Brasil: Governo conquista sobrevida.

Os ativos de risco estão abrindo a sexta-feira em tom de consolidação, sem grandes destaques ou movimentações. De qualquer maneira, o Petróleo WTI opera em queda, já abaixo de US$42, com os ativos emergentes ainda aparentando sinais inequívocos de fragilidade. O TRY (-0,5%) e o ZAR (-0,2%) dão continuidade ao processo de depreciação, seguidos por uma nova rodada de abertura de taxas de juros e queda nas bolsas desses países.

A agenda do dia será traz nos EUA, PPI, Produção Industrial e Michigan Confidence. No Brasil o destaque fica por conta do IGP-10.

Brasil - Em artigo no Valor, Claudia Safatle comenta a sobrevida conquistada pelo governo nos últimos dias:

Um acordo instável no Senado, a bem­sucedida pressão sobre o Tribunal de Contas da União (TCU) para adiar a votação das contas do governo de 2014, a provável recondução de Rodrigo Janot à Procuradoria­Geral da República e a esperança de remover o deputado Eduardo Cunha (PMDBRJ) da presidência da Câmara deram oxigênio à presidente Dilma Rousseff. Experientes parlamentares contaram e recontaram os votos contrários a um eventual processo de "impeachment" da presidente e estão certos de que há mais de 200 votos em defesa do seu mandato. Somados aqui e subtraídos ali, é forte a convicção desses parlamentares de que o risco de impedimento está, por ora, sepultado. Falta, para compor o quadro de sobrevida do governo, uma manifestação de apoio do setor privado ao ministro da Fazenda, Joaquim Levy, que virá hoje de um encontro na Câmara de Comércio Americana (Amcham).

Já em entrevista ao mesmo jornal, Eduardo Cunha fala da dificuldade em dar prosseguimento a um processo de impedimento do atual governo:

Em entrevista exclusiva ao Valor PRO, serviço de notícias em tempo real do Valor, o deputado demonstrou serenidade na análise dessa questão cuja tramitação detalhou, tecnicamente. Sua opinião, já manifestada anteriormente, permanece: o processo não pode considerar a interrupção de um mandato por irregularidades praticadas no mandato anterior. "Será muito difícil levar adiante o processo de impeachment". Cunha destacou que o impeachment deve ser tratado de forma técnica, não pode ser visto com um "recurso eleitoral" ou um instrumento para retirar do poder um governo impopular. "Não se viu até agora nenhum comportamento meu imaturo em relação a isso", disse. Segundo Cunha, sua decisão de pedir aos autores dos 12 pedidos de impeachment que tramitam para corrigirem os requerimentos teve como objetivo evitar que sucessivos recursos fossem apresentados em caso de arquivamento. Ele contou que já rejeitou quatro pedidos que não atenderam às exigências regimentais, e agora avaliará a fundamentação jurídica dos demais. "Vou estudar [os pareceres sobre impeachment] com muita calma e muita cautela e só com base técnica." O presidente da Câmara considerou negativa a expectativa criada na sociedade de que é possível "arrancar" um presidente que não está bem. "Pode gerar uma frustração, é preciso ter cautela. Eu nunca fui adepto de incendiar." Menos ansioso do que no início do mandato em que precisava demonstrar seu estilo tocador e provar que votaria mesmo os projetos, como prometera, retirando a Câmara da paralisia, Eduardo Cunha mostra­se sereno ao analisar a atual tentativa de isolá­lo através do acordo de Renan Calheiros, presidente do Senado, com o governo Dilma, cujos termos diz não conhecer. Explica que colocou em votação, desde o dia em que chegou, o pacote do ajuste fiscal, e não há como prescindir da Câmara em um sistema bicameral, por mais que queiram.

Europa – O PIB da Área do Euro apresentou alta de 0,3% QoQ e 1,2% YoY no 2Q. O CPI de julho caiu 0,6% MoM e subiu 0,2% YoY. Em relação ao PIB, a abertura mostrou leve surpresa negativa em quase todos os principais países da região. Os números de hoje mostram uma economia saudável, porém com crescimento ainda frágil e uma inflação perigosamente baixa. Os últimos eventos ao redor do mundo, em especial a forte queda no preço das commodities internacionais aliada a depreciação da moeda da China, na minha visão, elevam as chances de que o ECB tenha que ser ainda mais agressivo em sua política monetária, seja estendendo o QE ou tornando-o mais agressivo em relação ao ritmo de compras mensais de ativos.


China – A situação no país me parece, aos poucos estar se estabilizando. O CNY teve um dia de menor volatilidade, com um fixing mais baixo, enquanto as bolsas do país tiveram um dia de alta. Contudo, vejo um cenário de crescimento ainda desafiador, e apenas um equilíbrio instável dos mercados financeiros locais, ainda em muito sustentado por medidas de suporte por parte do governo. Assim, o cenário ainda deve trazer novas rodadas de volatilidade elevada no país, e períodos de maior incerteza com relação a economia e os mercados financeiros chineses.

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