Mercado começa a digerir a nova política cambial na China.

A agenda do dia será um pouco mais relevante com as vendas no varejo de julho, assim como o Jobless Claims da última semana, nos EUA, ambos indicadores relevantes para a função de reação do Fed no tocante a política monetária do país. No Brasil, destaque para o IBC-Br, onde se espera mais um  mês de contração da economia.

A China fixou o CNY com mais 1,1% de deprecião, em linha com o movimento do spot. Em uma coletiva de imprensa do PBoC, eles continuaram negando que pretendem promover uma desvalorização mais acentuada da moeda.

De qualquer maneira, os ativos de risco já parecem ter digerido o novo sistema cambial chinês e começam a retornar a normalidade após o anuncio do começo desta semana, ou seja, as tendências que vem predominando nos mercados financeiros globais ao longo dos últimos meses dão sinais de resurgimento, leia-se, fortalecimento do dólar, queda no preço das commodities, abertura de taxas de juros nos EUA e alta das bolsas.

Como tenho enfatizado neste fórum ao longo da semana, tendo a concordar com a leitura do mercado em relação ao cenário econômico atual. Vejo um ambiente deflacionário, que tende a favorecer os bonds ao redor do mundo, mantendo as commodities sobre pressão. Períodos pontuais de consolidação e short squeeze devem ocorrer ao longo do processo. Ainda acredito em uma alta estrutural do dólar no mundo e aproveitaria movimentos como o de hoje (ontem) para voltar a alocar risco nesta classe de ativo. Entendo que o curto-prazo será mais desafiador para as bolsas ao redor do mundo, mas vejo o ECB, em especial, pronto para atuar em uma eventual deterioração do cenário. Assim, olharia novas rodadas de queda nas bolsas da Europa para alocar risco de maneira mais agressiva nesta classe de ativo.


No Brasil, o fluxo de notícias apresenta-se um pouco mais favorável no curto-prazo, mas ainda longe de solucionar, definitivamente, os problemas políticos e econômicos, estruturais, do país. O Senado apresenta-se como um pilar de apoio ao Governo, a mudança de nota de crédito pela Moody´s, com a manutenção de um viés neutro, dá mais algum tempo ao país antes da perda do Grau de Investimento, e a o TCU adiou, mais uma vez, a data para uma defesa do Governo Dilma em relação às contas de seu primeiro mandato, empurrando com a barriga uma decisão fundamental para a governabilidade deste mandato presidencial. Em suma, os problemas ainda existe e os riscos ainda são elevadosmas, no curto-prazo, o cenário externo, aliado a posicionamento técnico do mercado, parecem que irão ditar o rumo dos ativos locais. Eu vejo um mercado tecnicamente “leve”, com posições reduzidas. A industria local de fundos já não parece excessivamente comprada em dólar, e acabou sendo prejudicada pelo movimento das taxas de juros na semana passada, o que causou um choque de VaR, levando a maioria a reduzir posições substancialmente. Assim, a tendência é observarmos um mercado mais tático e volátil, com as convicções abaladas e pouca propensão a tomar risco. Eu continuo vendo valor na parte mais curta da curva local de juros, mas manteria a disciplina no tamanho e nos stops. Ainda acredito em um período de consolidação do BRL nos atuais níveis de 3,4-3,5, mantendo apenas posições com delta comprada via estruturas de opção com perda limitada ao prêmio.

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