciário
Estimativa é de gasto extra de R$ 2 bi; governo ganha tempo em medida que altera a correção do FGTS
DE BRASÍLIA
O governo sofreu nova derrota na Câmara dos Deputados nesta terça-feira (4), e o primeiro item da chamada "pauta-bomba" do Congresso Nacional deverá ser votado nesta quarta (5).
Trata-se da PEC 443, que equipara salários da AGU (Advocacia-Geral da União) e de delegados aos do Judiciário. A proposta, que cria custo extra para a União, Estados e municípios, também tem de ir ao Senado.
Esse e outros projetos têm sido tratados como "pauta-bomba" porque podem elevar o gasto público ou aprofundar a crise econômica.
O Executivo havia fechado acordo com o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e com líderes aliados para adiar as discussões para o fim deste mês.
Na hora da votação individual sobre a proposta de adiamento, no entanto, vários deputados da base governista votaram contra a orientação de seus partidos.
Diante da derrota, Cunha voltou a se reunir com os líderes e propôs adiar as discussões para esta quarta.
Rompido com o PT, ele quer dar caráter coletivo à eventual ação contra Dilma
Peemedebista acertou a exclusão do PT de postos de comando das CPIs do BNDES e dos fundos de pensão
RANIER BRAGONANDRÉIA SADIAGUIRRE TALENTODE BRASÍLIA
Rompido com o Planalto, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), discutiu nos últimos dias com a oposição e parte da base governista uma forma de fazer avançar um pedido de impeachment contra Dilma Rousseff na Casa.
A ideia é dar à ação um caráter coletivo, reduzindo o risco político que ele teria caso tomasse de forma solitária uma decisão desse porte.
Pela lei, cabe a Cunha definir se os pedidos de impeachment apresentados –foram 12, até agora, no segundo mandato– têm fundamento para prosseguir ou devem ser arquivados sumariamente. O peemedebista sinalizava a intenção de autorizar a tramitação dos mais bem elaborados.
Em jantar na noite de segunda (3), Cunha discutiu outra possibilidade com seus aliados. No novo cenário, ele rejeitaria dar sequência aos pedidos, mas algum deputado aliado recorreria de sua decisão ao plenário, o que é permitido pelo regimento interno da Câmara. Com isso, a decisão seria tomada pela maioria simples dos presentes.
São dois os objetivos manifestados nos bastidores: minimizar os riscos políticos de Cunha e constranger os aliados fiéis a Dilma a assumir perante a sociedade, no voto, uma eventual recusa a dar seguimento a um processo contra a petista.
Caso essa votação decida pelo seguimento do pedido, é criada uma comissão especial que emite parecer a ser apreciado pelo plenário. O processo contra Dilma só é aberto ""e ela afastada"" com o apoio mínimo de dois terços dos deputados (342 de 513).
Cunha negou ter discutido o assunto. "Alguém pode fazer um ou outro comentário, cada um tem o direito de opinar ou falar o que quiser, mas da minha parte eu desminto que tive qualquer discussão acerca disso. Isso é uma coisa muito séria para ser tratada de uma forma jocosa como está sendo colocada."
Sob a condição de anonimato, quatro deputados que participaram do jantar confirmaram a informação à Folha. O encontro promovido pelo presidente da Câmara ocorreu após jantar oferecido por Dilma a seus aliados. Foi uma reunião totalmente anti-Planalto, apesar de contar com a presença de líderes governistas.
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