[Update] EM: Dinâmica de crise.
Nos EUA, o Empire
Manufacturing caiu de 3,86 para -14,92 pontos em agosto, muito abaixo das
expectativas de 4,5. O número apresentou um qualitativo tão ruim quanto o headline. Contudo, o NAHB Housing Market
Index subiu de 60 para 61 pontos no mesmo mês de agosto, mostrando um mercado
imobiliário bastante saudável. Assim, temos a continuidade de um cenário em que
a economia doméstica dos EUA mostra sinais encorajadores, enquanto os setores
mais dependentes da demanda global e, consequentemente do dólar, apresentam uma
preocupante fragilidade, em linha com os sinais capturados do resto do mundo.
A surpresa negativa no Empire Manufacturing ajudou a dar um
alívio, na minha visão pontual, a alguns pares de moeda, ajudados por mais um
dia de forte fechamento de taxas de juros nos países desenvolvidos. Neste
cenário, as bolsas dos EUA e Europa tiveram um dia mais positivo, a despeito da
pressão continua sobre os ativos emergentes (bolsas, juros, moedas e crédito).
O foco nos países emergentes deve continuar no curto-prazo. A
moeda da Turquia (TRY) atingiu uma nova mínima história hoje, depreciando mais
de 1%. As moedas da Ásia mostram uma preocupante fragilidade (MYR, TWD, KRW e
etc), enquanto a China ainda luta para evitar uma desaceleração adicional de
seu crescimento.
Eu continuo bastante preocupado com o cenário e a dinâmica para
os países emergentes, como reforcei
neste fórum hoje pela manhã. Ainda não vejo os vetores necessários para que o
cenário deterioração destes países (e seus ativos) seja definitivamente freada.
Ainda tenho a sensação de que estamos no meio deste processo e novas rodadas de
deterioração serão necessárias para trazer um balanceamento ao mercado. Vejo
posições compradas em dólar contra uma cesta de moedas como a melhor maneira de
navegar este ambiente. Encurtaria os stops
das posições compradas em bolsa da Europa, devido aos riscos provenientes da
China e dos demais emergentes. Não tenho convicções para o mercado de juros nos
países desenvolvidos no atual momento. Mesmo acreditando na possibilidade de
alta de juros pelo Fed já em setembro, as pressões deflacionárias no mundo se
acumulam a cada novo dia.
No Brasil, o
relatório Focus, do BCB, mostrou revisões altistas para a inflação e baixistas
para o crescimento. Nossa Área Econômica continua apontando para os riscos de
um PIB inferior a -2,5% este ano e -0,7% em 2016. Em relação a IPCA, deveremos
ter um número acima de 9% este ano e acima de 5,5% em 2016.
Após uma breve tentativa de recuperação, os ativos locais
voltaram a mostrar fraqueza ao longo da tarde. Continuamos operando em bandas
relativamente estreitas (Jan 17 entre 13,5% e 14%, BRL entre 3,45-3,55), com
volatilidade elevada e sem um direcional claro de curto-prazo, exceto pelas mínimas
recentes atingidas pelo Ibovespa a cada dia que passa.
Como eu vejo o equilíbrio político de curto-prazo como pontual e
instável, sem nenhuma recuperação do quadro econômico, acredito que seja
prudente concentrar as posições aplicadas em juros até o Jan17. Tenho
dificuldades em alongar a duration no
atual cenário. A curva local continua “stepando”, desta vez em um movimento de bear steepening, com o Jan21/Jan17
chegando ao patamar de -35bps (após atingir cerca de -140bps poucas semanas
atrás), o que me parece fazer sentido na atual conjuntura.
O dólar segue se consolidando no patamar de 3,4-3,5. Tenho a
impressão de que o dólar esteja apenas se preparando para mais uma rodada de
alta (enfraquecimento do BRL). A melhor estratégia me parece ser manter
posições via estruturas de opção, com delta comprado em USDBRL, mas com perdas
limitadas ao prêmio.
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